Hábitos Nocivos: como identificá-los e superá-los?

Nesta publicação, vamos apresentar um método para identificarmos e superarmos hábitos nocivos, especialmente aqueles intensificados durante o isolamento social causado pela pandemia da Covid-19.

Higor Souza Cunha
ARGO — Divulgação Científica
6 min readJun 27, 2021

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Figura 1. Imagem que ilustra como os nossos hábitos estão afetando o bem-estar. Fonte [1].

Destaques

41% dos jovens dizem se sentir tristes, depressivos ou ansiosos em contato com as redes sociais;

Jovens desenvolvem dependência de redes virtuais;

Mais de 40% das lesões no local de trabalho vêm na forma de entorses e distensões;

No Brasil, 37% da população, cerca de 60 milhões de pessoas, convive com a dor de forma crônica, número superior à média mundial de 35%.

Introdução

Ao longo do isolamento social em virtude da pandemia da Covid-19, o nosso cotidiano apresentou mudanças bruscas, todos nós tivemos que nos adaptar ao contexto e tentar de algum modo seguir com os afazeres. A questão é que neste processo desenvolvemos hábitos nocivos ao nosso bem-estar e muitas vezes nem nos tocamos que eles estão ali, pois são intrínsecos ao cotidiano, fazem parte da rotina.

É senso comum que má qualidade no sono, má alimentação, sedentarismo ou mesmo aumento de tendências ao tabagismo/alcoolismo são impactos que estão fazendo cada vez mais parte do cotidiano [2], adentrando aos nossos hábitos.

Figura 2. Impacto da pandemia em um estilo de vida saúdavel. Fonte [2].

E por falar em qualidade de sono, temos um texto intitulado “A importância do sono: você está dormindo certo?” muito interessante acerca do tema, sendo que ele pode ser acessado clicando aqui.

A observação e o conhecimento são as melhores formas de percebermos esses hábitos, os seus efeitos em nossa saúde mental e como podemos mudá-los para um novo método saudável de realizar nossas atividades e viver as nossas vidas.

Figura 3. Capa do livro “O poder do hábito”, de Charles Duhigg. Fonte [3].

De acordo com o best-sellerO Poder do Hábito”, de Charles Duhigg, os hábitos são formados por 3 componentes principais:

Gatilho: estado mental, acontecimento ou situação que desencadeia a ação de um hábito.

Ação: também chamado de rotina, é o hábito propriamente dito.

Recompensa: a sensação que você tem após aquela ação específica.

Apresentaremos 2 hábitos que estão fazendo parte da nossa vida neste contexto pandêmico e que não são comumente observados, logo, é importante sabermos como são nocivos para melhorarmos tal situação — obtenção do conhecimento.

Redes sociais em excesso

Este talvez seja um hábito que entrou de vez em nossa vida e é tão inconsciente justamente pelo contexto nos conduzir a tal “novo normal”. Em tempos de home-office e aulas onlines, acordamos, respiramos, vivemos e dormimos conectados. O acesso à internet é algo trivial pela necessidade e passamos facilmente 10/12h em frente aos celulares ou computadores. Isso desgasta e satura bastante!

Figura 4. Ilustração do consumo excessivo da internet. Fonte [4].

De acordo com o Instituto de Psiquiatria Paulista [5]:

41% dos jovens dizem se sentir tristes, depressivos ou ansiosos em contato com as redes sociais.

Tal número é preocupante, pois a tentativa constante de conexão com o outro e de se mostrar ao mundo (gatilho) induz uma realidade distorcida, as aparências enganam afinal, nada é perfeito. E como “ação”, naturalmente somos condicionados ao consumo excessivo de informação, fora que a procrastinação muitas vezes é um alívio imediato (a banda “Engenheiros do Hawaii” já nos passava a concepção do alívio imediato na década de 80 através da seguinte música), o que configura a “recompensa”, o conforto momentâneo.

Isso traz sérios prejuízos a saúde mental, pois a realidade distorcida normalmente culmina em frustração e decepção. A procrastinação por si só já nos traz certa frustração pelo sentimento de culpa, e todo esse contexto é uma porta para ansiedade e depressão [4]. É importante destacar que até existe um estudo da UNIFESP [6] revelando a dependência de redes virtuais por parte dos jovens, então de fato é um contexto alarmante…

Inclusive, temos um texto intitulado “Por que jovens adultos sofrem mais de ansiedade e depressão na pandemia?” que trabalha muito bem tal temática. Clique aqui para ler sobre!

Má Ergonomia Física

Esse hábito curiosamente está muito interligado ao último discutido, então podemos perceber que há uma intersecção entre os hábitos que pode, aliás, intensificar os impactos negativos em nossa vida.

Ergonomia é uma ciência que busca entender a relação do homem com as condições de trabalho, estabelecendo normas (e.g. NR 17) para melhorar esse relacionamento [7]. Ela visa evitar por exemplo:

  • Postura inadequada;
  • Lesões corporais (cervical, lombar, distensão, entorse, etc);
  • Ritmo excessivo de trabalho;
  • Monotonia das atividades;
  • Problemas de visão;

Podemos ampliar esse conceito para o nosso dia a dia, pois vivemos em ambientes semelhantes aos do trabalho, afinal, do mesmo modo que realizamos determinada tarefa no computador, também conseguimos nos divertir nele através do Netflix, por exemplo. Desse modo, é esperado que haja um estresse associado que nos tire da zona de conforto, e portanto, afete a nossa felicidade e bem-estar.

Mais de 40% das lesões no local de trabalho vêm na forma de entorses e distensões [8].

A figura 5 ilustra situações comuns no nosso dia a dia e muitas vezes nem temos consciência do modo errado como agimos. Pensando na tríade abordada pelo livro “O Poder do Hábito”, o “gatilho” aqui é a nossa própria rotina que nos leva a tal “ação” caracterizado pelo hábito. A “recompensa” é novamente o alívio imediato, pois mexer no computador com a coluna curvada muitas vezes é confortável em um primeiro momento, mas a longo prazo traz sérios prejuízos à saúde física-mental.

Figura 5. Situações do cotidiano em que temos má postura. Fonte [9].
Figura 6. Postura correta para usar o smartphone. Fonte [10].

Na própria figura 4 vemos as pessoas mexendo no celular com a cabeça inclinada. Esse é um hábito que até eu possuo (rs) e nunca tinha pensado a respeito. embora as dores cervicais sempre fossem presentes. Então, na figura 6 há uma orientação bem interessante para evitarmos tamanho dano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera os problemas causados pelo uso excessivo dos dispositivos como uma epidemia global. No Brasil, 37% da população, cerca de 60 milhões de pessoas, convive com a dor de forma crônica, número superior à média mundial de 35% [11].

Conclusão

O objetivo principal desse texto é passar a metodologia do livro “O Poder do Hábito” e mostrar como conseguimos melhorar a nossa vida a partir da observação e conhecimento da rotina.

A temática é relativamente vasta e infelizmente não é possível trazer todos os pormenores que possibilitariam uma conscientização plena acerca dos hábitos nocivos que nos acompanham. De todo modo, a leitura das referências aqui trazidas proporciona um background interessante para que possamos mudar a nossa maneira de agir e assim conseguirmos ter uma melhor qualidade de vida.

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