O governo perdido

Bolsonaro quer fazer um mandato grande com cobrança pequena

Ariel Paiva
A Dissidência
3 min readFeb 3, 2019

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Apesar das reclamações de renovação no poder executivo, legislativo e, por que não, judiciário, a verdade é que Jair Bolsonaro é raposa velha da política. Há quase trinta anos de vida pública como deputado federal do Brasil, o paulista não teve notoriedade nenhuma até o começo dessa década, quando começou a despontar com críticas aos governos petistas nas questões dos costumes (na pauta econômica sempre seguiu a esquerda). Assuntos como kit gay, armamento e aborto estavam na pauta das discussões quase sempre acaloradas entre o militar da reserva e os “adversários” do partido vermelho, o que deu notoriedade para ambos os lados envolvidos — o que lançou Jean Wyllys, Gleisi Hoffman, Maria do Rosário e todos os filhos de Bolsonaro ao reconhecimento nacional.

Quando o nível de seguidores do capitão aumentou, os gritos de “mito” e de “Bolsonaro 2018” começaram a ressoar em vários aeroportos da nação, principalmente quando o candidato da oposição parecia ser o temido Lula. As redes sociais, sem nada para julgar, afinal Jair não teve relevância nenhuma como deputado federal, baseavam suas crenças numa esperança infundada que Bolsonaro fosse o bastião da família brasileira (casado pela terceira vez, fazendo piada com mulheres e outras do tipo machista, além de vários crimes de corrupção medíocres, como empregados fantasmas) e acertaram em cheio, ele realmente é esse retrato: covarde, ignorante e falastrão.

Ao alcançar o posto mais alto do executivo, Jair Bolsonaro demonstra que não tem capacidade administrativa nenhuma e, como era de esperar, não tem noção do tamanho do pepino que ele tem nas mãos. A forma com que ele lidera sua equipe é pífia, o tratamento dado a eventos é ridícula e o posicionamento nas redes sociais, em especial no Twitter, é, pelo menos, infantil.

O sintoma-mor dessa falta de gestão é o relacionamento com a imprensa. Evidente que a negação da grande mídia, o discurso de fake news e a escolha de favoritos é só uma cópia da nova estratégia política populista. É ser “contra tudo isso que tá aí” sendo parte do que “está aí”. Talvez na época da legislatura a Folha de SP, o Estadão e a Globo não dessem a mínima para os movimentos de Jair Bolsonaro, mas ao assumir como PRESIDENTE DO BRASIL (!) é evidente que cada bandejão que o homem come é assunto de jornal. E ele nitidamente não sabe lidar com essa situação, gritando fake news para todo lado, usando a Rede Record de palanque ou simplesmente fugindo da imprensa.

O Brasil jogou mais uma chance de sair da pindaíba em que se encontra ao apostar num covarde como Bolsonaro: não há pauta liberal que sobreviva aos escândalos de corrupção, não há segurança pública que reverbere sem o exemplo do alto escalão, não há bons costumes a serem seguidos se o peculato é a regra da família. Qualquer eventual avanço que o executivo, ou mesmo o legislativo, conseguir nessa bagunça é motivo de lamento: poderia ter sido muito melhor se a liderança fosse outra.

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Ariel Paiva
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Senior administrative on VC-X Solutions. Addicted to podcasts and strategy games.