O Segredo Para Manter Um Casamento De 5 Anos Com Uma Ruiva

Elvis Nogueira
E-volua
Published in
5 min readMar 3, 2017

Eu já contei a saga de como acabei me casando com uma Ruiva até gerar uma descendente, mas ainda não mencionei nada da parte mais complicada e complexa, que é como manter o casamento estável e funcional.

Apesar da minha clara preocupação com a perpetuação da espécie humana, já que Ruivas representam menos de 1% da população mundial, garantir a sobrevivência dos genes que deixam os cabelos vermelhos não foi o único motivo de eu ter me casado com a minha mulher, também teve uma quantia considerável de amor envolvido.

Porém, como é difícil até mesmo definir o que é amor, você pode imaginar como é depender somente dele para manter uma relação tão íntima e pessoal funcionando por muito tempo.

O amor sempre é a base principal de um relacionamento, mas existem outros pontos que ajudam a manter esse pilar em pé sem muitos danos. Vou citar aqui o principal deles e explicar como funciona.

Experimento Científico: “Como dormir no sofá por 2 semanas”

Qualquer interação entre dois seres vivos depende muito de um fator crucial que garante a nossa sobrevivência, a comunicação.

Até animais e insetos se comunicam rotineiramente para conseguir realizar ações. As formigas exalam seu cheiro característico nos caminhos que percorrem para informar outras aonde estão indo. Os cachorros cheiram o rabo das cadelas para procurar um sinal de que elas estão prontas para o acasalamento. As pombas evacuam no seu carro para informar à outras pombas de que ele foi recentemente lavado, e por aí vai.

Eu, como um cientista iniciante que sou, tentei me comunicar com a Ruiva de várias maneiras e, após várias tentativas, consegui entender alguns pontos importantes e um ponto crucial na comunicação entre duas pessoas.

Os pontos importantes parecem, analisando retrospectivamente, muito simples e óbvios, mas a norma do método científico me obrigou a testá-los. Aparentemente as pessoas em geral ficam muito irritadas quando você tenta deixar um rastro do seu cheiro pela casa, tenta farejar feromônios nas suas calças ou tenta evacuar em seus veículos, por isso tome muito cuidado caso for repetir esse experimento com sua mulher (e tenha certeza de que seu sofá seja muito confortável).

O ponto crucial concluído pelo experimento foi o seguinte:

O responsável por cada comunicação com uma pessoa, é sempre o maior interessado nela.

O que significa que, se o ouvinte não entender o que você quis dizer e interpretá-lo mal, na maioria das vezes o responsável é você, e somente você. Lembre-se, seu interlocutor não possui uma bola de cristal para ler sua mente e entender o que você quis dizer, então seja sempre muito claro e certifique-se de que todas as partes estão livres de confusões e mal entendimentos.

Esqueceram de mim 13 — uma Ruiva em Paris

Vamos pegar um exemplo. A Ruiva vai até a França, mas não entende ou fala uma palavra sequer do idioma. Acontece que ela está com fome e precisa comer um pão, então se dirige à padaria (ou à uma boulangerie) mais próxima, chega no atendente e, naturalmente, pede em inglês:

- Wazup man, gimme a bread! I´m hungry.

Minha mulher provavelmente irá passar fome se depender apenas da interpretação e boa vontade do atendente, principamente porque ele é francês.

Perceba que a responsabilidade do interlocutor entender a frase é dela, porque quem vai morrer de fome em um banco de praça olhando a Torre Eiffel é a Ruiva, e não o atendente mal-educado. Todo o esforço necessário para essa comunicação funcionar (e ninguém sair ferido) é de quem está interessado em que ela funcione.

Essa regra pode ser aplicada em qualquer tipo de comunicação. Você deve se preocupar se o seu ouvinte entendeu errado, viu entrelinhas que não existem ou não percebeu algum tom de voz que você quis comunicar.

Por isso, além de saber o básico da língua do seu interlocutor, também é importante ter congruência nos seus aspectos fisiológicos.

Congru…QUEM?

Congruência vem do latim CONGRUENS, significa apropriado, que serve para o que se quer, ou adequado.

Você já sentiu uma desconfiança de uma pessoa logo após ela te confirmar ou concluir algo? Aquela sensação que nós temos de “não sei se confio nele, melhor ir com cautela” nos traz, às vezes mesmo sem conhecer a pessoa, uma dúvida na verdade daquela afirmação. Isso acontece justamente porque a pessoa não foi congruente na sua fala.

Inconscientemente percebemos uma falta de confiança somente analisando as microexpressões no rosto de uma pessoa, ou na postura do seu corpo.

É como dizer “SIM” balançando a cabeça negativamente, ou dizer que está confiante enquanto olha para baixo, com voz baixa e tremida e com os ombros tensos. Esse comportamento não passa segurança e nosso cérebro percebe isso, inconscientemente.

São nesses conceitos de fisiologia e verbalização que se baseiam os treinos das maiores agências de inteligência do mundo, onde os profissionais conseguem burlar qualquer teste de detecção de mentiras.

Isso dá uma dica caso você precise mentir para alguém: perceba como seu corpo se comporta ao contar uma verdade e uma mentira. Você perceberá que a postura do seu corpo muda. As expressões do seu rosto e até mesmo a direção do seu olhar é alterado quando seu cérebro sabe que você está mentindo. Assista um episódio de Lie To Me caso não tenha entendido muito bem essa parte da explicação.

Claro que, se você fizer um esforço, chegar na padaria na França e dizer, educadamente:

- Je vousdrais une baguette, s’il vous plait.

E o rapaz não entender, então pode voltar para o Brasil e confirmar o estereótipo que eu citei de que todo francês é mal-educado.

Uma boa comunicação é um ponto chave para um relacionamento durar e exige muito esforço. Pode não funcionar em 100% das vezes que eu tento, mas pelo menos com isso, até o momento, eu consegui fazer minha parte na perpetuação das Ruivas em nosso planeta.

De nada.

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Elvis Nogueira
E-volua

Um pouco engenheiro, um pouco filósofo, mundrungo, pai da Manu, escritor e zé graça nas horas vagas.