O mapa do segundo ano como "nômade digital". Continuando pelas Américas.

2 anos morando fora do Brasil

Sérgio Estrella
Morando Fora
Published in
3 min readMar 6, 2020

--

Há 2 anos eu saí do Brasil. Pela primeira vez na vida, aos 30 anos de idade.

E tem sido uma experiência difícil de descrever. Quando você trabalha remoto, tem duas escolhas: ficar em casa ou tornar cada país sua casa por um período de tempo. No primeiro ano, eu estive pela Europa ocidental e Ásia, conhecendo países muito diferentes do que eu estava acostumado. Esses dois continentes são o que se pode chamar de nível fácil, pois são seguros fáceis de lidar falando inglês. Já a América Latina, que ocupou a maior parte do segundo ano, seria o nível médio. Há problemas de segurança e desigualdade social por todo o continente, e os países são mais parecidos com o que eu estava acostumado a ver no Brasil.

Isso por um lado fez com que eu sentisse falta de ver coisas diferentes e exóticas, mas por outro, tornou as mudanças entre países mais fáceis. O grande ganho deste ano foi aprender uma nova língua. Cheguei na Argentina falando um espanhol muito básico — o tal do Portunhol — , e hoje me comunico muito bem. Se você é uma pessoa que só fala inglês, teria muitas dificuldades na América Latina, mas com o espanhol eu pude me integrar bem à todos os países, e conhecer aquilo que eles tem de melhor: o povo latino. Pessoas amigáveis, receptivas, cálidas, e que tratam estrangeiros até melhor que seus conterrâneos (o contrário do que acontece na Europa ocidental e nos Estados Unidos). Mas cuidado, enquanto asiáticos são em geral pessoas bondosas, confiáveis e tímidas, os latinos são amigáveis, animados, e extrovertidos, porém é necessário ter um senso de "malandragem" (principalmente na Colômbia e no Brasil) para não se deixar ser enganado por essa buena onda.

Depois do México, tive que desenferrujar meu inglês depois de tantos meses falando espanhol, e descobri que nos Estados Unidos as coisas funcionam bem diferente, e o povo é mais fechado, e no Canadá, de alguma forma tudo funciona muito bem, mesmo com o frio extremo.

Em todos os lugares que passo, sempre que me perguntam o que eu faço e onde vivo, as pessoas ficam impressionadas e me dizem que é o sonho delas fazer o mesmo. É claro que nem tudo são flores (alô, infecção alimentar quase todo mês!), mas eu sou muito grato por poder fazer isso, e gostaria que mais pessoas pudessem. É um aprendizado e uma readaptação constante, tanto que esse ano começou a bater o cansaço, mesmo eu aumentando o tempo de permanência em cada lugar — no primeiro ano eu ficava 1 mês e meio em países que imaginava que seriam bons para viver (agora fico entre 2 e 4 meses), e apenas alguns dias em países que queria visitar (agora fico uma semana). São coisas que preciso ir ajustando, mas estou longe de terminar!

A imagem no topo é o mapa gerado pelo meu perfil no site NomadList.

--

--