Trabalhou incansavelmente durante seis dias, descansou no sétimo e, no oitavo, já não restava dúvida:
— Preciso criar um aplicativo.
Meu time jogado aos leões. Estes, ferozes e impiedosos.
Golpe atrás de golpe. É uma luta de boxe sem o gongo. Quem é que para aquele sofrimento? Incrível como o tempo passa sem passar. Que maldição é esta que me assombra?
Carlos empilhava os mortos através de planilhas. Morreu alguém? Planilhas e relatórios atualizados. Um dia, cansou. Estava angustiado, e num ato involuntário, pensou alto demais.
“E se sentíssemos as mortes ao invés de computá-las?”
Para aliviar a ansiedade, o menino resolveu puxar uma conversa com um senhorzinho que estava por perto. No final das contas, revelou o por quê estava sozinho naquela praça.
“Estou esperando por alguém que não conheço”, contou, e sorriu.
Naquela noite de gala, uma despretensiosa pergunta lhe causou calafrios.
Qual seu maior medo?
Precisou pensar rápido, mas disse com convicção:
Tenho medo de ser rica e começar a me vestir mal.
Ninguém ousou discordar.
E posso dizer que estive em quase todos os lugares de um carro.
Ao lado do motorista, sendo um sonolento copiloto. Nas laterais, com as pernas espremidas. No meio, imóvel.
Só nunca estive à frente do volante. Ali, sim, é desconfortável.
E antes de desembarcar na estação Ana Rosa, disse, conformado, ao amigo:
— Estou ficando ficando velho.
— Por quê?
— Porque estou com sede de água com gás.
E saiu andando.
Dos outros, escutei que Maria fala muito.
Mas de Maria, confesso, nem um pio.
A verdade, quem diz?