Dentro do quarto meio-dia, lá fora inferno.
Torpor.
Ideias insólitas se sobrepõem sem captura — derretem. Vejo futuros, revi três vidas e meia. O boleto se mistura com cenas teatrais enquanto a lista de compras vai sendo checada
A roupa que era destoava no espelho
via o que via — dentro tempestade caía.
Do sufocante esquife como se escapa?
Se tempo demais negou o enigma
Nem decifra, nem devoro
Palco não é chão
Ali se flutua, voa, afunda
É solo sagrado
Profanamente pisado
Por devotos descalços
Em mil vidas exorcizados
Em mil vidas encantados…
Acabei de apagar toda uma ponderação que fazia acerca das máscaras que usamos, nossos “eus” para cada círculo social. Tinha palavra demais. E isso já me remete à outra reflexão: a de estar escrevendo pouco, mas não farei isso hoje.
Tenho andado com gente estranha.
Uma farrapa feita de alegria,
Havia palhaça com bambolês
e uma xamã argentina
Regente feito cavalo recebia poeta
Assisti — depois de muito adiar — Aftersun.
Foi incontornável, após o filme, remontar as memórias com meu pai.
Quando perdi meu pai eu tinha a mesma idade da protagonista Sophie (11 anos).
Tem uma música que gosto de ouvir há um tempo. Digo depois qual canção. Mas, queria te dizer um pouco do porquê gosto dela.
Antes, uma observação. Ela pode falar sobre o que quisermos interpretar. Não há a linha reta de compressão. Feita esta…
Há um mapa que não consigo queimar.
Guardado no fundo da minha cabeça todas as rotas, topografia, o caminho dos rios e os perigos daquele mar.
Não há tesouros futuros.
“Num abraço cabem quantos quilômetros?”
Fiquei me perguntando quando percebi que
Nem todo abraço é encontro.
Lá fora há um sol pra cada um.
Num céu sem Noel
Dançam os urubus.
Dezembrite — disseram
Assim Melancólico, meio gastrite
Corrói por dentro se não cuidar
O remédio é afeto de abraçar.