Quem está de olho nos nossos dados?

Fernanda Távora
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2 min readMay 12, 2016

Aqui no Data Labe já falamos sobre como os dados são importantes como forma de representação e construção de narrativas, como a existência deles, ou não, pode nos fazer entender algumas questões presentes na sociedade, como é importante ter acesso a esse conhecimento que fica guardado nos bancos de dados e como esses dados influenciam quem somos, como somos construídos e vistos. Entender os dados como algo que faz parte da vida cotidiana ainda é algo pouco discutido. Isso porque enxergamos os dados como algo “frio”, como se não fossem o que realmente são: uma criação humana.

imagem por Queeval. Licença Creative Commons.

Somos geradores de dados ambulantes. Nossas identidades, CPF, nomes, endereços, locais que costumamos frequentar, tudo isso são dados que geramos. Se nos preocupamos com a nossa privacidade no dia a dia — afinal, ninguém passa seu endereço para qualquer um na rua — como pensar na privacidade dos dados que deixamos na internet?

Essa questão da segurança dos dados ainda é um assunto pouco discutido no Brasil, mas isso não quer dizer que não seja um assunto pertinente. Empresas, sejam elas públicas ou privadas, têm acesso aos dados que produzimos o tempo todo, mas já se perguntou para quê? Como bem lembrou o Eloi, o Facebook é um exemplo. O tempo todo geramos dados ao compartilhar imagens, textos, memes etc (e quando não compartilhamos também). A cada nova atualização da rede social, a cada aumento do número de pessoas que acessam o Facebook, mais a empresa é valorizada. O capital do Facebook são as nossas informações.

Não apenas em redes sociais, mas cada vez mais entregamos os nossos dados a empresas como formar de facilitar a nossa vida. Associamos nossas contas de e-mail aos nossos aparelhos de celular, permitimos o acesso de aplicativos a nossa localização, colocamos nossas contas do cartão de crédito em sites de compras, compartilhamos fotos com amigos e por aí vai. Isso tudo falando apenas dos dados que temos na web. Câmeras de segurança espalhadas pela cidade, nos transportes, cadastros, tudo isso são as pegadas que deixamos e que podem ser rastreadas. E a tecnologia que tanto facilita a nossa vida, também facilita para que diferentes organizações juntem nossas informações em enormes bancos de dados (big data).

Não que seja preciso entrar em uma paranoia delirante por causa dos “rastros” que deixamos por aí, mas é preciso começar a questionar: o que essas organizações querem com os nossos dados? O que fazem com eles? Elas são totalmente transparentes quanto ao que fazem com essas informações? É inevitável que nossos dados, on-line ou não, se espalhem por aí, mas é preciso saber para quê e como estão sendo usados. Entendendo a importância que essas informações têm e como elas podem influenciar as nossas vidas é o primeiro passo para entender como e por que protegê-las.

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Fernanda Távora
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Moradora da Zona Oeste do Rio de Janeiro e jornalista