12 dias pelo sul do Chile de motorhome — O dia a dia
Essa é a segunda parte dessa viagem sensacional, caso não tenha lido a primeira parte, recomendo fortemente: 12 dias pelo sul do Chile de motorhome
Histórias! É isso que você vai ler aqui. Histórias tensas, hilárias e inusitadas que aconteceram nesses 12 dias viajando com minha melhor parceira de viagem, minha mãe, e a querida amiga Ana Claudia. Relembrar é viver! Se arruma na cadeira, pega uma água/café/cerveja/vinho e vem relembrar e rir comigo!
Tudo pronto?
Dia 27/04, minha mãe chega no Rio de Janeiro. Nosso embarque é no dia seguinte. Jantamos e conversamos ansiosos pelas aventuras que iríamos fazer. Repassamos o roteiro. Dia 28/04, o grande dia! Acordamos cedo, fomos caminhar na praia, voltamos e começamos a organizar as coisas. 3 horas antes do voo:
Eu: Mãe, tudo pronto?
Ela: Sim
Eu: Vamos repassar as coisas que devemos levar. É uma viagem internacional! Passaporte?
Ela: Aqui!
Eu: Deixa eu ver!
Ela: Ta aqui menino! Olhe!
(Ela folheia — Ela tinha feito uma viagem internacional um mês antes)
Eu: 😮(F*DEU!) Mãe, esse passaporte ta vencido, olha o carimbo na primeira folha! (Pensamento rápido: Mercosul, carteira de identidade é documento válido!) Você trouxe sua identidade né?
Ela nervosa: Vencido? Não! Onde? Meu Deus! Trouxe o outro passaporte! 😰
Resumo, porque foram horas super tensas: Envolve irmão, amigos, vizinhos, taxistas, funcionários de empresa área e o passaporte válido chega ao RJ em menos de 24 horas. Compra novas passagens e chegamos em Santiago-Chile a meia noite do dia 30/04, onde a Ana Claudia já nos esperava há dois dias.
E você achando que as aventuras começavam no motorhome, não é?
Ledo engano!
Como destrava esse troço?
Um dia depois que chegamos, pegamos o motorhome em Santiago em uma especie de mini-rodoviária. Total atenção a todas as instruções (em espanhol), nível de entendimento: 30%. Sento no banco do motorista, ligo o motorhome, o instrutor se despede e eu fico pensando: COMO DESTRAVA ESSE TROÇO?
Depois de lembrar de um movimento estranho que ele fez perto do volante, voilà! Primeira marcha e segue a estrada a exatamente 30km/h. Um tempo depois, me lembro de perguntar: Então, vocês entenderam tudo? A resposta foi em coro: Nada! Rimos nervosamente e eu pensei:
Vai dar certo! Pensamento positivo!
Pra onde vocês estão indo?
Fizemos algumas compras em uma feirinha na beira da estrada e dormimos em um posto COPEC em San Fernando. Aquela excitação de dormir pela primeira vez em um motorhome, em um posto de gasolina, em outro país! ❤Isso é seguro mesmo? Dormi com um olho fechado e outro na janela! 👀
No outro dia, acorda, friozinho, aquele café pra esquentar que acabou virando marca da viagem e pé na estrada. Mais a frente, paramos em um outro posto COPEC para comer alguma coisa. Vou fazer o pedido no caixa, volto e vejo um gaúcho (tudo o que sabemos dessa pessoa até hoje!) conversando com minha mãe e a Ana. Empolgado com o fato de estarmos viajando de motorhome, nos perguntou: "Pra onde vocês estão indo?". Contamos nosso planejamento e ele fez várias observações e dicas de novos lugares. Terminamos de comer, agradecemos a companhia e entramos no motorhome. Vamos pra onde agora? Ah! Vamos seguir a dica dele, parece mais legal! E foi assim que começamos a mudar TODO o nosso roteiro planejado por meses!
Obrigado gaúcho! A viagem não seria tão fantástica sem as suas dicas!
O que é aquilo ali?
Seguimos, então, para o Parque Nacional Conguilio, Región de la Araucanía. Jamais esse parque tinha aparecido nas minhas pesquisas mas, segundo o maps, era um parque super grande e com infra-estrutura de camping! Depois de 4 horas de estrada, saímos da Ruta 5 Sur e pegamos uma estrada simples. Já mais acostumado com o tamanho do motorhome, vamos em frente. Curtindo a paisagem.
Chegamos em Curacuatin, GPS todo confiante nos mandando cruzar a cidade. Até chegarmos a uma estrada de terra! 😧 Vamos lá, tem só uns 5km! 30km/h, lembrando que o instrutor do motorhome falou: "Não ande com ele por estrada de terra!".
Sobe, desce e encontramos a entrada do parque. Chamamos e ninguém na portaria. Ah, vamos abrir a cancela e entrarmos, quem sabe eles não estão na sede do parque! A noite caindo, paisagem começa a mudar: Grandes espaços abertos, árvores caídas, terra preta, muita pedra e uma forte neblina. A última alma viva que encontramos foi em Curacuatin. Eis que: "O que é aquilo ali?" Uma placa! Lê aí, por favor!
Não dá pra fazer a volta, vamos sair daqui logo!!! Alguns metros depois, mais uma placa indicando o nível de perigo de erupção… Pernas bambas, várias risadas nervosas e uma dor sinistra nos ombros. Preciso descansar, vamos logo para a sede do parque!
Começa a chover, o frio aumenta, o farol já teve que ser ligado porque já esta tudo escuro e estamos no meio de arvores gigantes. Na estrada, surge uma ladeira enorme com um grande buraco no meio. Minha mãe já solta um: "NÃO VAMOS POR AÍ, NÃO!". Rimos ainda mais nervosos e decidimos passar a noite em um "estacionamento" poucos metros antes dessa ladeira.
Apaga a luz!
Enfim, estacionamos! Pego a lanterna e vou andar um pouco ao redor. Vejo há uns 30 metros, um lago com várias árvores caídas dentro, uma pequena floresta ao nosso redor, uma neblina que crescia a cada minuto e uma garoa que deixava tudo ainda mais frio, ou seja, um perfeito cenário de filme de terror. 😅 Achamos melhor entrar no motorhome, abrir algumas cervejas, fazer nossa janta e rir das aventuras desse que foi apenas o primeiro dia, de fato, no motorhome.
Conversa vai, conversa vem. Já bem mais calmo pelo bate-papo descontraído combinando as trilhas que faríamos no outro dia, a cerveja fazendo efeito quando vejo uma luz na janela do fundo do motorhome. Corri para ela e fiquei olhando um carro, possivelmente uma van, se aproximando e parando há uns 10 metros do nosso motorhome. "Apaga a luz!", falei rápido e nervosamente.
Ficamos observando a movimentação no carro, aparentemente 3 adultos. Não sabia se eu saia e ia falar com eles ou se ficava e fingia que não estávamos ali dentro. Passaram vários minutos entre as pessoas entrarem e sairem de dentro do carro, caminhar em volta e olhar para o nosso motorhome. Após isso, eles saem com alguma coisa na mão (eu tinha notado que era uma arma mas fiquei calado pra não assustar ainda mais minha mãe e Ana) e entram na mata.
Ainda muito assustados, ficamos criando teorias de quem seriam aquelas pessoas e o que elas estavam fazendo ali aquela hora da noite. Creio que eles pensaram a mesma coisa de nós. 😅 Dormi sentado em uma poltrona do lado da porta e sempre olhando para dentro da mata. Mais ou menos as 5:30, as pessoas saíram da mata, ligaram o carro e foram embora.
Moral da história: Me dei conta que vivemos com muito medo. 😕 O que para aquelas pessoas era só mais um dia de caça, para nós era um grupo de assaltantes, estupradores e sabe-se o que mais lá o medo nos guiou a pensar.
Parte 2
Ficou mais longo do que eu esperava esse relato, por isso, resolvi fazer em duas partes: 12 dias pelo sul do Chile de motorhome — O dia-a-dia (Parte 2)
Um grande abraço a todos! =)
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