A educação estatal é eficiente

Felipe Torquini
A Dissidência
Published in
3 min readDec 16, 2018

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O Estado não pode ser responsável pela determinação do que será ensinado a todas as crianças do país. Entre as nuances, como por exemplo a flexibilização da grade, obtida de forma discreta pelo atual presidente Michel Temer, está no extremo a aniquilação do monopólio estatal que resulta na formação de pessoas que não produzem raciocínio crítico fundamentado em alguma série de linhas ideológicas e visões de mundo. A liberdade de um pai de escolher onde e o que vai ser alicerce do pensamento de seu filho está completamente cerceada no modelo atual. O resultado momentâneo é o entendimento de que o Estado é o provedor das coisas boas na sociedade e que apenas com ele intervindo nas mais diversas áreas que uma comunidade pode alcançar a evolução financeira e intelectual.

Tratando-se da efetividade desse modelo, qualquer monopólio (e este só é obtido através da força) gera um serviço de menor qualidade, o que está mais uma vez comprovado. Todavia, eu coloco essa frase parcialmente correta e explano o motivo: a intenção de uma organização estatal de controlar a educação é construir uma aceitação do modelo proposto de maior intervenção possível de forma que não haja contradição ou outra alternativa plausível. Logo, baixa-se o conhecimento, utiliza-se apenas uma vertente — e a única útil para a proposição — e no final coloca a culpa da inefetividade da educação em qualquer coisa (pode ser o neoliberalismo).

Chegamos então ao ponto que a chamada direita brasileira composta por, em regra e de forma geral, liberais e conservadores, compreendem que o Estado não deve ser tão grande, mas que os ambientes acadêmicos estão refletindo apenas que o Estado deve ser maior, com mais serviços “grátis” e que o bem-estar coletivo está acima de tudo. Do contrário, pode ser que o oponente intelectual seja um nazista ou fascista. Após esse passo, vem o erro: combate cultural mediante lei. O Escola Sem Partido não possui má intenção. De maneira oposta, ele busca a resolução do problema sem identificá-lo. E neste momento eu separo a direita, excetuando os liberais, único grupo disposto a refletir sobre o tema.

Uma troca de sinais, ou simplesmente outra forma de coletivismo não resolve o problema. Isso significa qualificar algo como certo ou errado sem possuir necessariamente embasamento científico. Não existe certo ou errado sobre o que os pais entendem ser importante para os filhos. O senhor social-democrata possui a liberdade de colocar seu filho em uma escola com raízes de esquerda, tal como o conservador possui a liberdade de colocar seu filho em uma escola que respeita e acima de tudo projeta para as crianças a importância do cristianismo. Entretanto, a possibilidade de isso acontecer é apenas com a concorrência criando o tipo de educação que a sociedade demanda.

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)

O ENEM é a maior forma de controle social de indivíduos possíveis. Sem entrar na ideia de que as universidades deveriam possuir autonomia para realizar as provas de acordo com seus cursos de forma privada, mesmo existindo um processo seletivo em universidades federais, existiriam naturalmente provas específicas para cada área que iriam demandar das escolas uma sequência de ensinamentos necessários. Se um ambiente universitário focado em ciências biológicas fizer este tipo de cobrança, pais de filhos que desejam ou tenham interessa no assunto demandarão escolas com núcleo parecido.

A sociedade naturalmente se regula quando os anseios dela são respondidos de forma livre. O oposto são seus desejos serem ignorados em virtude da vontade de uma entidade abstrata. O problema da doutrinação não é sobre uma ideologia ou outra e sim sobre uma estrutura maior coletivista. Não é errado doutrinar, errado seria seu filho receber um ensino contrário às suas vontades. Ou seja, estas só podem ser correspondidas com estudos, em um primeiro momento, escolhidos livremente sem que haja crime nisso. E aqui vale a lembrança: caso se escolha a educação familiar, esta deve ser respeita e endossada, tanto quanto escolha de um local de ensino ao encontro de seus desejos para o futuro dos filhos.

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