Muitas mulheres assistem pornografia pensando que aquilo é sexo normal. Não é.
Como você aprendeu a fazer sexo?
Não a biologia fo sexo, ou aprendeu a colocar uma camisinha em uma banana, mas como realmente fazer sexo.
Talvez você tenha desenvolvido o sexo passo a passo com um parceiro. Talvez você tenha conversado sobre sexo com amigas que lhes deram conselhos e truques. Ou talvez você tenha assistido pornografia.
Se você tem menos do que 35 anos, é quase certo que você tenha assistido pornografia ao menos uma vez, com pesquisas como as anuais da Triple J que entrevista jovens e descobriu que 93% dos homens e 58% das mulheres assistem.
“Adolescentes realmente estão querendo procurar informações sobre: O que é noemal? O que eu deveria fazer? Como isso funciona?” diz Sarah Ashton, pesquisadora associada da Monash University.
As conversas em torno do uso da pornografia normalmente foca nos homens. Mas, de acordo com a Dra Ashton, a fundadora e diretora dos Serviços Psicológicos de Saúde Sexual e Intimidade, jovens mulheres estão assistindo cada vez mais pornografia, ou procurando por isso elas mesmas na internet ou sendo mostradas por amigos ou namorados.
Muitas das mulheres jovens estão assistindo pornografia para encontrar informações sobre sexo que elas não conseguem achar em nemhum outro local, já que falar sobre sexualidade ainda é um tabu.
Mas com as preocupações de que a pornografia é e está se tornando cada vez mais violenta, debates sobre se ela pode ou não causar vício e outros problemas, há algum problema que as mulheres estejam fazendo uso da pornografia uma vez ou outra?
O que a pornografia está fazendo com as mulheres que assistem
Dra Ashton diz que, para algumas das mulheres com as quais ela conversou para sua pesquisa, a pornografia foi útil, no sentido de ajudá-las a se sentirem um pouco melhor com seus próprios corpos e as ajudando a explorarem mais sua própria sexualidade.
“Há material que meio que normaliza a diversidade de cospos, normaliza diferentes tipos de atos e comportamentos sexuais”, ela diz.
Ela também conta que que algumas mulheres disseram ter aprendido sobre novas posições e tiveram ideias de coisas novas para tentar em suas próprias vidas sexuais, às quais elas não teriam sido expostas de nenhuma outra forma.
Mas mesmo dentre aquelas mulheres que reportaram terem sido beneficiadas pelo pornô, ainda existiam algumas recorrências preocupantes. (*)
“Quando falávamos sobre prazer, pude ver que a maior parte das mulheres não priorizavam ou buscavam seu próprio prazer. E dentro da dinâmica de seus relacionamentos, isso não era algo que era discutido ou priorizado na relação com seu parceiro”, diz Ashton.
“Acho que a principal coisa que me chamou a atenção é que as mulheres não sabiam pedir por aquilo que elas queriam [no sexo].”’
Palestrante Senior da RMIT, Megan Tyler, diz que a pornografia está cada vez sendo mais vista como o “livro texto” ou a “referência” para o aprendizado sobre o sexo, e que isso vem causando problemas.
“A pornografia é aquilo que todo mundo está vendo como se fosse normal, mas a questão é, não é normal, nós sabemos que não é normal ou natural, é conpletamente manufaturado e mercadológico”, ela diz.
“[A pornografia] contém muita violência contra a figura feminina. Ela é terrivelmente racista. Se você olhar para a pornografia popular, é terrivelmente misógina e abusiva”.
“[Mesmo assim], que ‘pornografia = sexo’ se tornou a mentalidade cultural mais comum”.
As Mulheres Preferem “Pornô Ético” – mas elas estão conseguindo?
A Dra Ashton diz que em sua pesquisa, as mulheres que diziam gostar de pornografia disseram que ficavam incomodas se pensavam que qualquer pessoa envolvida na produção não tinham dado consentimento total.
Algumas disseram que tentavam procurar material de fontes que sabiam que eram fontes de “pornografia ética”, mas poucas estavam preparadas para pagar, preferindo acessar pornografia online gratuita.
Não é muito fácil verificar como a pornografia que você está assistindo foi feita, especialmente se você não está pagando ninguém por ela. E a Dra Ashton diz que as pessoas costumam “desligar” seu senso ético e moral quando estão engajados com a pornografia.
“Pode não ser algo que as pessoas estejam completamente conscientes – do material que você consome quando está excitado e se masturbando, – quando você está experimentando prazer sexual, isso está realmente engajando com o centro de recompensas em seu cérebro e isso vai reforçar sobre o que você se sente excitado e com quais coisas você associa a sua sexualidade, na verdade o impacto dessas experiências pode ser muito profundo”, ela diz.
Dra Tyler diz que, enquanto há muita variação na pornografia, com os produtores servindo a todos os tipos de kinks, fetiches e subgêneros, a vasta maioria do material é feita com a audiência hétero masculina em mente.
Isso enviesa o conteúdo, de forma que mesmo se é ostensivamente ‘sexo lésbico’ sendo mostrado, ele está sendo mostrado para o espectador hétero masculino.
Ela diz que a pornografia já foi tão normalizada em nossa sociedade que as pessoas acham mais embaraçoso dizer que elas não a usam do que admitir acessá-la, e a demanda por “pornografia ética” é parte dessa normalização.
“Porque existe um desespero para que haja pornografia que seja ética, ao invés de um questionamento de como a sexualidade se pareceria se não houvesse pornografia?” ela questiona.
“Não é comida. Não é água. Não é ar, não é exercício”.
“Em uma era pós #MeToo, se realmente estamos conversando sobre compartilhar relações sexuais igualitárias entre homens e mulheres, tendo em vista toda realidade da pornografia e o que ela representa, eu não consigo ver porque a indústria da pornografia tenha que fazer parte disso”.
“Você não pode dizer que é pró-#MeToo, e que é a favor do consentimento feminino, e depois ainda ir se masturbar para material que fundamentalmente subordina e usa os corpos de mulheres”.
Mais Conversa Mais Aberta sobre Sexo Poderia Ajudar
Tanto a Dra Tyler quando a Dra Ashton acreditam que a resposta está em conversas mais abertas e sem tabus sobre sexualidade, o reforço sobre o que seria uma sexualidade saudável, e educação sexual adequada, melhor e mais abrangente para que os jovens não sintam que precisam se virar para a pornografia para aprender a como fazer ou aproveitar o sexo.
“Nós só precisamos equipar as pessoas com o conhecimento e acesso à informação e seviços de suporte, para que então elas possam descobrir como podem abraçar suas próprias e genuínas sexualidades de uma forma que funcione para elas, e possam desenvolver relacionamentos íntimos amorosos, felizes, prazeirosos e consensuais”, diz Ashton.
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Traduzido livremente por mim <3 Nina Cenni.
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