O mercado de hospedagens para animais de estimação — Parte II : Análise de concorrência das opções de hospedagens para animais domésticos

Clave de Fá
clavedefa.co
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6 min readOct 6, 2017

Nesta seção apresentamos mais detalhadamente os resultados relacionados a pesquisa de concorrência que fizemos para a PetRoomie. Mudamos os nomes das pessoas que participaram das discussões, mas preferimos deixar o relatório muito próximo do original, alterando apenas os tempos verbais. O tempo passou… mas tem muita coisa interessante. Boa leitura!

CUIDADOS GERAIS COM OS ANIMAIS

Photo by Mel Elías on Unsplash.com

Cuidados em relação à alimentação.

Os animais são considerados filhos por muitos de seus donos e, por isso, levar em conta as necessidades e dores dos bichinhos é o mais relevante quando se pensa no mercado pet. Os participantes da pesquisa de experiência do usuário da Clave de Fá apresentaram uma preocupação bastante grande com a alimentação dos animais. Todos dão rações e três deles — Peter, Maryjane e Neema — optavam pelo tipo super premium, que teria mais nutrientes e vitaminas. Neste caso a preocupação é com a saúde do animal, na medida em que outros tipos de ração conteria mais sódio, entre outros ingredientes que podem afetar os rins dos gatos. Assim como Reign, eles também incluem comida preparada em casa na alimentação dos animais. Vale destacar que há uma desconfiança com a qualidade das rações, o que levava a percepção de que a necessidade de substituí-la por comida feita em casa era maior. Durante a discussão foi citado que a Royal Canin não seria uma boa opção para gatos pois estaria causando cálculo renal neles. A ND e Hills foram consideradas boas opções.

Cuidados especiais

A água é uma preocupação, para evitar contaminação com vermes. Assim, Maryjane colocava florais na água para evitar os vermes e purificá-la. Tornar os animais ativos para que pratiquem exercícios também foi mencionado. Neema, por ser veterinária e especialista em terapia floral e reikiana, foi aquela que afirmou ter mais cuidados além da alimentação, disse que fazia Reiki e dava florais para seus bichinhos[1] e fazia checkup uma vez por ano.

PERCEPÇÕES SOBRE AS OPÇÕES DE HOSPEDAGEM DE ANIMAIS

Assim que os participantes foram questionados sobre com quem costumam deixar seus animais quando precisam viajar, Maryjane explicou que encontrou Peter na discussão por acaso, mas já se conheciam, pois têm um grupo de quatro amigos em comum que se organizavam para cuidar dos animais uns dos outros, quando alguém precisava se ausentar.

Eles não são vizinhos, mas se deslocam para cuidar dos animais dos amigos quando estes estão ausentes, o que mostra que a contratação de pet sitters de outros bairros não seria uma preocupação. Peter e Nairu viam neste método uma grande vantagem: saber que quem irá cuidar do animal entende que os gatos demandam cuidados especiais e estão dispostos tratá-los bem, pois todos são gateiros.

Para os gateiros um problema provocado pela ausência do dono é o fato de os gatos engordarem. Não souberam explicar o que causaria este fenômeno, mas acreditam que possa ser causado pela saudade que o animal possa sentir ou ainda por ficarem menos ativos. Maryjane também mencionou que isso pode ocorrer porque os amigos ou parentes deixam “alimento à vontade”, modificando a dieta do gato.

Amigos e parentes

Quando questionados sobre as vantagens de chamar amigos ou parentes para cuidarem dos gatos, disseram que a principal é a confiança. Maryjane retomou a importância de o cuidador[2] entender de gatos, na medida em que são animais mais “temperamentais”. Assim, acredita que aqueles que têm gatos entendem melhor as demandas dos bichanos. Neema ressaltou que é importante saber se a pessoa que cuidaria do animal entende de medicamentos (caso precise administrá-los).

Neste sentido, a ideia de confiança está associada à necessidade de ter conhecimento sobre as características de cada animal. Um cuidador confiável só precisa ser próximo ou conhecido porque assim o dono terá certeza de que ele saberá como agir com o seu pet. Vale destacar que os donos de animais acreditam que seus bichinhos são únicos, logo, suas características, demandas e necessidades seriam únicas também, o que geraria a obrigação de um conhecimento infinito por parte do cuidador.

A desvantagem em pedir aos amigos e parentes para cuidarem dos gatos é “ser sempre um favor ou dívida”. Se percebido como um favor, não gera a obrigação de o amigo ou parente ter cuidados ou atenção especial com o animal, levando a uma espécie de cuidado descuidado ou descomprometido. Logo, não se trataria de uma “troca”.

Hotéis

No caso dos cachorros, Reign disse que os leva consigo em viagens e Neema destacou que são animais que se adaptam melhor às mudanças e por isso podem acompanhar seus donos com mais frequência. Para eles os hotéis foram considerados opções aceitáveis.

Segundo Neema os hotéis do Rio são pouco confiáveis, pois seriam apenas canis nos quais os cachorros ficariam presos ou espaços nos quais os animais não receberiam atenção e cuidado. No entanto, a própria veterinária explicou que teve uma experiência ruim com um hotel para pets e por isso acredita que a melhor opção é ter alguém que vá à sua casa, mesmo que seja apenas por causa dos cachorros. Reign disse ser da mesma opinião.

As vantagens seriam: presença de um veterinário, que saberá o que fazer em caso de emergências, e para os cachorros outra vantagem seria a possibilidade de socialização.

Maryjane reafirmou a explicação de Neema sobre a presença do veterinário e Reign destacou ainda que alguns hotéis têm atividades outdoor para os cachorros para mantê-los ativos, como trilhas e natação. Disse ainda que existem hotéis para gatos nos quais os animais podem ficar soltos.

Sobre as desvantagens, Neema ressaltou a impessoalidade, pois não é possível saber quem irá cuidar dos animais.

Petshop

Os petshops foram considerados a pior opção entre todas, pois os espaços são apertados e não são preparados para hospedagem. O animal ficaria todo o tempo confinado, o que o deixaria mais estressado. Reign ressaltou que no petshop o animal não tem carinho nem interação com humanos ou com outros animais.

Para Neema a única vantagem seria a presença do veterinário e a internação. John comentou que a “única vantagem do petshop é para o dono, que está se livrando do animal”. A sentença em si já aponta para uma forma pejorativa de perceber a opção petshop, pois não somente o lugar seria “frio”, mas também a decisão de deixar o animal neste espaço seria fria e distante das necessidades dos animais.

Porteiro

Esta opção também não foi bem aceita inicialmente. Pesou contra o fato de os profissionais não conhecerem os animais, seus hábitos ou necessidades. Maryjane ressaltou que confia em um dos seus porteiros para cuidar dos animais, mas que sabe que não será um cuidado carinhoso. Segundo ela: “ele entra lá em casa, dá comida e vai embora”. Para ela a interação é fundamental para optar pelos amigos. Mas acredita que é uma opção melhor do que o petshop.

Petsitter

O gato é um animal territorial, que se estressa com a mudança de rotina e ambiente. Além disso, como estão mais sujeitos a doenças, mesmo hotéis e veterinárias tornam-se pouco aconselháveis. Logo, pet sitters foram consideradas as melhores opções para cuidados dos gatos. Maryjane destacou ainda que “quem se oferece para ser petsitter de gato é porque adora gatos”, o que revela um carinho e cuidado maior do que aquele que gosta apenas de cachorros.

Neema destacou que, no caso de cachorros, a escolha entre hospedagem ou petsitter seria indiferente. Porém acredita que este serviço é interessante para cuidados com cachorros mais idosos ou debilitados, cujo deslocamento seja trabalhoso ou penoso para o animal.

A desvantagem do petsitter para Neema é a desconfiança em relação à segurança, ou seja, não conhecer a pessoa que irá entrar em sua casa. Note-se que neste caso a desconfiança não recai somente sobre o carinho que o petsitter terá com os animais, mas sim se poderá mexer ou mesmo roubar algo do imóvel.

Melhor opção de hospedagem

Deixar os animais com amigos e parentes foi considerada a melhor opção entre todas. Para os entrevistados estas são pessoas confiáveis, que já convivem com os animais e gostam deles. Assim têm um grau maior de certeza de que os animais serão bem tratados em suas ausências.

[1] Uma dissertação sobre a emergência do mercado Pet em Porto alegre, defendida em 2013, sinaliza as terapias alternativas para animais ainda não é um mercado significativo. Fonte: Pastori, Érica O. Perto e longe do coração selvagem: estudo antropológico sobre animais de estimação em Porto Alegre, RS. Dissertação de Mestrado, PPGAS/IFCH/UFRGS. Porto Alegre, UFRGS, 2012.

[2] Apenas para economia do relatório, cuidador é a categoria usada para se referir tanto ao anfitrião quanto ao petsitter.

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