Encontrar a si mesmo é uma aventura

Taryne Zottino
Entusiastas
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2 min readJun 21, 2018
Na Irlanda também faz sol ❤ — Foto: @taryzottino

Hoje faz exatamente dois anos que deixei a Irlanda, minha segunda casa no mundo, para voltar ao Brasil. Os sentimentos costumam se misturar em datas específicas assim. Como diz a “Música sobre Saudade”, do cantor Valentin, “tem dias em que até o sopro do vento me faz querer partir de volta”. A brisa brinca com os meus cabelos, eu fecho os meus olhos e de repente estou lá. Bate uma vontadezinha de pegar um avião e ir embora, não posso negar. Mas o engraçado de tudo isso é que, mesmo ainda sentindo falta da Ilha Esmeralda praticamente todos os dias e sabendo da importância enorme dessa etapa, hoje eu tenho certeza: precisei voltar para me encontrar de verdade.

Quando parti para Dublin, eu postei uma foto no Instagram com a legenda: “Indo em busca do grande Talvez”, uma referência ao livro “Quem é Você, Alasca?”, de John Green. É muito mais fácil dizer isso agora, depois de todas as milhares de crises, mas a verdade é que o grande Talvez não está em um destino. Ele mora dentro de nós. Lá no fundo. E não aparece com facilidade. Precisamos de toda uma bagagem de vida, de experiências, de tapas na cara, sofrimentos e perdas. A gente reclama da vida adulta, mas a maturidade é uma bênção.

Sempre digo que viajar sozinha foi a maior aventura da minha vida, mas talvez a maior aventura esteja acontecendo agora. Eu só entendi quais são os meus sonhos e comecei a fazer planos mais ambiciosos depois de voltar. Eu sempre soube de uma coisa: não queria mais ter a rotina de antes da viagem. E estou no caminho para isso. Escolhi uma jornada longa, complicada, difícil, porém me sinto tão feliz por ter me permitido pensar nisso ao invés de fugir do chamado mais uma vez. Se eu continuasse na Irlanda, essas questões teriam me atingido de um jeito ou de outro e as respostas não estavam lá.

Esses dois anos foram uma montanha-russa de emoções. Fui do inferno ao céu. Do pessimismo à plenitude. Da depressão à euforia. Da ansiedade à calmaria. No momento, as coisas estão bem mais equilibradas por aqui. A minha saudade não é mais violenta e dolorida. É uma saudade regada de gratidão.

Eu quero voltar, claro. Adoraria deitar na grama do Phoenix Park, esperar na fila da Diceys com um sorriso de expectativa, olhar para alto e enxergar o Spire. E preciso muito abraçar meus amigos naquele lugar. Mas agora, pelo menos por enquanto, minha casa é aqui. E isso não é mais um motivo de frustração ou desespero. Porque Dublin sempre será minha casa também. Minha casa pode ser o mundo inteiro. E todas essas casas estão em mim e me ajudaram a encontrar um caminho. Ainda bem.

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Taryne Zottino
Entusiastas

Lê e escreve como uma forma de experimentar a vida duas vezes // IG: @tarynedisse