Oferta x Demanda: uma lógica que você deveria conhecer, já!

O preço das criptomoedas é um dos assuntos que mais causa polêmica nas discussões sobre moedas digitais nas redes sociais, fóruns e eventos. A razão é simples: assim como o aspecto tecnológico, o financeiro por trás das criptomoedas é totalmente novo. E quando algo novo se torna popular não atrai apenas admiradores, mas críticos também.

Todo o sistema financeiro tradicional está fortemente enraizado em metodologias bem conhecidas: se algo acontece nos Estados Unidos, afeta o preço do dólar no Brasil. Se o governo chinês anuncia uma nova política, faz subir ou descer o preço da saca de soja. Ainda que não seja possível prever subidas e descidas, há um histórico de preços nesses ativos que os tornam mais previsíveis. Com as criptomoedas é completamente diferente.

Oferta versus demanda

Até ano passado as criptomoedas eram mais suscetíveis a notícias do mercado quando o assunto era preço. Boas notícias jogavam a cotação para cima, más notícias as traziam de volta para baixo. Mas a longa correção que estamos passando mudou esse cenário. Hoje nem mesmo grandes anúncios são suficientes para elevar preços.

Há duas razões para essa evolução do mercado: a primeira é a perda de confiança. Grandes anúncios ou parcerias já se mostraram ineficientes quando relacionados à evolução da moeda como ativo. Na verdade muitos projetos se preocuparam mais em correr para anunciar parcerias e espalhar suas moedas no maior número possível de corretoras que esqueceram de investir na tecnologia. Isso fez com que o mercado se tornasse mais cético em relação a esse tipo de influência.

O segundo ponto é que o próprio mercado descobriu que o preço das criptomoedas está cada dia mais ligado à demanda, assim como ativos tradicionais. Isso significa que há um longo caminho de adoção de moedas digitais, principalmente Bitcoin, antes de retomarmos grandes subidas de preço.

Novos modelos de precificação

Entender que o preço das criptomoedas está diretamente relacionado a sua demanda obriga o mercado financeiro a trabalhar com novos modelos de precificação, menos inclinados à especulação e mais coerentes com a capacidade dos projetos em entregar valor. Na prática, os investidores devem se aproximar mais de modelos de avaliação como fazem os fundos de venture capital, do que modelos de fundos financeiros.

Entender esses novos modelos não é difícil: para criar demanda uma criptomoeda precisa estar sob um projeto coerente, que esteja disposto a realmente criar valor e relevância; e não apenas lucrar com especulação. A avaliação também deve levar em conta a capacidade de entrega do time e a tendência do mercado: há gente (pessoas e empresas) dispostas a utilizar a moeda para que ela crie escassez e se valorize?

A resposta para essas perguntas pode ser determinante ao avaliar uma criptomoeda. Aquelas que conseguirem um retorno positivo é que terão entendido a forte relação entre oferta e demanda e serão capazes de se valorizar muito acima da média do mercado. E isso vale, inclusive, para Bitcoin.