Ah, o metrô de Nova York!

Jéssica Raphaela
Revista Passaporte
Published in
4 min readAug 21, 2018

Confuso, sujo e barulhento. Ainda assim, você vai sentir amor por ele

Fotos: Jessica Raphaela

Por Jéssica Raphaela

Nunca pensei que pudesse me apaixonar por algo tão sujo, tão barulhento. Lembro de pousar no aeroporto de La Guardia e imediatamente receber um mapa do metrô de Nova York, uma orientação básica de como me locomover pela cidade, e o cartão válido para uso limitado por uma semana. Eu ainda era turista, então foi amor de verão. Quando voltei pra cá, a relação aprofundou, se tornou mais séria. Ainda assim, todo dia é uma surpresa.

O sistema de transporte público subterrâneo de NYC é tão eficiente por uma boa razão. Em 1868 já havia sido criado a primeira rota por baixo da terra. O metrô propriamente dito foi inaugurado em outubro de 1904. Cento e dez anos depois, tem 468 estações espalhadas por Manhattan e pelas outras três boroughs da cidade: Brooklin, the Bronx e Queens. Em termos práticos, pegando o trem em qualquer canto você chega a qualquer outro canto que queira ir. Simples como deve ser — tirando fato de ser completamente complicado.

Por conta disso, é difícil conhecer alguém que tenha carro em Nova York. Já conheci três pessoas que só tiraram a carteira de motorista aos 30 anos — lembrando que a idade mínima nos EUA é de 16.

Vê-se todo tipo de gente dentro dos vagões,
de madame a mendigo.
E todos têm um ar solitário,
com um livro na mão e fones no ouvido.

O subway aqui é como uma cidade à parte, tem vida própria e muitas características específicas. Pra começar, é feio, sujo e tem um ecossistema que encontrou na escuridão subterrânea o lugar perfeito pra sobreviver. Na primeira vez que vi aqueles enormes ratos correndo nos trilhos, fiquei mais curiosa do que agoniada. São os Fievels da vida real.

Também tem uma comunidade muito específica que está sempre presente nas estações: os artistas. Coisa mais comum é encontrar músicos fazendo palco das paradas do metrô. Geralmente, eles são anônimos e, embora você se surpreenda com o talento de alguns, muitos deveriam claramente desistir da “carreira” — dançar um break dentro do vagão, fazendo pole dance na barra de segurança, com o pé quase na cara dos passageiros não é legal.

Volta e meia, no entanto, grandes artistas surpreendem os transeuntes. Em maio de 2015, foi a vez de U2 no Grand Central, disfarçados de músicos de rua. Pegar um show desses é questão de sorte.

Salão principal do Grand Central

Por falar em Grand Central, essa é uma das poucas estações que se importam com estética. É ponto turístico obrigatório, cenário de diversos clássicos do cinema, como Os Intocáveis(1987) e Avengers, quando a estação é completamente destruída. São mais de 100 anos e uma arquitetura bem bonita.

Uma das melhores coisas do metrô de Nova York é o fato de ser 24 horas. Até hoje me surpreendo ao voltar pra casa de madrugada encontrar os vagões cheios. A sensação é de segurança, mas fico sempre atenta. Parece que o número de assaltos nos trens aumentou neste ano, e a prefeitura tratou logo de aumentar o efetivo de policiais nas estações. Nos anos 1990, a história era outra, com os vagões todos pichados e um perigo constante no ar. Hoje, é tranquilo levar seu iPad na mão enquanto viaja por paradas que não te interessam.

Acostumada a dirigir meu carro para todos os lados em Brasília, fico aliviada (e impressionada) por não ter que encarar o estresse do trânsito.

Já aviso que o metrô de Nova York não é o mais fácil de entender, mas é considerado um dos mais eficientes do mundo. Depois de aprender a deslizar o metrocard na catraca, identificar os trens que vão uptown e downtown e se familiarizar com as linhas, NYC é sua.

Recomendo:
- Guia do Viaje na Viagem
- Dicas do Amigo gringo

*Post originalmente publicado em 2015 no Síntese NY

--

--