Madona Negra, foto de Marcela Bonfim

9 artistas negras para conhecer e celebrar

Guia Maria Firmina
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No dia 25 de julho é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latina e Caribenha. Reconhecido pela ONU, a data aqui no Brasil também celebra a líder quilombola Tereza de Benguela. Não sabemos se ela nasceu no Brasil ou em algum país africano, apenas que que ela viveu durante o século XVIII no Mato Grosso e foi a maior liderança do Quilombo do Quariterê, hoje um município há 548 km de Cuiabá.

resiste, preta
é o que sinto vontade de dizer
mais sei também que machuca
permanecer no fronte
de pé e armada
sei dos dias
que a gente quer colo
e mais nada
dos dias que a paz
não faz visita
dos dias em que
o aperto no peito grita
você me diz que parece
que vai quebrar
não deixe te fazerem esquecer
que nenhuma espada
pode te cortar
sua raiz tem profundezas ancestrais
é por isso que você já renasceu tantas vezes em tão pouco tempo
e seu coração é escudo
quem mantém viva
sua luta
Ryane Leão

Mulheres negras são resistência e isso é indiscutível. Mas quanto tempo ainda precisarão estar no fronte e lutando por direitos básicos como respeito e igualdade de raça e gênero? Vamos aproveitar esse dia para celebrar as artistas negras que conhecemos. São tantas! Umas pioneiras, como Maria Firmina dos Reis, outras seguindo caminhos que foram abertos com muito custo pelas primeiras. Cantoras, compositoras, slammers, bailarinas, cineastas, fotógrafas artistas visuais. Quantas artistas negras você conhece?

O Guia Maria Firmina separou nove artistas que ja passaram por aqui e que, se você não conhece, precisa conhecer. Vamos lá?

Kimani

Passando de menina doce à poeta ácida, se transforma com um lápis ou um microfone nas mãos. No palco dos slams e saraus, a poeta vocifera as suas dores e as dores de outras mulheres negras e periféricas.

Maria Firmina dos Reis

Mulher. Negra. Maranhense. Primeira concursadA para o cargo de professora em seu Estado. Romancista. Poeta. Contista. Fundadora da primeira escola mista do Maranhão. PrimeirA a publicar um romance no país. PrimeirA a escrever um romance abolicionista. Dá pra sacar o motivo de termos um guia cultural homenageando essa mulher incrível, né? Apesar do pioneirismo, Maria Firmina dos Reis não está presente nas aulas de literatura braileira, nem é muito citada na academia. Para nossa sorte, porém, há cada vez mais mulheres, principalmente negras, resgatando sua obra e importância histórica para o Brasil.

Nossa história invisível

Nossa história invisível foi uma das primeiras reportagens que rolou aqui no nosso site ❤ A websérie foi criada por quatro minas da periferia de São Paulo contou, na primeira temporada, a história de dez mulheres negras, que além do racismo e machismo, também sofrem por fazerem parte de outras minorias sociais.

Com o tema Mulheres negras na arte, a segunda temporada lançou em abril de 2019, com relatos de artistas negras que contam sobre seus processos criativos e do papel da mulher negra nas artes.

Marcela Bonfim

Se você fechar os olhos e imaginar a Amazônia, provavelmente vai pensar nas árvores, nos animais, na floresta, nos índios… Onde está o negro nesta história? Mais especificamente, onde está sendo contada a história do negro em Porto Velho, Rondônia, na região Amazônica? A Amazônia é Negra? Marcela Bonfim, fotógrafa, ou melhor, mulher negra, como ela mesma prefere se afirmar, saiu em busca dessas respostas, registrando a história e as feições dos corpos negros residentes na Amazônia. Em novembro de 2017 a fotógrafa realizou uma exposição do Centro Cultural da Caixa Econômica e podemos acompanhar o desenvolvimento do projeto no instagram.

Preta Ilustra

Onde estão as mulheres pretas na arte? Esse foi e ainda é o questionamento de Vanessa Ferreira, publicitária, designer, diretora de arte, mulher preta e idealizadora do Preta Ilustra uma plataforma gratuita que liga as mulheres negras a arte, colocando as mulheres no centro de suas próprias histórias.

Yzalú

Cantora, compositora e intérprete que faz rap na batida do violão. Essa é a paulistana Luiza Yara Lopes Silva, mais conhecida como Yzalú. O violão é a ligação da artista com a MPB, e a sua vivência de mulher negra, periférica e com limitações de locomoção (Yzalú usa uma prótese em uma das pernas) dá o tom às suas rimas.

“Eu acredito que não optei pelo rap, na verdade em muitos momentos eu evitei a música, não me enxergava sendo um dia uma artista e só queria tocar meu violão. Hoje me sinto muito honrada e grata, porque vejo que o rap me acolheu, permitindo que eu pudesse expressar a minha arte e com isso promover uma transformação social a partir da minha condição e vivência enquanto mulher preta”.

Foto: Estúdio Thiago Drummond

Rosana Paulino

“Para mim a arte é verdadeira quando toca naquilo que incomoda quem produz”. A artista visual Rosana Paulino se propôs, desde o início de sua carreira, a trabalhar com o tema que sempre a incomodou: a representação da população negra, a forma como é contada a história dos escravizados no Brasil e a união desses dois pontos para a manutenção do racismo estrutural no país. A artista ocupou no final de 2018 as salas principais da Pinacoteca de São Paulo, mostrando trabalhos visualmente fortes e potentes, que levam a reflexão sobre o racismo no nosso país.

Ilú Obá de Min

“O patrono do Ilú é Xangô porque nós, mulheres negras e não-negras, clamamos por justiça, e esse é o orixá que a representa”. Beth Beli comanda um exército de 450 mulheres no Ilú Obá de Min. A batalha é a luta diária contra o racismo, o machismo e a homofobia. As armas? Alfaias, xequerês, djembes, tambores, agogôs e berimbaus. Um exército feminino e feminista pronto para guerrear no carnaval de São Paulo e ocupar o espaço de destaque que a cultura africana e afro-brasileira merece.

Raquel Trindade

“Eu sou negra, artista popular, nordestina, candomblezeira, militante do movimento negro e militante socialista”. Raquel Trindade era tudo isso e muito mais. Filha do poeta e ativista Solano Trindade e da coreógrafa Maria Margarida Trindade, Raquel foi e ainda é, uma das mais importantes artistas negras e símbolo da cultura afrobrasileira.

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Guia Maria Firmina
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Projeto criado para divulgar o trabalho de mulheres artistas. Por Taís Cruz e Victória Durães