Paz infantil

O asfalto era tatame E os carros de papel
Gente não era de carne
Era de palha e de céu

VERSOS TRANSPARENTES

(e ainda não revisados)

VERSOS DESVAIRADOS

As vezes tropeço o passo de cabra são. Caio e meu dedão dói e minha cachola sangra.
É engraçado isso do minuto pro outro…

A Grande Revelação Precedente

(Ou: O Preço da Verdade)

AUTORRETRATO

Muita coisa me aflige
muita coisa me renova
surgem, à frente, esfinges
e, logo após, supernova
Ciclicamente lampeja
o sentido desta…

Soneto Cristão

Cristo lá estava plenamente presente
Em todos seres e em tudo o que havia
Mas era o pastor fascista, quem, todo dia
Respondia com…

ESTRELA MORTA

As palavras são balas perdidas
Tiros tontos, míopes, tapados
Batidas de martelo de fazer prego dobrar
O passo do ébrio embriagado…

UM POEMA DESSES QUE A GENTE SE DEIXA LEVAR

Ela disse ter sonhado comigo
E me dei conta, para além
Do cogito, ergo sum
Que sou…

SONETO DA IRRECONHECÍVEL

(um exercício dodecassílabo)

DA CORRIQUEIRA SINGULARIDADE

Era um exemplar único
Inédito no mundo inteiro
Primeiro e último e verdadeiro
– Mas tão à esmos! –
O fato é…

ARQUIVOS DESPEDAÇADOS

Era uma casinha num pedaço de chão
Pedaço de chão justamente ocupado
Mais por ali um pezinho de açafrão
Acolá um…

NA CALADA DA NOITE

A sinfonia do pouco
Do baixinho e do contido
Ao pianíssimo louco
Na noite do pé do ouvido

FRENTES E VERSOS

viver poeta é jogar
um jogo ambíguo
com a gravidade
estar constantemente
caindo para cima
e inquestionavelmente
preso aqui…

Buá!

A razão é uma represa
Deveras conveniente
Concretismo de defesa
Guardador d’água demente
Em toda liquidez de dor e de delícia
Verso e reverso que dá…

dor e delícia do louco que dorme

tinha pesadelos toda noite
abstratos de um açoite
macabros de vasto delírio
mas entre um e outro o…