99 reduz demanda por estacionamento

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Para onde vamos?
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4 min readSep 24, 2018

Estudo da FIPE indica que empresa diminui necessidade por 78 mil vagas na RMSP. No Parking Day, 99 participa de ocupação de vagas na rua

“Eu gosto de pensar no Parking Day como uma porta de entrada para a transformação urbana”. É assim que John Bela, um dos arquitetos que criou o conceito dessa data, resume a substituição de vagas de ruas por locais de convivência.

A primeira instalação de Parking Day, em São Francisco, em 2005 (Rebar Group)

Em 2005, ele e seus colegas fizeram uma intervenção para ocupar uma vaga de estacionamento no centro de São Francisco. Colocaram sob o asfalto um tapete de grama natural, um vaso com uma pequena árvore e um banco de madeira. A ideia deu tão certo que, desde então, o Parking Day tem se espalhado por todos os continentes.

Essas ações podem, de fato, ser uma fagulha para mudanças nas cidades. Elas reforçam a noção de que podemos aproveitar melhor os espaços que hoje costumam ser ocupados apenas por carros estacionados.

(Des)Ocupa a Rua

Em São Paulo, a 99 participou do projeto “(Des)Ocupa a Rua”. Idealizado pela Purpose Lab, com apoio do ITDP e do IDEC, e incluso no calendário oficial de Semana da Mobilidade da cidade, o evento ocupou um quarteirão inteiro em Pinheiros, no dia 21/09, data que marca o Parking Day.

(Des)Ocupa a Rua promoveu ocupação de vagas no dia 21/09, em São Paulo (Foto:Karoline Maia/Pujança)

Ao invés de carros estacionados, havia cerca de 15 atividades para os pedestres aproveitarem. Desde quiropraxia e aulas de pedal até recreação e contação de histórias para crianças. Um dia inteiro de serviços gratuitos e espaços de relaxamento para quem passasse por lá.

Em um futuro próximo, poderemos ter mais áreas de convivência como essa na cidade.

Afinal, quanto menos pessoas usarem o carro próprio, menor será a necessidade por estacionamentos.

E hoje já é relevante o número de passageiros que têm percebido que não precisam de carros para usufruir dele e têm usado aplicativos de mobilidade para se locomover pela cidade.

Menos carros, menos vagas

Uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com a 99, que será divulgada na íntegra em breve, aponta para algumas mudanças positivas no ambiente urbano, causadas pelo uso de transporte particular como um serviço, entre elas a redução da necessidade por vagas.

A equipe de pesquisadores, composta por profissionais das duas organizações, cruzou as matrizes de origem e destino de viagens, tempo e custo de deslocamento e, com base em dois modelos tradicionais em pesquisa em transportes (Quatro Etapas e Equilíbrio Geral Computável), simulou o impacto da entrada da 99 na Região Metropolitana de São Paulo em algumas variáveis.

Uma dessas variáveis é o número de viagens realizadas por pessoas dirigindo seus próprios carros. Naturalmente, quando vão para o trabalho ou para outra atividade, esses motoristas têm que estacionar o carro em algum lugar. Apenas no pico da manhã, estima-se¹ que, em 2017, a demanda era de 1,2 milhão de vagas, distribuídas em Zona-Azul/Marrom, estacionamento privado (avulso, mensal, subsidiado) e meio-fio.

Um dado alarmante é que apenas 8,3% das pessoas acabam pagando direta e integralmente por esse estacionamento, o que distorce a percepção do custo da viagem e faz com que as pessoas ajustem sua escolha de longo-prazo, aumentando a probabilidade de que se decida pela compra de um automóvel — o que demanda mais e mais vagas de garagem. É importante notar que, aqui, não se contam as vagas residenciais.

Estacionamento vazio, em alusão à redução de demanda por vagas (Shutterstock)

Uma das vantagens de se optar por fazer uma viagem com a 99 é de que não se precisa estacionar. E a pesquisa captou essa mudança na demanda por vagas de estacionamento no destino.

Tanto para o pico da manhã, quanto para o decorrer de um dia útil típico, identificou-se uma queda na demanda por estacionamentos: redução de 8 mil vagas no pico da manhã e de 78 mil durante o dia todo.

Ou seja, a 99 já libera, na Região Metropolitana, uma área que equivale a 0,5 a 2,9 parques do Ibirapuera.

Isso não significa apenas mais espaços para calçadas, ciclovias e novos empreendimentos imobiliários, mas também economia para as pessoas: por dia, os paulistanos já economizam em torno de 450 mil reais ao não precisar pagar pelo estacionamento no destino.

No longo-prazo, aqueles que confiarem à 99 o seu uso de transporte como um serviço, podem também deixar de demandar tais vagas em suas residências — economizando na aquisição ou no aluguel de um imóvel.

Este é apenas um dos impactos positivos do serviço intermediado pela 99.

O estudo da FIPE aponta também, por exemplo, que a 99 aumenta a acessibilidade dos passageiros ao mercado de trabalho, principalmente, devido ao aumento da capacidade de se deslocar daqueles que vivem em áreas em que a oferta de transporte público é deficiente e que não têm condições financeiras para possuir um carro.

Outros resultados e mais detalhes desses impactos nas cidades você vai encontrar no relatório completo da pesquisa, a ser publicado em breve.

Leia também:

¹ Com base nos dados da Pesquisa de Origem e Destino do Metrô de 2007, atualizada com os dados da Pesquisa de Mobilidade de 2012 e outras variáveis de sensibilidade.

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