Querem nos Calar: poemas para serem lidos em voz alta
Se você gostou de Outros Jeitos de Usar a Boca e de O Que o Sol faz com as Flores, definitivamente precisa conhecer Querem nos Calar: poemas para serem lidos em voz alta, publicado pela Editora Planeta. A antologia poética reúne 15 das maiores poetas slam brasileiras e é organizado por Mel Duarte.
“O slam é um espaço poético-político, democrático, que tem como principal conceito a liberdade de expressão, fazendo do livre diálogo uma ferramenta para a construção de novos horizontes. E, para além de um espaço de fala, é também um convite para à escuta”, explica Mel Duarte na apresentação do livro.
Com prefácio de Conceição Evaristo, Querem nos Calar traz, através da poesia, a realidade das mulheres negras, brancas, periféricas, representantes do movimento LGBT, artistas de rua e feministas. São elas: Anna Suav, Bell Puã, Bor Blue, Cristal Rocha, Dall Farra, Danielle Almeida, Laura Conceição, Letícia Brito, Luiza Romão, Luz Ribeiro, Mariana Feliz, Meimei Bastos, Negafya, Roberta Estrela D’Alva e Ryane Leão. É interessante notar o cuidado da organizadora do livro em selecionar poetisas de todos as regiões do Brasil, tornando o livro bastante representativo.
Diferente dos livros da indiana Rupi Kaur, Querem nos Calar traz a realidade nua e crua das minorias femininas brasileiras. Ao ler os poemas, a leitora é automaticamente transportada para uma roda de slam, onde a sonoridade e o impacto das rimas fazem refletir sobre a realidade enfrentada por muitas brasileiras.
todas as mulheres
são pássaros
que o patriarcado
tenta aparar as asas
em cada grito sufocado
na vigilância às minissaias
ou na proteção concedida
ao brother canalha
assim mesmo
muitas e muitas
asas aparadas
levantam voo
Bell Puã
O livro Querem nos Calar é um marco não apenas para a divulgação da cultura slam, mas também como forma de fazer com que as vozes dessas mulheres sejam ouvidas e conhecidas. É uma prova física, impressa em 215 páginas, de que as mulheres não vão mais ser silenciadas. Afinal, elas escolheram as melhores armas para vencer o patriarcado e a opressão: a voz e a palavra.
Assista ao vídeo de Mel Duarte recitando um dos poemas da antologia:
