De onde viemos, quem somos e onde queremos chegar
Aqui no Diário do Centro do Caos
transmito as ondas de dentro de casa
a quem interesse esse frágil sinal
Há ainda vida na
cidade fantasma
O fragmento acima é retirado do poema “Diário do Centro do Caos”, escrito por mim, David Diogo Haddad, fundador do Cidade Fantasma, em 08.02.2017.
Naquele momento, o estado do Espírito Santo (ES/27) enfrentava uma greve generalizada da Polícia Militar, o que obrigava as pessoas a permanecerem dentro de suas casas enquanto, nas ruas, imperava o caos.
Três anos depois, em 2020, a história se repete. Desta vez, não pela ausência de segurança nas ruas capixabas, mas sim pelo cenário distópico trazido pelo vírus Covid-19, que obriga as pessoas a ficarem presas dentro de suas casas, quarentenadas, prezando pela própria sobrevivência.
O Cidade Fantasma, portanto, é fruto da criatividade nascida no ócio. Dizem que as grandes ideias surgem nesses momentos.
Mas afinal, qual é a ideia?
Criar um espaço onde a arte ainda faça sentido. Onde se converse além do óbvio. Onde o subjetivo seja o modus operandi. Onde a gente espere mais de nós do que a simples busca pela continuidade. Queremos viver, não apenas sobreviver, mesmo que em tempos caóticos.
Essa Cidade, ainda que em silêncio, dará voz aos críticos e seus artigos cortantes, aos poetas e suas poesias tocantes, aos escritores e seus contos macabros, aos artistas e suas histórias marcantes. Seremos resistência ao ordinário, inimigos do trivial.
E onde isso vai parar?
O plano é não parar. Crescermos. Irmos das redes às ruas, formarmos um movimento, termos um lugar na mesa e o que oferecer para aqueles que tem sede de arte. Só o tempo dirá se tivemos sucesso, mas todo artista é um sonhador e, bom, sonhar nunca fez mal a ninguém.
Fica o convite para acendermos, juntos, as luzes dessa Cidade , embora em silêncio, ainda transmite sinais de dentro de suas casas e apartamentos. Há vida na Cidade Fantasma.