Tenho andado correndo
Parada sem freio
Metendo arreios
Um tanto desembestada
Talvez saturada
De tanta loucura sem satisfação
Tenho sofrido sorrindo
Corro o suficiente pra achar que não me canso
Você está em todos cantos da casa
Da sala, da cama
Dos espaços que eu queria ocupados por você
Não me cessa a vontade de te ver
Gritando calada
Estranhamente controlada
Mesmo embebida em raiva
Talvez domesticada
Pelo o que vem e não tem solução
Sem identidade, sem cor, sem pele, sem alma
Bela musa, muda
Perdida
Um nada no asfalto
Solta como pena que vai no vento
e se perde mais ainda
A taça de vinho que caiu
A mesa que tremeu
A ação não reprimida
O cidadão perdido em desejo
Dominado pelo fato de querer ser dominado
Olha pra baixo como quem foge da luta
Escreve
Até quando esquece
Rebelde de si sem pausa
Tenta de novo mais uma vez
Veja bem
Não sabe pra onde vai
Mas descobriu que indo
Aos Sons que vertem
Opostos
Eu tu eu tu eu
não mais ninguém
Aos Sons que não soam
do silêncio
Nós
inteiros partidos
olha, amor
lá fora,
meus espíritos
se odeiam
minha carta
é a do diabo
minha mente
é meu relento
meu corpo
plataforma de sofrimento
a seriedade
mora numa caixinha
de papelão