1989: o tetra antes do Tetra
O que começou como uma receita para o fracasso, porém, culminaria com o quarto título sul-americano da Seleção — e firmaria na equipe muitos nomes que, cinco anos e muitas reviravoltas depois, finalmente conquistariam o demorado Tetra mundial.
por Maurício Brum
Os dirigentes da CBF — Antônio Pithon, Ricardo Teixeira e Eurico Miranda — formavam, com o técnico Sebastião Lazaroni, um quarteto de “gente desonesta, sem moral ou escrúpulos”. Pelo menos era o que pensava Raimundo Varela, apresentador de esportes da TV Itapoan, de Salvador. “Eles nem podem vir a meu programa, pois, senão, vão roubar a minha carteira. Este senhor Eurico me rouba e o técnico Sebastião lesa”. No discurso inflamado, sobrou até para Galvão Bueno: “’depois disso tudo, ainda vem aquele narrador bunda mole da TV Globo pedir o apoio do torcedor, para uma Seleção que não tem a Bahia representada. Ele está de brincadeira”.
Foi com indignação e desconfiança que a Seleção Brasileira abriu a Copa América de 1989, a quarta que sediou na história — e, até a edição de 2019, também a última. A indignação ficava por conta dos baianos, que não engoliram o corte do centroavante Charles e promoveram um histórico boicote à Seleção Brasileira, do qual Raimundo Varela foi um dos artífices. Recém-campeão nacional pelo Bahia (o título de 88, contra o Inter, foi definido apenas em fevereiro de 89), Charles foi o pivô de um duplo insulto à torcida local: cortado da lista sem ser desconvocado, pois o regulamento permitia que alguns jogadores ficassem na suplência para a segunda fase, ele não podia jogar nem pela Seleção e nem por seu clube. O Brasil faria as três primeiras rodadas daquela Copa América na Fonte Nova, e a notícia do corte veio com a Seleção já hospedada em Salvador, para raiva generalizada da torcida local.
Desconfiança, por outro lado, porque o trabalho de Lazaroni deixava a desejar. Após a dupla frustração dos times encantadores de Telê Santana naquela década, o Brasil fez algo que se tornaria a regra em fracassos futuros — olhar para exemplos europeus e “modernizar” seu jogo com arautos que diziam buscar inspiração no futebol de lá. Encontrou em Sebastião Lazaroni o discurso cheio de novidades que julgava estar precisando, mas, até aquele momento, o trabalho passava longe de agradar a crítica: uma excursão ao Velho Mundo às vésperas da Copa América revelou-se um fiasco raro na época pré-7x1, com derrotas para Suíça (0x1), Suécia (1x2) e um histórico massacre da Dinamarca (0x4), além de um empate sem gols contra o Milan.
O desastre era tão grande que, antes da estreia, os jornais falavam sobre a possibilidade de Lazaroni ser mandado embora caso não vencesse na abertura da Copa América — a dor de cabeça em trocar de treinador com a competição já em andamento parecia menor do que aturá-lo por mais tempo no comando do time. O risco, no entanto, era pequeno: a adversária era a Venezuela, que jamais havia sequer feito gols nos brasileiros até então. A história registrava sete confrontos, todos vencidos pelo Brasil, e um placar acumulado de 32x0. O favoritismo do time da casa era tão grande que o técnico da Vinotinto, o argentino Carlos Horacio Moreno, não via qualquer problema em brincar com os repórteres antes da partida: “se eu não fosse o treinador do time, apostaria tudo o que tenho no Brasil”, dizia.
Em crise e abandonado pela torcida baiana, o Brasil inaugurou seu torneio diante de apenas 13 mil pessoas em Salvador, vaiado durante a maior parte do tempo e vendo até mesmo bandeiras sendo queimadas nas arquibancadas.
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A relação brasileira com a Copa América foi historicamente conflituosa. Após os títulos conquistados em casa em 1919 e 1922, o Brasil nunca tomou gosto real pela coisa: abriu mão de diversas disputas e, quando se dignava a comparecer, costumava mandar equipes alternativas. Mesmo antes de o futebol daqui ostentar um título mundial, já havia uma impressão generalizada de que éramos bons demais para perder tempo jogando contra os vizinhos. Em 1949, o torneio veio ao Brasil — e foi novamente vencido pelos anfitriões — muito mais como um preparativo para a Copa do Mundo do ano seguinte do que por uma real vontade da então CBD em organizá-lo.
Na época de ouro da Seleção, quando a Jules Rimet começou a ser erguida, o desprezo ao continente ficou ainda mais explícito: Pelé só jogou um Campeonato Sul-Americano — o primeiro dos dois disputados em 1959, para o qual o Brasil mandou força total ainda embalado pelo entusiasmo do título mundial do ano anterior. Vice-campeões invictos (eram pontos corridos e a Argentina empatou uma partida a menos), os brasileiros ignoraram os torneios seguintes. Em 1963, o Brasil recém-bi-mundial mandou a campo uma equipe completamente descaracterizada. Na última rodada daquela Copa América, quando a Bolívia fez 5x4 e ficou com o título inédito, os brasileiros entraram com Silas, Jorge, Cláudio Danni, Procópio, Geraldino, Ílton Vaccari, Marco Antônio, Almir, Tião Macalé, Flávio Minuano e Oswaldo. Nenhum deles havia sido sequer reserva no Mundial do ano anterior.
Isso começou a mudar nos anos 70, quando o antigo Campeonato Sul-Americano foi reformulado pela Conmebol — passou a se chamar oficialmente Copa América e, no início, era disputado em jogos de ida e volta. Mais curto e com a pressão de sempre ter algum jogo em casa, ficava difícil ao Brasil desprezar o torneio. Mas a taça insistiu em não vir. Às vezes, literalmente por falta de sorte — nas semifinais de 1975, após levar um surpreendente 3x1 do Peru em casa e empatar o agregado em Lima no jogo de volta, os brasileiros foram eliminados no cara-ou-coroa. O Peru levaria a taça em uma final contra a Colômbia, uma grande zebra na época.
Entre campanhas azaradas e outras simplesmente ruins, a Seleção Brasileira avançou para completar 40 anos sem erguer o troféu continental. Um jejum que, de início, não incomodava, mas passou a doer conforme os fracassos se acumularam também na Copa do Mundo — particularmente após a Argentina, com quem a rivalidade crescia sem parar, começar a ganhar seus mundiais. Em 1989, as diferentes equipes canarinho não conquistavam um título oficial há 19 anos (desde o tricampeonato mundial em 1970) — e a coisa não ficava melhor nem mesmo quando os jornais preferiam considerar 1972 como o início do jejum, lembrando a Taça Independência, um “mundialito” organizado e vencido pelo Brasil para celebrar o 150º aniversário do grito de Dom Pedro. Mesmo nessa contagem, eram 17 anos. Uma geração inteira de jogadores e torcedores não sabia o que era dar uma volta olímpica vestindo verde e amarelo.
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Após o choque da Copa do Mundo de 1974, quando o esplendor do Brasil do Tri foi substituído por atuações pouco inspiradas, com a Seleção acabando de joelhos diante da Laranja Mecânica, o futebol nacional viveu uma crise de identidade. Por que, subitamente, estávamos tão longe de um time até então sem história como a Holanda — e o que poderíamos fazer a respeito disso — começaram a ser questões a martelar técnicos e colunistas pelo Brasil.
O “modernizador” tem sido uma figura sebastianista do futebol brasileiro desde então, e Cláudio Coutinho traria já em 78 um tatiquês incipiente, apresentando à torcida termos como overlappinge ponto futuro– e criando, a contragosto, até a noção de campeão moral. Em 82 e 86, Telê tentou resgatar o tipo de jogo plástico que havia tornado o país famoso em seu período mais vencedor, mas o romantismo daqueles times não ergueu taças e deixou a impressão de uma defesa frágil. O Brasil seguia taticamente atrasado e aquele estilo era insuficiente para reencontrar as taças, diziam os críticos.
O futebol-arte foi, então, novamente deixado de lado em prol de uma virada tática e ideológica que aproximasse o Brasil das mais recentes “descobertas” da Europa. E o sebastianismo da modernização culminou literalmente em um Sebastião, o Lazaroni, carregado de pranchetas e ideias que prometiam tirar o Brasil da Idade das Trevas. Tricampeão carioca por Flamengo e Vasco nos anos anteriores, em uma época em que o estadual ainda era prestigioso o bastante para sustentar um currículo por si só, Lazaroni chegava à equipe da CBF com banca e pouca disposição a ouvir críticas. Meteórico, assumiu o time com 38 anos.
“O que eu posso fazer?” logo virou um mantra repetido cada vez que os repórteres questionavam sobre o futebol pouco agradável da equipe. A culpa não era sua, insistia, mas sempre de fatores externos: lesões, pouco tempo de preparação entre os jogos ou para entrosar os atletas (à época ainda não existia a data Fifa e os clubes decidiam se liberar ou não os atletas). A excursão fracassada pela Europa, porém, colocou o trabalho em xeque logo de cara. Lazaroni ganharia sobrevida com o título da Copa América, adiando a demissão e silenciando temporariamente seus detratores, mas cairia definitivamente em desgraça após as atuações fracas e a eliminação precoce no Mundial de 90.
Em 1989, o Brasil estreou fazendo 3x1 na Venezuela, o suficiente para a cabeça do técnico permanecer em seu pescoço, mas não para acalmar a torcida. A Vinotinto fez seu primeiro gol na história do confronto, razão mais do que aceitável para a corneta prevalecer, e abriu caminho para outros dois jogos muito ruins. As partidas seguintes na Fonte Nova, um par de igualdades por 0x0 contra Peru e Colômbia, ficaram marcadas pela crescente inimizade entre o time e o público cada vez mais diminuto — os dois jogos registraram menos de 10 mil pagantes e os poucos que furavam o boicote baiano só compareciam para atirar objetos em campo, queimar bandeiras do Brasil e engrossar as vaias à Seleção traidora que havia torcido o nariz para Charles. Na entrada em campo contra o Peru, Renato Gaúcho chegou a ser vítima de uma ovada na cabeça.
O clima só começou a melhorar quando a Seleção deixou Salvador. O último jogo da primeira fase, com obrigação de vencer para não depender de outros resultados, aconteceu em Recife. Sem a raiva da torcida do Bahia que contagiou até os fanáticos do Vitória, a capital pernambucana deu à Seleção seu maior público até ali: quase 77 mil pessoas lotaram o Arruda, dando ao jogo um aspecto diferente dos anteriores, em um movimento que começou na arquibancada e continuou em campo.
O Brasil viveu seu melhor dia e aplicou 2x0 no Paraguai, líder do grupo, com dois gols de Bebeto — ironicamente, um baiano, cuja presença não tinha sido suficiente para recuperar as graças dos soteropolitanos nos jogos anteriores. Com o triunfo, a Seleção seguia para o quadrangular final, ao lado dos próprios guaranís, além de Argentina e Uruguai, que vinham da outra chave. Ao fim do jogo, Lazaroni cutucou: “cada torcida tem o futebol que merece”. Agora, os seis jogos decisivos aconteceriam no Maracanã, que lotaria todas as vezes.
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Aquela bem poderia ter sido a Copa América de Diego Maradona. O melhor do mundo em atividade, com o Mundial de 86 no bolso — e a um ano de decidir outro –, ele ainda não havia conseguido triunfar no continente. Seria sua terceira e última participação em um sul-americano, tentando apagar a frustração de dois anos antes, quando a Celeste surpreendeu os argentinos e os deixou sem taça no torneio que sediaram — um destino repetido à risca pela geração de Lionel Messi em 2011. Maradona chegou ao Brasil badalado, comentou sobre a reestruturação que a seleção anfitriã vivia (“dará resultado daqui a alguns anos”, acreditava) e, visitando uma churrascaria com Alemão e Careca, seus amigos no Napoli, até brincou sobre jogar futuramente no Botafogo.
A Argentina, porém, virou carta fora do baralho muito cedo no quadrangular, jogando Maradona para a lista de craques ilustres que jamais ergueram a Copa América. O Paraguai tampouco assustou. Os dois líderes dos pentagonais da primeira fase não conseguiram ameaçar brasileiros e uruguaios e saíram com derrotas idênticas: os guaranís levaram um duplo 3x0 e os albicelestes perderam ambas por 2x0. Chegaram melancólicos à rodada final, abrindo a tarde em que o jogo de fundo decidiria o título, e nenhum dos dois apresentou coisa alguma. Despediram-se com um 0x0.
Seria contra Enzo Francescoli e Antonio Alzamendi, não Diego Armando, que o Brasil de Bebeto e Romário tentaria finalmente erguer uma taça — a dupla havia se tornado a puxadora de gols do time no quadrangular decisivo, dividindo entre si os cinco marcados pela esquadra de Lazaroni na fase final. O quadrangular, aliás, uma verdadeira maratona: apenas quatro dias entre a primeira e a terceira rodada, disputadas em um intervalo exíguo que hoje a Fifa não toleraria — jogos nos dias 12, 14 e 16 de julho. A data da última rodada, aliás, não poderia receber duelo mais adequado: um Brasil x Uruguai no Maracanã no exato 39º aniversário do Maracanazo.
“A forra”. Foi assim que a imprensa brasileira vendeu a partida decisiva daquela Copa América. Tirando o pequeno detalhe de que o título não valia tanto quanto o de 1950, a outra diferença era que, desta vez, o Brasil não entrava em campo com a vantagem do empate: auriverdes e celestes estavam igualados em todos os critérios e, embora o jogo não fosse uma “final” pelo regulamento, havia se convertido em uma na prática. Em caso de empate, anunciava a Conmebol, o jogo iria para os pênaltis.
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Todos os tipos de paralelos com 1950 foram traçados. Os sobreviventes derrotados naquela jornada, tirados momentaneamente do ostracismo, eram convidados a dar suas impressões sobre o jogo iminente. A maioria não gostava da comparação. Ademir de Menezes, por exemplo, dizia que a “forra” do Brasil já havia ocorrido no Campeonato Pan-Americano de 1952 e no Sul-Americano de 1953, quando reencontraram os uruguaios e venceram duas vezes. Lembrava que até hoje os brasileiros mantinham boa amizade com Obdulio Varela e outros craques uruguaios de 50, e que não fazia sentido alçar o jogo de 1989 ao patamar de uma vingança. Com opinião parecida, Zizinho ficou amargurado com as reminiscências: considerava um desrespeito usar um jogo menor para insistir em reviver a tarde em que o país inteiro havia chorado.
O ex-goleiro Moacir Barbosa, convertido em vilão quatro décadas mais cedo, era quem menos gostava de recordar o jogo. Ouvido pelo Jornal dos Sports, ganhou um perfil: “a perda do Campeonato Mundial, em 50, o faz mudar o semblante, sempre que precisa falar a respeito. Foi uma copa bem disputada — são suas primeiras palavras –. No final, demos azar”. Barbosa lamentava o clima de ‘já ganhou’ que rodeou a Seleção de seu tempo, não tanto por culpa dos próprios jogadores, mas entre a cartolagem e os políticos da época, que invadiam a concentração para pegar carona no prestígio dos “iminentes” campeões mundiais.
O arqueiro de 50 andava mais em voga que seus velhos colegas por aqueles dias — havia reaparecido, em destaque, no recém-lançado curta Barbosa, de Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado. Nele, um personagem interpretado por Antônio Fagundes voltava no tempo para tentar evitar a virada uruguaia. No momento da Copa América, o filme vinha sendo exibido havia algumas semanas antes de A Outra, de Woody Allen, em algumas salas de cinema.
Aos 68 anos, Barbosa mantinha o físico dos tempos de jogador — havia engordado apenas um quilo desde que pendurou as luvas. Ganhava a vida com uma loja de materiais de caça e pesca e também era funcionário da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro, a Suderj. Três vezes por semana, atuava como “coordenador de ginástica para senhoras” no Parque Aquático Júlio Delamare. Já não frequentava jogos — preferia ficar em casa, ouvindo música clássica e lendo Guimarães Rosa. Mas seguia acompanhando futebol e elogiava seu atual sucessor com a camisa 1 do Brasil: “O Taffarel está muito bem. Inspira confiança”, vaticinava. “Não vejo defeitos nele. Tampouco considero que precise de conselhos. Noto nele algo importantíssimo em qualquer profissão: sente-se que gosta do que faz”.
Com o país vivendo dias efervescentes em plena redemocratização, Barbosa deu até opiniões políticas ao Jornal dos Sports– em 15 de novembro daquele mesmo 1989, o Brasil celebraria suas primeiras eleições presidenciais livres desde o golpe de 64. “Depois do Getúlio Vargas, o Brasil mudou muito. Getúlio foi um excelente presidente. Mas estamos sofrendo por causa de duas pessoas: Brizola e Jânio Quadros”, acreditava. Além da ditadura encerrada poucos anos antes, o Brasil ainda enfrentava os efeitos de uma interminável crise econômica, com uma espiral inflacionária que só chegaria ao fim com o Plano Real — em 1989, o IPCA acumulado do ano bateria em 1.972,91%. Para o pleito que se avizinhava, Barbosa pensava em votar no PMDB, mas ficava com um pé atrás quanto ao candidato: “acho o Ulysses Guimarães com idade avançada, apesar de ser um excelente político”.
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Na manhã do quarto título da Copa América, os brasileiros amantes do esporte tiveram que amargar uma frustração na Fórmula 1. Ayrton Senna, largando na pole position pela 35ª vez na carreira, precisou abandonar o Grande Prêmio da Inglaterra após somente onze voltas. Problemática durante toda a semana, a caixa de câmbio da sua McLaren não aguentou o tranco e provocou a saída da prova quando ainda liderava. Seria uma das tantas corridas decisivas para que o título de 89 acabasse nas mãos de Alain Prost, que herdou o primeiro lugar daquele domingo e assim seguiu até a bandeirada final.
Ao final da tarde, as coisas foram mais sorridentes para os brasileiros. O questionado futebol de Lazaroni, apesar de fazer os críticos arrancarem os cabelos, sairia triunfador graças a um gol de cabeça de Romário aos 4 minutos do segundo tempo — o primeiro título continental do Brasil transmitido ao vivo pela TV, e testemunhado por quase 150 mil presentes ao Maracanã. Além de encerrar a longa seca das várias Seleções Brasileiras e fazer os jovens torcedores finalmente conhecerem o sabor de uma volta olímpica, o título ajudou a dar confiança para as eliminatórias da Copa do Mundo — mais curtas naquele tempo, em triangulares, elas começariam a ser disputadas dali a duas semanas, em 30 de julho, e acabariam em setembro. Apesar do susto causado pelo papelão de Roberto Rojas após um foguete ser atirado em campo, o Brasil seguiria ao Mundial, como sempre fez, superando uma chave com Chile e Venezuela.
As ideias de Lazaroni virariam piada após o terrível Mundial da Itáia em 1990, mas muitos conceitos seriam recuperados por Carlos Alberto Parreira na Copa seguinte — em especial a ideia de um futebol mais defensivo do que a Seleção Brasileira historicamente jogava. A identificação entre Lazaroni e Parreira seria uma constante crítica às vésperas da campanha do Tetra: “[Parreira] parece ter decorado — de um livro europeu — uma receita de como se joga futebol”, reclamava, na Folha de São Paulo, Marcelo Damato em abril de 94. Mas, se o estilo rochoso de jogar bola foi herdado do time campeão sul-americano, também seus principais jogadores tirariam o Brasil da fila mundialista: Taffarel, Aldair, Branco, Mazinho, Dunga, Bebeto e Romário — contra a Itália, cinco anos depois, sete dos onze titulares do Maracanã começariam o jogo em Pasadena para vencer o Tetra que mais interessava.
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