[Review] Plastic Memories

Felipe Massahiro
Nerd / Articles
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4 min readMar 14, 2016

Plastic Memories é uma história de drama, comédia e romance por partes bastante genérico, mas que sabe utilizar o clichê para uma narrativa interessante com um desenvolvimento bastante peculiar.

A história de Plastic Memories se passa em um futuro onde androides vivem em harmonia no nosso dia a dia. Em especial os Giftias, androides que se assemelham não apenas à forma humana, como também possuem personalidades únicas e sentimentos. No entanto há um problema: os Giftia duram apenas 9 anos. Após esse período suas memórias se apagam e entram em um estado violento.

Por esse motivo foi criado o Serviço Terminal (ou Serviço de Terminação), que consiste em duplas — formadas por um humano e um Giftia — visitar os clientes que possuem Giftias nos estágios finais de vida, para retirá-los, apagar suas memórias e devolvê-los a fabricante, antes que percam o controle.

Tsukasa Mizugaki é um jovem que inicia no serviço de terminação. A primeira agência a ser aberta também é a mais diferente. A metodologia da agência não é apenas recolher o Giftia dos clientes, mas estabelecer um contato emocional para que eles partam da forma mais amigável possível. Tsukasa é colocado com Isla, uma pequena e atrapalhada Giftia e é aí que começa a história de Plastic Memories, e o interessante de seu desenvolvimento.

Logo no início sabemos aprendemos que Isla não possui muito tempo de vida. Isso não impede que Tsukasa se apaixone por ela, é claro. Pode parecer apenas mais uma história de drama, mas a forma como os 13 episódios foram trabalhadas, fazem o anime fluir com uma desenvoltura bastante interessante.

No começo não apenas o relacionamento de Tsukasa e Isla são trabalhados, como também descobrimos como os Giftias de seus clientes influenciaram de uma forma ou de outra a vida de cada um. Dessa forma, são colocadas as diferentes maneiras de como as pessoas lidam com as perdas e, de certa forma, como também é questionado o que nos faz sermos humanos. Os sentimentos e as memórias são constantemente colocados em estudo em Plastic Memories.

Isla, sabendo de sua condição, não quer criar novas memórias. Parte por não querer ferir os sentimentos de outras pessoas, parte por odiar sua existência tão breve, desejando nunca ter tido a capacidade de guardar e compartilhar memórias.

Do outro lado temos Tsukasa, que acredita na alegria de se construir memórias e, por mais difíceis que sejam elas, devemos guardá-las com carinho.

Pouco a pouco esses sentimentos opostos se misturam. Enquanto eles passam caso a caso, também podemos ver o desenvolvimento na personalidade de ambos os protagonistas até o inevitável.

Plastic Memories é diferente, pois sabemos logo de início como irá acabar. Nesse contexto me lembrou muito as KNs (Kinetic Novels) Eden* e Planetarian. Sabemos o fim, mas isso não torna o desfecho menos doloroso. Isso é algo bem interessante, já que nos primeiros episódios somos afrontados com as perdas de cada cliente que, ainda que suas histórias sejam breves, não deixam de ser tristes. Paralelamente cultivamos nossas afinidades por Isla e Tsukasa.

Contudo, Plastic Memories, além de suas discussões sobre memória e humanidade, também oferece algumas reflexões interessantes. Isla, ainda que aceite que seu fim esteja próximo, ela luta com todas suas forças desempenhar seu papel. Treinando todos os dias para ajudar Tsukasa com seu trabalho.

Tsukasa acredita no poder da alegria e das memórias felizes. Por seu jeito positivo ele faz com que Isla, aos poucos, passe a querer fazer parte de suas memórias. Deixar sua marca e ser lembrada como alguém que o fez feliz.

Ainda assim o casal prefere passar seus dias como de costume. Isso nos mostra o valor das pequenas coisas rotineiras, de como podemos encontrar beleza e alegria na simplicidade do cotidiano. Isso é algo que Isla mostra para Tsukasa e para os espectadores.

Com uma arte bonita e uma história com desenvolvimento bastante interessante, Plastic Memories é um drama repleto de altos e baixos, de momentos que fazem rir e outros que fazem chorar. Trabalhando com uma história de romance genérica e diversos clichês, o anime soube muito bem como utilizar esses elementos para criar uma história bonita e, de certa forma, com uma pontada de tristeza que fica ao fundo do começo ao fim.

Plastic Memories está disponível nos sistemas de Streaming: Aniplex, Chrunchyroll, Hulu (não acessível no Brasil) e Viewster.

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Felipe Massahiro
Nerd / Articles

Jogador compulsivo, escritor obcecado, amante perturbado da literatura e jornalista de vez em quando.