Uma diretora de cinema para cada país da Copa 2018 — GRUPO B

Espanha, Irã, Marrocos e Portugal.

Lígia Maciel Ferraz
News From Home
4 min readJun 13, 2018

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Já que a partir dessa semana os olhos se voltam para os 32 países participantes da Copa do Mundo de 2018, aproveito o hype para falar de 32 cineastas do cinema mundial.

Serão oito textos no total, um por dia, apresentando quatro diretoras de cinema dos quatro países de cada chave da fase de grupos.

GRUPO B

Espanha

Icíar Bollaín

Icíar Bollaín nasceu em Madrid, na Espanha. Iniciou sua carreira como atriz e há 16 anos trabalha também como diretora e roteirista.

Seus filmes costumam explorar fatos históricos, como no premiado Conflito das Águas (2010), onde trabalha com a tensão existente na Bolívia relacionada ao legado da herança colonial; e também em Flores de Outro Mundo (1999), seu segundo longa premiado no Festival de Cannes, onde explora diversos aspectos da história espanhola e a evolução socio-cultural do país a partir da vida de três mulheres, uma de Cuba, outra da República Dominicana e outra de Bilbao.

Seu filme mais recente é El Olivo (2016), uma co-produção entre Espanha e Alemanha que conta a história de uma garota, seu tio e uma amiga, que fazem uma viagem para resgatar a árvore pertencente à família para seu avô doente.

Irã

Samira Makhmalbaf

Samira Makhmalbaf nasceu em 1980 no Teerã. Aos 14 anos largou a escola para estudar cinema e aos 17 anos dirigiu seu primeiro filme, A Maçã (1998), se tornando a pessoa mais nova a participar da seleção oficial do Festival de Cannes. O filme documental conta a história dos pais que mantiveram por onze anos suas duas filhas de treze anos aprisionadas e, após denúncia dos vizinhos, são agora obrigados a soltá-las e a receber visitas de uma assitente social.

Após meu filme A Maçã, muitas pessoas me questionaram sobre o Irã. Queriam saber se o Irã é mesmo um país onde garotas de treze anos poderiam ficar presas por onze anos e onde uma garota de dezoito anos pode ter seu primeiro filme em Cannes. Penso que as mulheres iranianas são como as nascentes de água doce: quanto mais pressão sofrem, mais força elas mostram quando se libertam.

É considerada uma das cineastas mais influentes da segunda onda do cinema iraniano. Seus filmes políticos e corajosos refletem o posicionamento firme que mantém em relação à sua atuação como ativista dos direitos das mulheres.

Marrocos

Laïla Marrakchi

Laïla Marrakchi nasceu em Casablanca, Marrocos. Formada em estudos cinematográficos na Universidade de Paris III, iniciou sua carreira com curtas, hoje trabalhando como roteirista e diretora de filmes e séries de TV.

Dirigiu Marock (2005), filme marroquino de maior sucesso de 2006, que apresenta a juventude abastada de Casablanca, com hábitos ocidentalizados que é confrontada com os preconceitos da sociedade tradicional. Foi considerado polêmico por tratar de uma história em que uma muçulmana e um judeu se apaixonam. O filme foi exibido na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes.

Em Rock the Casbah (2013), tem no elenco a atriz e também cineasta Nadine Labaki. Seus últimos trabalhos foram foram para séries de TV, incluindo a direção de três episódios da série Marseille (2016 — ), disponível na Netflix.

Portugal

Teresa Villaverde

Teresa Villaverde nasceu em Lisboa, Portugal. É um dos nomes mais importantes da geração de cineastas portugueses que surgiram na década de 90.

Além de realizadora, trabalha como argumentista, produtora, e também como atriz; inclusive atuou em um dos filmes do cineasta italiano underground Tonino de Bernardi, sendo ele o foco principal da sua mais nova produção, O Termómetro de Galileu (2018), um documentário em que trabalhou inteiramente sozinha, sem equipe alguma, e acompanha algumas semanas da vida do cineasta e de sua esposa Mariella Navale.

Em seu cinema autoral se destacam Três Irmãos (1994), Transe (2006) e Os Mutantes (1998), esse último onde conta a história de três adolescentes apartados da sociedade que fogem do reformatório para tentar a vida em Lisboa.

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Lígia Maciel Ferraz
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Brasileira morando em Lisboa. Doutoranda em Media Artes