10 shows marcantes de 2018

Anna Bella Bernardes
ENTRE LP
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6 min readDec 17, 2018

Fim de ano chegou e junto com ele surgem as listas de melhores (ou piores) do ano. Achamos a deixa perfeita para retomarmos com esse projeto que é só amor. Pra que deixar os projetinhos que podemos colocar em prática hoje na gaveta de 2019, não é mesmo?

A música e suas reverberações sempre nos uniu. Já assistimos uns bons shows juntas e o projeto Entre a Liberdade e o Paraíso nasceu das trocas e conexões as quais a música nos proporciona. Entramos nessa onda do fechamento de ciclo e montamos uma lista com os melhores shows que eu, Anna, e a Fran assistimos em 2018. Acompanhe!

Top five da @fran.cfc

1. Miêta

Abrindo os trabalhos dessa listinha nada fácil, uma bandona do underground das alterosas que têm lugar especial no coração. Com base em referências indies dos anos 90, do shoegaze ao garage rock, em 2k18 a Miêta rodou Brasil afora com o disco “Dive” conquistando uma galera com o peso genial da guitarrinha e sincronia feminina. Acho que essa foto aí tirada no final de junho fala mais que mil palavras, né?

Foto do Flávio Charchar.

2. Luísa e os Alquimistas

Uma banda potiguar que explora muito bem o universo popular do brega ao pop. Impossível assistir Luísa e Os Alquimistas sem sequer bater o pezinho. Em 2018, a banda, que tem como frontgirl Luísa Guedes, transitou por vários festivais de prestígio na cena brasileira. E foi em um deles que tive a oportunidade de assisti-los, o Vento Festival, que ocorreu em setembro na cidade de São Sebastião — Litoral Norte de São Paulo. Em outubro entraram para a lista dos 50 projetos selecionados pelo edital da Natura Musical 2019. Isso mesmo, terceiro disco a vista! Pra você que ainda não teve a oportunidade de sacar essa galera ao vivo ou se já viu e ficou um gostinho de quero mais, está disponível a apresentação ao vivo da banda no programa Show Livre nas plataformas digitais! ;)

Foto por Flash it.

3. Juçara Marçal

O que dizer sobre Juçara Marçal Nunes? Cantora, pesquisadora musical, compositora, professora… Entre tantos multi projetos ainda representa uma das bandas mais louváveis do Brasil nos últimos tempos, o Metá Metá. A cantora fez um showzaço solo no primeiro semestre do ano na casa da música autoral de Belo Horizonte, A Autêntica. Uma catarse de emoções me acompanhou durante os 50 minutos que se seguiram. Juçara explora de modo intenso a música “não convencional”, unindo a ancestralidade das batidas de candomblé à sofisticação de arranjos que integram voz, violão e percussão. BELÍSSIMO!!!

Foto por Flávio Charchar.

4. Duda Beat

Uma das surpresas musicais mais deliciosas do ano! Duda Beat, a rainha da sofrência indie fez muita gente parar pra ouvir um disco pop doloroso que remete à ideia da “modernidade líquida” — desapego sentimental e a super valorização das tendências tecnológicas. O disco “Sinto Muito” aparece em várias listas dos melhores lançamentos e prova disso está nos shows. É muito bom participar dessa interação público/artista, conexão boa e calorosa de todo mundo cantando e dançando em sintonia. Em agosto, a cantora se apresentou pela primeira vez em um festival e este feito rolou no Transborda que aconteceu na orla da Lagoa da Pampulha em BH — que dia! Duda Beat vem sendo isso e a crescente é mais que positiva.

Foto por Samuel Mendes.

5. Warpaint

Uma idealização há muito esperada. Esta foi a terceira vez da Warpaint no Brasil, entretanto, a primeira aberta ao grande público. Em novembro, voltando como headliner do Balaclava Fest — evento de um dos selos mais importantes da atual cena independente no Brasil, materializaram a ideia de que toda espera foi válida. Todas muito performáticas e animadas, as integrantes encantaram mais uma vez com sua mistura de rock alternativo, shoegaze e dream pop. As Warpaint me ensinaram a importância da representatividade e abriram minha então cabecinha de quase dez anos atrás para os timbres mais incríveis. Espero que voltem logo ❤

Top five da @annagramizando

6. Tributo a Rita Lee

Eu gosto as pampa das mina de Sampa. E de uma em especial: Santa Rita Lee. Letrux, Xênia França, As Bahias e a Cozinha Mineira e Tulipa Ruiz se reuniram no viaduto do Chá para cantarem Rita Lee no dia 25 de janeiro, aniversário de 464 de São Paulo. O tributo também homenageou os 70 anos de Rita, a mais perfeita tradução de São Paulo — e do meu coração metade paulistano.

7. Rakta

Sou fascinada pela Rakta desde o ano passado. Como dito no texto Sem Mulheres no Rock, só Rock, o trio transforma o palco em um ritual essencialmente feminino. Rakta é vermelho e expansão em sânscrito. Para abrir os caminhos de 2018 e estrear o compacto Oculto Pelos Seres (Dama da Noite Discos/Nada Nada Discos), a banda fez um showzaço pra lá de catártico no Centro Cultural São Paulo, com o público todo em pé e em transe ao redor do palco 360º. O som da Rakta transcendeu.

Meu par de pernas bem tiete no show.

8. Carne Doce

Eu nunca havia assistido a um show no Auditório Ibirapuera. O parque por si só já é um ambiente pra lá de maravilhoso. Em março, o refúgio dentro do cinza foi palco do show de despedida da turnê de Princesa e lançamento em vinil do álbum (que me arrependo até hoje de não ter comprado). Escutei ali pela primeira vez Amor Distrai (Durin) e Comida Amarga e ouvi um coro maravilhoso de Falo, de Princesa, — com direito a várias mulheres da plateia no palco. Falo grita tudo aquilo que está entalado faz tempo. E como é bom sermos ouvidas.

Story que resgatei do momento da nossa fala coletiva.

9. Far from Alaska

O CCSP foi meu quintal por alguns anos. Morar a poucos passos do centro cultural me rendeu o nome Entre a Liberdade e o Paraíso, por exemplo. Fato é que desde que eu descobri a Sala Adoriran Barbosa ela se tornou pra mim um dos melhores (e mais acessíveis) espaços para assistir show. Desde que o Alexandre Matias do Trabalho Sujo assumiu a curadoria de música do CCSP eu tive ainda mais a certeza disso. Pelo segundo ano ele organizou o Centro Rock no mês de julho. O evento reuniu bandas de diversas variações do gênero do Norte ao Sul do País. E todos os shows foram de graça. Consegui ir apenas ao primeiro dia (perdi Miêta, In Venus, Papisa, Cora, Carne Doce…). Mas assisti Far from Alaska (RN) e Deb and the Mentals (SP). E já foi foda demais.

Foto por Murilo Amancio.

10. Letrux

Yo no creo en brujas, pero lo se que yo soy una. No início da semana passada a Fran sugeriu a volta do Entrelp e a criação em conjunto desta playlist com os 10 shows mais topzeiras de 2k18. Aceitei como podem ver, mas com uma condição: que ela esperasse até sexta, dia 15/12, porque eu iria a um dos melhores shows do ano. Dito e feito. Letrux e Mãeana cantando bruxas foi um espetáculo épico. No CCSP elas cantaram Maria Bethânia, Angela Rô Rô, Adriana Calcanhoto, Rita Lee e outras bruxas. Durante a música final Pra Começar, da Marina Lima, Letrux lembrou que há exatos 9 meses Marielle Franco foi assassinada e que também era aniversário de Dilma Rousseff. Eu e a Fran fomos a alguns shows da Letux esse ano. E todos facilmente entrariam nessa lista. Letrux cantando Rita Lee, Letrux e Marina Lima, Letrux cantando Madonna… Foi bem difícil escolher só um show.

(Me empolguei nos stories do Instagram. Quem segue o @entrelp viu.)

Story das Bruxas no CCSP.

Foi bem difícil lembrar de alguns detalhes dos shows, das datas e dos setlists mas recorremos a stories antigos, amigxs e procuramos exercitar bem a cachola. Por isso, deixe seu aplauso, comentário e siga o Entrelp nas redes sociais (www.fb.com/entrelp e @entrelp no Instagram) para acompanhar nossa volta!

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Anna Bella Bernardes
ENTRE LP

Jornalista das Gerais perseguindo São Paulo. Comms leader do @museudapessoa e Co-founder da @entrelp. www.instagram.com/annagramizando