Queerteratura

Vago

Abstinência da escrita
Greve do desejo pelo escrever
Paralisias instigadas em cruzamentos
Eclipse de toda intenção latente
De comer pipoca a estar com alguém
De masturbação a cheirar padê
De dormir a assistir tevê
Nem mesmo hostil parece ser
Não é um vazio, é o tudo
Como se tudo em mim já estivesse construído
Não é a…

O Domesticado

Bixa, que que há ca senhora?

Vocabulário trabalhado na não monogamia

Da pessoa mais bem resolvida

E assim: não supera ver as mina

Babaseado

Erva boa de sabor triste
Manga rosa
Haxixe
Triste
No limite, medo — transmissor de proteção
Dor — indicador de cuidado
Solidão — sinônimo de liberdade
Por que atracar-se com a parede,
Como um besouro holográfico?
Sentimentos controversos, por que tão familiares?
Por que o empenho em demonstrar impacto…

Desolação insolada

Terceiro dia
Outra poesia
Carro branco
Mana preta
Desolação insolada
Encantado, primeira vez
Separei há quase um mês
- Volta tarde?
- Bem tarde da noite
- Tempo agradável
Tempo não linear
Quinta-feira, ontem segunda
Nova dimensão
Contato secular
Quatro quartos
Cadeado
Entra e sai
Tua janela…

Redução de Danos

Queria fuma mais

Mas a brasa o vento leva

A gata e o menino

Boné, larica, skate y cigarro

Patins, bundona, olhos de navalha

Lenda ancestral retrato casal

Pelo que consta do passado

Eu nela y você nele figurado

Sem título

Não força!

Só forca!

Correntemente mutilo minha genital ao despencar no estado menos convencido de que faz sentido ser aquilo ali.

Mas… essa direção é boa

Sem título

Ao me apoiar nele, em posição imóvel, por longo tempo, me machuca: esse concreto sou eu. Se uma chuva de qualquer ordem pingasse agora, encharcaria tal corpo horizontal, de forma inconstante, até derretermos nós. O concreto e eu temos febre. Já senti minha buceta grudada nele. Já me pintei de todas as cores…