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Comunicação Não Violenta como ferramenta de Relacionamento e Comunicação nas organizações

Mary Gabriela
Fantástico Mundo RP
7 min readSep 26, 2019

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Este ano iniciei o Curso Avançado de Comunicação Interna pela Aberje, um curso muito completo e com vários módulos integrados e com a proposta de aprofundar os conhecimentos em Comunicação com os Empregados e compartilhar experiências. Até aí tudo bem, nada além do esperado em cursos de altíssimo nível como são os da Aberje.

Com temas mais que atuais e urgentes para a nossa área como, por exemplo, Diversidade com Ricardo Sales do Mais Diversidade e Métricas com a Suzel Figueiredo da Idea Fixa, RPs que sempre admirei e tive a honra de conhecer pessoalmente, o curso me proporcionou um inesperado e profundo conhecimento sobre mim mesma e as minhas expectativas inclusive enquanto Relações Públicas.

Esta semana tenho o desafio, que carrego com muita responsabilidade, em seguir um novo clima de postagens por aqui. Inaugurado pela Aline Weber ao falar do quanto vale a pena ser RP , falamos também de Coragem na Comunicação com a Fernanda Hack e nas últimas duas semanas temos falado sobre propósito e responsabilidade na carreira com a Priscila Couto e Desapego na Comunicação com a Kelen Turmina. Temas importantíssimos e que, coincidentemente ou não, têm conexão com o tema do último módulo que fiz no Curso de Comunicação Interna Avançada e que vou abordar em resumo para vocês aqui — Criando ambientes de trabalho efetivos-afetivos: o uso da comunicação não-violenta nas organizações com Pamela Seligmann da Casa Firmamento.

❤ turma de Girafas recém-nascidas! ❤

O QUE É A VIOLÊNCIA?

Antes de avançar nos quatro passos da CNV (Comunicação Não Violenta) e apresentar algumas estratégias para iniciarmos um novo estilo de se comunicar com o mundo, é importante entendermos o que é a violência e como nos deparamos com ela nos mais inusitados espaços e situações.

"Toda violência é reflexo de uma necessidade não atendida". Marshall B. Rosenberg

O silêncio quando estamos nos apresentando, a falta de interesse naquilo que dizemos em reuniões, constantes interrupções e explicações repetidas são exemplos de violência na comunicação e nos nossos relacionamentos. Não necessariamente a Comunicação Violenta vem carregada de xingamentos, tom ríspido e palavrões, mas a certeza é de que ela é carregada de julgamentos. Esse para mim foi o primeiro grande ensinamento.

Deixar de ouvir o outro enquanto fala ao usar o celular ou demonstrar desinteresse é tão violento quanto ser grosseira nas respostas. Pamela Seligmann

Você já se viu nestas situações? Pois eu já e somente agora entendi que muitas das minhas atitudes são reações principalmente das minhas necessidades não atendidas, e no curso consegui descobrir quais delas são.

E você? Sabe quais são as suas necessidades?

Saber suas necessidades é um dos quatro passos da CNV. Mas antes de tudo precisamos compreendê-las e identificar de que forma nós atuamos para atendermos cada uma delas.

Reconhecimento, respeito, felicidade e honestidade são alguns exemplos de necessidades universais assim como descanso, segurança, moradia e alimentação. Quando estas necessidades não são atendidas é muito difícil de um relacionamento entre duas pessoas, uma família e até entre empresa e empregados ser bem sucedido.

E isso me leva ao seguinte questionamento…

Estamos atentos a essas necessidades ao desenvolver campanhas de Comunicação Interna e Endomarketing?

O quanto cobramos por resultados e metas cada vez mais desafiadoras a equipes que muitas das vezes ainda não receberam os EPIs (Equipamento de Proteção Individual) para executar as atividades ou quando celebramos o dia dos pais e das mães na empresa e temos colaboradores que há anos tentam engravidar/adotar ou que perderam seus filhos recentemente?

Por isso a palavra de ordem na CNV é a EMPATIA. Somente a partir dela que poderemos construir uma comunicação não violenta nas organizações e em nossos relacionamentos.

Mas o que é empatia para você?
Até o curso eu achava que empatia era se colocar no lugar do outro. Mas na realidade não é bem assim. É impossível você se colocar no lugar de outra pessoa, pois ela carrega um repertório imenso de experiências, inseguranças e memórias que você não poderá acessar.

Empatia é escutar o outro, é dar oportunidade dele expressar-se e expor os seus sentimentos.

Mas será que nós realmente escutamos o nosso público?
Estamos preparados para ouvir o que os empregados têm a dizer?

OS QUATRO PASSOS DA CNV

Todo conteúdo e atividades que fizemos no curso com a Pamela Seligmann são baseados na bíblia da CNV — Marshall B. Rosenberg.

Entender a teoria é fundamental, mas na CNV a vivência e as práticas são essenciais para compreender o quão difícil é adestrarmos o nosso Lobo e deixar emergir a nossa Girafa na comunicação.

Lobo e Girafa: são os representantes opostos na CNV. O lobo é o que somos no dia-a-dia quando reagimos sem pensar nos quatro passos ao sermos contrariados e questionados. Já a Girafa, mamífero com o maior coração e um pescoço grande que permite olhar todo o cenário, é o símbolo da CNV em prática.

Os quatro passos parecem simples, mas é extremamente difícil de praticar. Desde o curso tentei várias vezes e me frustrei em algumas ocasiões. Vale entender melhor e praticar em cursos e oficinas, afinal, mudar nossos velhos hábitos realmente é um desafio:

  1. Observação:
    Antes de tudo necessitamos observar os fatos como eles realmente são. Tente entender o que é fato e o que é julgamento. Se apegar às nossas interpretações das coisas é uma grande armadilha da CNV.
  2. Sentimento:
    Como o fato que acaba de observar faz você se sentir?
    Decepção não é um sentimento válido pois ele carrega uma expectativa no outro e aproveito para questionar você:
    Alguma vez você se decepcionou com o mercado de Relações Públicas? Pois então cuidado, essa decepção está muito mais atrelada ao que você esperava do mercado. Tente observar os fatos e quais são as suas necessidades na carreira. Como disse lá atrás, nossas necessidades são responsabilidades unicamente nossas e por isso nós devemos ir atrás de atendê-las. ;)
  3. Necessidade:
    O que é necessidade e quais não estão sendo atendidas?
    As necessidades devem ser universais tais como moradia, alimentação, respeito, reconhecimento e até empoderamento. Sim, isso mesmo, eu também descobri que empoderamento é uma necessidade e, mais uma vez, desmistifiquei meus conhecimentos. Sendo uma necessidade, o empoderamento só pode ser atendido por mim mesma e por você também. Como você atua para empoderar sua carreira e a profissão de Relações Públicas? Sabendo que esta é uma necessidade que você precisa atender, o que você está fazendo para isso?
    Aqui vale mais uma vez uma menção ao texto da Pri — Se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve
  4. Pedido
    Por fim, depois de seguir os três passos é o momento de fazer um pedido com base nos fatos observados para que você não se sinta mais mal com o que ouviu ou deixou de ouvir.

Todo o curso me fez refletir sobre como nos comunicamos com os outros em diversos âmbitos — profissional e pessoal — e junto dos meus colegas, chegamos a conclusão. Em nossos relacionamentos diários escutamos apenas para falar depois, é como se jogássemos bola com o objetivo de fazê-la cair sempre, assim como é no Tênis. Mas Pamela Seligmann e a CNV nos ensinaram que:

Precisamos tratar nossa comunicação como um jogo de Frescobol, cujo objetivo é de manter a bola sempre no ar, em que cada jogador observa e ajuda o outro pois ambos têm um objetivo comum.

A Comunicação Não Violenta é uma escolha de vida, é um ato de resistência aos momentos de perturbação que temos em nossas relações de trabalho, na escola, na família e com os amigos.

Podemos praticar a CNV em nossas peças de comunicação interna, nos anúncios e vídeos que fazemos e também quando argumentamos com os CEOs e Diretores que aprovam nosso trabalho.

E você? Está afim de tomar uma decisão e agir para melhorar as suas relações?

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Mary Gabriela
Fantástico Mundo RP

Relações Públicas — Especialista em Comunicação Interna. conteudista do “Fantástico Mundo RP”, conselheira do Conferp e Gerente de CS da “SimplificaCI”.