Nego minha própria existênciaainda que não seja possível.
Deste lado que vivo,se é que posso dizer que vivo,não encontrei luz alguma,nem senhores, nem barbasfogo ou mármore.
Um calor me consomee um ruido me abafa os ouvidosos olhos turvam em plena luz do dia
Bate insistentemente,mesmo sem vida,o coração de poeta.
Descasca a minha pelecai o fino véu que protege o corpo.Tinta preta, sangue escorre e pulsa.Organismo vivo em mim.
Preso num ciclofolhas secas a rodopiar pelo chão.O mesmo homem e sua velha barbaespraiado no banco da praça.Cachorros e senhoras com vincos tristes no rosto,pássaros se deixam levar pelo vento.
Pensei tê-la perdido.buscava e buscavaem meus escritoso que ali me fazia poetae hoje me faltava.
Bate no peitoa vontade de dizer palavras.Ouvidos surdos escutam apenas por dentro,olhos perdidos e voz confusadizem ainda mais do…
Para todos os ladosolho e não vejo.De todas as direçõesse faz vento e não toca,se faz sopro e não fala.
Dispa-se outra vezDe tudo. Feche os olhos na praia.É cíclico!Só existe som e… Escute!
Desvio de olhar em teus olhosporque me vejo.E como desejo ver para além de mim!Mas o medo me encolhee não te olho.Não te olhoe…