Coisas da Vida | Amor Próprio e a composição lírica musical.

Mayara Santos
MUI Content
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3 min readMar 12, 2018

A respeito da falta de controle sobre expressão artística e a livre interpretação do receptor, como um só.

Quais são as chances de encontrarmos um artista que componha uma canção que possa dedicar a si próprio? Correndo o risco de parecer desconexo, este tipo de insight pode nos levar a observar melhor a falta que faz conhecer (e amar melhor) a nós mesmos.

Não ouso aqui afirmar com generalismos ao tratar do assunto, mas é sabido que ao menos 90% das músicas compostas, nos trazem conteúdo lírico voltado para o outro. Ainda que componha sobre mim, ressalto os efeitos que o outro causou em mim e por aí vai.

A questão aqui não está em criticar artistas por expressarem suas experiências cuidadosamente tecidas em palavras e melodia. Gostaria apenas de propor uma reflexão sobre o amor próprio (ou então o olhar crítico sobre si mesmo).

E é a partir daqui, que esta reflexão passa do compositor para o ouvinte, que precisamente irá receber a música (em termos genéricos, usando o senso comum de auto identificação), para expressar-se com relação ao outro, para o outro e não para si próprio. Ou então dedicar ao outro, e jamais a si próprio.

Seria o Eu lírico assim tão contraditório caso se tornasse seu próprio assunto e interlocutor? Observe que aqui isto até parece soar esquizofrênico tratando-se de um diálogo; beirando um absurdo que é completamente imaginário.

Ora pois, quem dedicaria uma música para si? Seria o cúmulo do absurdo (ou apenas impensado até o presente momento). Ouvimos para nosso deleite e pura identificação, ou seria este o princípio de dedicar a si próprio uma música? Quando estou feliz ouço isto e quando estou triste ouço aquilo. São sobre mim? São para mim? E pensando bem, podemos até mesmo dedicarmo-nos canções, ainda que internamente, sem a necessidade intrínseca em divulgar para que mais alguém o saiba.

Vamos aos poucos aprendendo a conversar conosco pelas entrelinhas. Na prática, não o fazemos conscientemente por conhecermos a nós, menos do que achamos que conhecemos o outro. Então dedicar ao outro algo que poderia ser para si, torna-se mais fácil.

Gostaria de deixar claro que dedicar algo para alguém, também é importante, uma vez que se trata de expressar-se em relação a algo ou alguém. E isto jamais deve ser omitido ou desprezado. Apenas poderíamos nos amar, e pensar em nós, e sentir a nós mesmos com a mesma frequência.

Poderia expressar ainda a mim mesma uma frustração amorosa, ou então um aconselhamento, um elogio ou uma crítica ferrenha e construtiva. De forma ambígua ou subjetiva em uma música (como é o exemplo), ou de forma direta em uma carta ou post. Não para meu eu do futuro ou do passado. Para mim hoje.

É apenas uma reflexão.

Com amor, para mim.

(E para ti, se acaso for útil.)

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Mayara Santos
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Amante da música, nascida nos anos 90. Criadora do Portal MUI Content, escritora em A Oficina e NEW ORDER | • Love is fuel. Love is revolution.