Pré-natal: o primeiro passo de uma boa gestação

Laís Holanda
Esquina On-line
Published in
6 min readJun 21, 2017

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Especialista afirma que o acompanhamento médico deve ser feito desde a descoberta da gravidez

O enfermeiro Gilson Duarte, que atende no Centro de Saúde Santa Maria, esclarece que a marcação do pré-natal é feita nos postos de saúde conforme a cidade que a gestante mora. Depois é feito no posto de atendimento um exame para confirmação da gravidez. Em seguida é realizado um encaminhamento com relação de documentos do SUS e do registro fornecido pela Secretaria de Estado e Saúde (SES), identidade e comprovante de residência. Após a inscrição no pré-natal, a gestante inicia o atendimento e é encaminhada para a Palestra de Primeira Gestante.

Documentos necessários para fazer pedido de Exame pré-natal pelo SUS

Na palestra as mulheres são orientadas sobre os cuidados e mudanças do corpo durante os nove meses e os exames a serem feitos. Os grupos têm como objetivo reunir as gestantes para ensinar como cuidar da alimentação, como amamentar, os cuidados com o recém-nascido e etc. Também são instruídos nas palestras sobre os tipos de partos, planejamento de parto e os cuidados no puerpério (período de 45 dias após o parto), além dos testes rápidos de HIV, Sífilis, hepatite B e C, com resultado em 20 minutos.

Testes rápidos de DSTs

“Quando eu soube da gravidez, eu fiquei muito assustada: por não ser uma gravidez planejada, porque eu estava sem plano de saúde, eu teria que fazer meu acompanhamento em um posto de saúde, e isso me assustou por ser público”. “Me surpreendi muito”. “Foi um acompanhamento maravilhoso e eu fui bem assistida”

Laura Raquel, 21, estudante de letras, que fez o acompanhamento no Centro de Saúde Núcleo Bandeirante conta com satisfação sobre o atendimento que teve no posto. A universitária explica que teve supervisão psicológica fornecida durante toda a gestação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para superar os anseios de ser mãe aos 21 anos, mas em contra partida reclama que teve que fazer alguns exames necessários durante os três trimestres na rede particular, porque nem sempre o centro de saúde fornecia os testes nas datas marcadas.

As Regiões Administrativas que atendem pré-natal na rede pública do Distrito Federal são: Gama, Santa Maria, Taguatinga, Ceilândia, Sobradinho, Planaltina, Guará. O Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) , Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e o HUB Hospital Universitário de Brasília são os que realizam assistência para pré-natal de alto risco, onde as consultas são feitas com mais frequência devido às ameaças para mãe ou para o filho. Os exames laboratoriais mais importantes realizados pelo SUS são hemograma completo, glicose, exame de urina e fezes. E as sorologias, rubéola, HIV, hepatite e sífilis.

A gerente de vendas, Larissa Amorim, 20 anos, fez o acompanhamento pré-natal no Centro de Saúde do Guará. Ela conta que achou o atendimento do SUS mais completo do que o particular, e só teve que pagar um antibiótico para infecção de urina que contraiu no final da gestão, o qual o posto não fornecia.

“Eu tenho plano de saúde, mas eu preferi o público por ser mais completo, e continuei nele”.

Tudo que você precisa saber sobre os exames durante os nove meses

Exame de Medição Uterina.

Vacinas

Durante a gestação a mãe precisa tomar vacinas para se assegurar de não contrair doenças e passar para o bebê. As imunizações são fornecidas de acordo com a análise do cartão de vacinas da paciente. São elas: antitetânica, da gripe e hepatite. Na primeira consulta de pré-natal a paciente recebe a prescrição médica do ácido fólico e do sulfato ferroso que serão usados até o final da gravidez. O primeiro para a formação cerebral do feto e o segundo para evitar anemia, cansaço e sono na mãe. O enfermeiro comenta que o grande número de pacientes torna o sistema precário.

“A gente sabe que existe uma superlotação, nós temos muitas gestantes, e vem muitas pacientes de Formosa, Goiás, Valparaíso, Novo Gama, Águas Lindas e Minas Gerais também, então existe uma superlotação nas maternidades, e consequentemente faltam pediatras, que é importantíssimo na execução de um parto seguro e precisa da presença do pediatra. Então realmente fica precário nesse sentido, existe uma superlotação e poucos funcionários atendendo”.

Reclamações

As reclamações ocorrem na realização dos exames, pois nem todos os centros de saúde e hospitais realizam o procedimento, ou até mesmo demoram por causa da grande demanda de pacientes, forçando a maioria das mulheres procurarem atendimento particular. Em Brasília, apenas 17 Hospitais e Centros de Saúde atendem pré-natais enquanto 15 realizam atendimento de obstetrícia.

Cabelos loiros e ar cansado de uma puérpera, Brenda Pereira de 21 anos, fez o acompanhamento pré-natal na Unidade Básica de Saúde Valparaíso. A estudante durante os nove meses, pegava ônibus todos os dias para o trabalho até a última semana prevista para o parto. Ela faz um elogio a rede pública de saúde “As consultas eram todas nas datas marcadas.” Em contrapartida conta:

“precisei fazer a maioria dos meus exames e ultrassons no particular, porque o posto não tinha alguns exames e quando tinha não era na data que eu deveria entregar os resultados.”

Beatriz Alves, professora, 20 anos, fez o pré-natal no Posto de Saúde na Zona Rural de Chapadinha, Brazlândia, contou que foi bem atendida apesar de o local ser pequeno, e ter que se deslocar para o Hospital de Brazlândia para realizar os exames necessários durante a gestação. “A médica foi muito atenciosa, marcou consulta todo mês, certinho.”

O Ministério da Saúde lançou as Diretrizes do Parto Normal em março deste ano, que garante à mulher direito legal a acompanhante, orientações e benefícios do parto normal. O planejamento de parto promove boas práticas obstétricas e diminui os riscos de mortes e internações na UTI. A Conselheira Federal de Enfermagem, Fátima Sampaio, acentua que a execução das normas propostas pelas Diretrizes do Parto Normal por profissionais de Enfermagem é muito importante, na medida em que há um direcionamento para uma prática mais segura, baseada em evidências científicas

“Agora que foram publicadas as Diretrizes do Parto Normal, temos que buscar divulgar cada vez mais, especialmente, no que diz direito ao profissional que assiste a mulher e ao local”.

A mulher fica até 40 semanas grávida, o que resulta no total de 10 meses de gestação. Para descobertas de doenças, e tratamento de um bom crescimento do bebê no útero é importante que se faça o acompanhamento pré-natal desde a descoberta do positivo.

Veja também reportagens sobre direitos trabalhistas das mulheres grávidas e apadrinhamento afetivo nesta edição do Esquina On-line.

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