A Gestão de um Projeto de Startup

Edelcio Molina
SimplificaCI
Published in
8 min readSep 15, 2016

As pessoas estão acostumadas a verem uma Startup como uma máquina de fazer dinheiro, onde você coloca sua ideia de um lado e do outro chovem notinhas de todas as cores! Algumas de fato conseguem isso, são as Unicórnios.

Criar uma Startup de sucesso não é uma tarefa simples, não basta ter uma ideia e achar que ela vai dominar o mundo. Você precisa se preparar, entender o mercado, o que vai resolver, como, quando, onde, ter uma equipe alinhada e experiente, e ter muita, mas muita garra para chegar nos seus primeiros clientes.

Mas afinal de contas, o que é uma Startup?

Uma startup é uma instituição humana desenhada para criar um novo produto ou serviço em condições de extrema incerteza.
Eric Ries

Extrema Incerteza… É nesta exata afirmação que gostaria de compartilhar o básico sobre como gerenciar um projeto de startup em um cenário de incertezas.

Em ambiente de Gerência de Projetos tradicional temos alguns pontos de suma importância para preparar antes da execução de um projeto. Sem isso seria um risco e uma total loucura levá-lo à frente. Relembre alguns deles:

  • Estudar Viabilidade
  • Planejar Escopo
  • Estimar Custos
  • Definir de Prazos
  • Identificar Riscos
  • . . . .
  • . . . . . . .
  • Apoiar e monitorar o desenvolvimento

Mas e se eu não fizer nada disso?

Calma! Não estou dizendo que isso deve ser desconsiderado ou simplesmente ignorado dentro de uma startup, mas sim que há um caminho diferente em que vai ajudá-lo a trabalhar em um ambiente de incerteza sem ficar todo engessado em um zilhão de páginas do projeto seguindo-o a risca.

E mais, já parou para pensar se tudo que escreveu neste projeto é realmente o caminho mais rápido? Se tudo que projetou vai de fato atender seu cliente, se vai de fato tornar seu projeto um sucesso!?

Se você só quer entregar o que foi o combinado no prazo, então parabéns, você sabe fazer o necessário e continuar sendo o mesmo cara de sempre!

Caso não, então talvez esteja se perguntando em como colher os resultados e garantir que seu projeto chegue em algum lugar sem nenhum dos pontos que citei acima.

Diante de um cenário de incertezas, que tipo de abordagem eu devo tomar durante o projeto?

No gráfico acima podemos notar que no lado esquerdo temos as vertentes, risco e incerteza, proporcionalmente no lado direito onde há alguns métodos que devem ser levados em consideração de acordo com o grau de risco do projeto em que você está trabalhando.

Temos então:

  • Instrucionismo: Método em que você planeja o projeto até o final, e segue a risca o que foi planejado. Comumente você encontra este tipo de projeto na construção civil, onde há um cenário já conhecido e explorado e que de fato não exigirá nenhuma inovação durante as etapas do projeto.
  • Estágios e Pontos de Decisão: A medida que o projeto avança pelas suas etapas você tem que tomar decisões, ou seja, você tem todo o escopo do projeto desenhado e o está seguindo, mas há alguns pontos em que terá que assumir determinadas decisões que o obrigarão a mudar o caminho durante sua execução.
  • Método por Milestones: Funciona como método citado acima, mas a diferença é que você não espera chegar no determinado ponto de decisão para definir a escolha, com Milestones você tem a definição de seus estágios e então escolhe quais e quando devem ser aplicados durante o andamento do projeto.
  • Discover Driven Plan: É uma técnica onde você sabendo o objetivo, começa a desenvolver o projeto de traz pra frente. Aqui então você define o que o projeto tem que resolver e começa a montar as etapas de produção desmembrando a partir da etapa mais complexa tornando-a em uma menos complexa, até que chegue ao ponto mais simples que será o ponto de partida de sua execução.
  • Selecionismo e Aprendizagem: Este método consiste em desenvolver diversas soluções, identificar a melhor e através de uma análise chegar a um aprendizado que, por sua vez, consiste em planejar com detalhes o que e como fazer até o próximo ponto de decisão, evitando assim caminhos desnecessários durante a execução do projeto.

O Ciclo de uma Startup

A principal meta de uma startup é ser escalável, ou seja, crescer, de preferência muito rápido, e através de um modelo repetível. Assim, o método de “Selecionismo e Aprendizagem” veste como uma luva durante a criação e execução de seu projeto.

Vamos então analisar o conceito apresentado por Eric Ries em seu livro A Startup Enxuta.

Na imagem acima há 3 fases distintas, Construir, Medir e Aprender. Essas fases nos permitem trabalhar com o desenvolvimento contínuo de nosso projeto. A execução de cada ciclo tem que ser rápida, assim, quanto mais rápido falharmos, mais rápido aprendemos, e quanto mais rápido acertamos, mais rápida será a execução em nosso cenário de incertezas. Na pratica então teríamos um processo assim:

1° IDEIAS — Você toma como base inicial uma ideia, como por exemplo, quero criar uma linha de canetas e vender exclusivamente para a NASA, para que seus astronautas as usem em suas missões.

2° CONSTRUIR — Então você vai para seu laboratório e começa sua criação, e aqui começa um dos principais pontos do “Selecionismo”. Você não vai construir todo o seu produto, você vai selecionar o que julga mais importante para entregar algo que seja capaz de resolver seu problema. Chamamos esse produto de MVP (Produto Minimo Viável), não importa que ele seja feio ou pouco prático, o importante é fazer o mínimo viável.

3° PRODUTO — Nesta fase temos nosso MVP pronto, na nossa ideia da caneta pra NASA digamos que o resultado foi um mini tubo com uma pequena esfera na ponta por onde a tinta escorre, possibilitando assim escrever coisas.

4° MEDIR — Temos então que testar nosso produto, conferir se vão gostar, se ele é objeto de desejo, quanto tempo uma pessoa demora para entender como usá-lo, o que dizem sobre ele. Neste ponto temos que tomar um grande cuidado com o aproveitamento desses dados, nos quais podemos classificá-los entre Métricas de Vaidade e Métricas Acionáveis.

  • Métricas de Vaidade, são aquelas que fazem nos sentir bem, mas que pouco importam para a criação do produto, um exemplo em nosso caso, 300 pessoas testaram, 200 são mulheres e 100 são homens. Para alguns produtos ou modelos de negócio o gênero da pessoa pode ser importante, mas para nosso exemplo saber quantas pessoas testaram e de que sexo são é irrelevante para a melhoria do nosso produto, da nossa ideia.
  • Métricas Acionáveis são aquelas que de fato vão contribuir para a melhoria de nosso produto, como por exemplo, em testes notou-se que o diâmetro do tubo da caneta era grande demais, assim ficava difícil segurá-lo. Esse então é um dado importante que nos ajudará a criar um produto melhor.

5° DADOS — Neste momento temos todos os dados levantados, identificamos como a pessoa usa a caneta, com qual mão ela segura, os movimentos que ela faz, se gostou do design, se a cor da tinta é bonita, dentro diversas outras métricas que julgamos serem necessárias.

6° APRENDER — Nesta fase vamos colher tudo que descobrimos sobre nosso produto, neste ponto já somos capazes de identificar o que falhamos e acertamos, podemos então decidir o que podemos manter e o que podemos descartar. Digamos então que durante os testes no espaço descobrimos que a caneta não funcionava, porque sem gravidade a tinta não escorria para a ponta da caneta. Aprendemos então que esse sistema não funcionaria para a NASA.
A partir dai temos então uma importante decisão a tomar, mudar nosso público alvo e manter a ideia do produto ou manter nossa proposta e encontrar outra solução. Quando uma mudança desse tipo acontece, nós a chamamos de Pivô (Pivot), ou seja, uma mudança drástica no caminho de nosso projeto permitindo assim sua continuidade.

Por fim, fechamos o ciclo, voltamos ao ponto inicial, mas dessa vez com um conhecimento bem mais profundo do que iniciamos. Então podemos recomeçar um novo ciclo, repetindo as etapas e melhorando gradativamente nosso produto até chegarmos a uma solução melhor.

Talvez um pedaço de carvão resolva nosso problema!

Importante e Essencial

Para a construção de uma startup há alguns pontos importantes e essenciais para um bom planejamento e execução de cada ciclo. Conhecer um pouco sobre cada um fará uma enorme diferença se você busca pela criação de um projeto inovador e disruptivo.

  • Validação e rumo: Valide com cuidado cada etapa, ciclos rápidos vão permitir que encontre um rumo mais eficaz.
  • Priorização: Priorize o mínimo possível para que possa entregar a solução o mais rápido possível, não ocupe seu tempo fazendo o que não precisa para o momento.
  • Entrega contínua: Não quebre o ciclo de entrega, aproveite com sabedoria cada aprendizado e mantenha um ciclo constante com intervalos de no máximo 15 dias, uma semana é o ideal.
  • Testes A/B: Se suas métricas não forem capazes de identificar o rumo do projeto, então crie testes A/B para identificar o melhor caminho.
  • Reuniões periódicas: Faça reuniões com sua equipe, discuta ideias e caminhos a seguir. Duas pessoas pensam melhor que uma.
  • Não formalize demais: Não formalize demais seus processos internos, isso pode inibir inovação e criar barreiras para novas ideias.
  • Fortalecer a cultura: Projetos e produtos vem e vão, mas a cultura permanece, fortaleça as afinidades e laços de sua equipe. Isso garantirá sua sobrevivência.
  • Estar um passo a frente: Manter a execução dentro do ciclo é importante, mas tente pensar um pouquinho a frente, isso facilitará na definição de novas ideias.
  • Inspirar: Se você é um líder, inspire. Seja uma referência para sua equipe.

Conclusão

Todo começo é difícil, você terá várias ideias, várias hipóteses e a maioria não vai funcionar. Não desista, quanto mais rápido falhar, mais rápido aprenderá a como fazer o certo. Quem sabe você não é o próximo…

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