Outubro de 86

Tenho a sensação de que o mundo está mais esquisito do que o normal ultimamente. Como se houvesse uma energia, um movimento contrário a rota natural em curso.

Já faz mais de um ano, algo parece ter se quebrado no universo e rompido um portal por onde algum tipo de névoa sai e congela tudo que encontra pela frente.

Quando lembrar de mim - talvez depois dos feriados de novembro, ou em março, quando o carnaval tiver passado - tenta não pensar no que poderia ter sido de nós. Não manda mensagem de madrugada. Não diz que lembrou de mim com algum jogo novo ou que imaginou qual a cor de uma música qualquer.

De manhã

Acordo tarde, você não tá na cama. Afundo o rosto no travesseiro, nesse misto tão meu de sono e preguiça eterna.

Ouço o barulho do chuveiro e penso em ir até lá interromper seu banho me jogando com essa sua camisa do Doors na água morna. Desisto, fico na cama quentinha, abraço o…

Sobre o amor que virá

Dai ele chega, me acorda com um beijo no pescoço e me faz sorrir antes mesmo de abrir os olhos. E ri quando canto seminua em cima da cama ou quando me revolto contra o videogame. Ele me abriga no seu abraço quando tudo parece desabar e me tira do chão quando me beija.

Dois cigarros pra segurar a ansiedade enquanto você não chega. Tá tudo pronto, me avisa quando estiver na esquina.

A mochila tá pronta, não precisa subir - cê sabe que a gente demora ou acaba desistindo de ir pra qualquer lugar que seja em troca da minha cama.