Uma diretora de cinema para cada país da Copa 2018 — GRUPO A

Arábia Saudita, Egito, Rússia e Uruguai.

Lígia Maciel Ferraz
News From Home
4 min readJun 12, 2018

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Já que a partir dessa semana os olhos se voltam para os 32 países participantes da Copa do Mundo de 2018, aproveito o hype para falar de 32 cineastas do cinema mundial.

Serão oito textos no total, um por dia, apresentando quatro diretoras de cinema dos quatro países de cada chave da fase de grupos.

GRUPO A

Arábia Saudita

Haifaa Al-Mansour

Haifaa Al-Mansour é a primeira cineasta da Arábia Saudita e uma das mais importantes do país. Em 1997 se formou em literatura pela Universidade Americana do Cairo e completou seu mestrado em estudos de cinema na Universidade de Sidney.

Na Arábia Saudita é louvada ao mesmo tempo que vilanizada por encorajar a discussão de tópicos geralmente considerados tabus como a intolerância religiosa, e por expôr a necessidade dos sauditas de terem um olhar crítico sobre sua tradicional e restritiva cultura.

Vencedor de 22 prêmios, seu trabalho mais relevante é O Sonho de Wadjda (2012). Foi ele o primeiro filme a ser inteiramente filmado na Arábia Saudita e com o qual, pela primeira vez, o país tentou a entrada no Oscar para concorrer ao prêmio de melhor filme estrangeiro. Seu último filme lançado é Mary Shelley (2017), sobre o relacionamento da escritora com Percy Shelley que a inspirou a escrever Frankenstein.

Egito

Hala Khalil

Hala Khalil pertence a geração de cineastas independentes e comerciais do Egito que surgiram na primeira década do século XXI, a qual traz filmes que abordam a vida cotidiana das mulheres egípcias e sua libertação com a identidade dos homens, representando uma parte importante do feminismo emergente do país.

Em 1992 se formou na Escola de Cinema do Cairo, iniciando sua carreira como roteirista e diretora de curtas-metragens e documentários. Hoje seus projetos incluem também filmes de ficção e séries para a TV, atuando como cineasta e produtora executiva.

Seu filme mais recente, Nawara (2015), é sobre uma mulher que, todos os dias no caminho para o trabalho, passa entre as vielas do bairro pobre e as estradas que levam às moradias dentro de um complexo de luxo. Com esse trabalho foi aclamada pela crítica sendo nomeada para o prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Dubai e vencendo o de melhor atriz para Menna Shalabi.

Rússia

Anna Melikyan

Anna Melikyan nasceu em Baku na extinta União Soviética, hoje pertencente ao Azerbaijão. De origem armênio-russa, estudou na Universidade Russa de Artes Cinematográficas (VGIK) em Moscou e hoje trabalha como diretora e produtora de cinema e televisão.

Seu filme de destaque é Sereia (2007), vencedor de sete prêmios, incluindo do Festival de Berlim e do Festival de Sundance. Leve e bem-humorado, o filme conta a história de Alisa (Mariya Shalayeva), uma garota que mora em uma pequena cidade portuária na Rússia e acredita ter o poder de realizar seus desejos.

Sereia e outros trabalhos da diretora, como o filme About Love (2015) e Star (2014), e Behind the Scenes, estão disponíveis com legendas em inglês no seu canal do Vimeo, e podem ser acessados aqui.

Uruguai

Beatriz Flores Silva

Beatriz Flores Silva nasceu em Montevideo, no Uruguai. Aos 26 anos se mudou para a Bélgica onde estudou cinema e dirigiu diversos curtas.

Além de diretora, é roteirista, produtora e exerce um importante papel no desenvolvimento do cinema do Uruguai, onde fundou sua escola de cinema e criou fundos de incentivo para o cinema.

La Historia Casi Verdadeira de Pepita la Pistolera (1993), ​uma ficção baseada na investigação da jornalista María Urruzola de um caso real, foi vencedor de diversos prêmios de festivais Latino-Americanos. En La Puta Vida (2001), adaptação do livro de María Urruzola, O Ovo da Serpente, fez sucesso entre o público e a crítica, levando prêmios de melhor filme, direção e atriz.

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Lígia Maciel Ferraz
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Brasileira morando em Lisboa. Doutoranda em Media Artes