Receitas da Revista Salsaparrilha — Edição de Março 2016

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6 min readApr 2, 2016
Natureza Morta Eucarística, de Salvador Dalí (1952).

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Saudações a todos.

Esperamos que os feriados de Páscoa tenham transcorrido bem. Caso não tenham sucumbido às delícias pascoais — ou se já estiverem com saudades delas — , nossa mesa farta do mês inclui canapés hollywoodianos, comida filipina, biscoitinhos italianos, braços marinados e uma torta à brasileira. E, como já é nossa tradição, vários quitutes para beliscar por aí. Recomendamos acompanhar com um vinho tinto encorpado, bem sanguíneo, ou um rosê francês.

Meninos, eu vi: o Oscar 2016 de cabo a rabo: Enquanto você esteve sabiamente dormindo, um de nossos editores passou a noite em claro para levar a você o que aconteceu, o que é a Academia, como funciona o Oscar, quem ganhou, quem perdeu, por quê, e o mais importante, quem ou o que é Lorenzo Lamas. Por Maurício Sellmann.

Sobre Homens-Morcego e Super-Homens: A essa altura, você já sabe que Batman vs. Superman: A Origem da Justiça (2016) não presta, certo? O que você talvez não conheça é a postura editorial da DC Comics nas últimas três décadas e seus reflexos na adaptação dos personagens da companhia para a sétima arte. Mas, apesar do péssimo resultado do embate cinematográfico entre dois dos maiores ícones dos quadrinhos, nem tudo está perdido. Por Tiago Ramos.

Do Que Vem Antes — um filme, um mundo: A nossa outra opção de prato principal se inspira no movimento slow food. Este filme de quase seis horas de Lav Diaz (Norte, O Fim da História) é uma imersão num mundo distante: uma pequena aldeia das Filipinas mergulha numa série de acontecimentos estranhos no início da década de 1970. Nas imagens de Diaz, o horror e a beleza de um mundo virgem prestes a ser destruído. Por Maurício Sellmann.

Pequeno dicionário de Umberto E: O italiano Umberto Eco costumava dizer que seus romances eram apenas uma maneira mais livre de expressar suas ideias. E ele tinha muitas ideias. Nesta pequena compilação, vasculhamos a sua obra teórica e literária, além de entrevistas, para apresentar seu pensamento — de “Amor” a “Zigue-zague” — em 60 verbetes. Por Maurício Sellmann.

Que país sou eu?: Há quase 30 anos, uma telenovela ousou brincar com o formato, apresentando um país imaginário do século 18 como um espelho satírico do Brasil de então. Que Rei Sou Eu? acabou prevendo também o que veio depois, a era Collor. Com a obra disponível em DVD, mostramos como sua narrativa subversiva continua atual no país da Lava Jato. Por Maurício Sellmann.

Número Zero (Record): Colonna é um daqueles jornalistas pau-para-toda-obra, contratado para trabalhar num jornal que jamais será publicado, o Domani (Amanhã). Tudo não passa de um plano de influente empresário, que quer ascender ao mais alto círculo do poder na Itália. Nesse meio tempo, porém, Colonna conhece Bragadoccio (“fanfarronice”), outro jornalista na empreitada, que tem uma teoria da conspiração a lhe contar. No seu último romance, Umberto Eco demole a imprensa e brinca com as narrativas paranoicas, deleitando-se em transformar uma delas em algo absurdamente crível. (MS)

O Lobo do Deserto (Theeb, 2015): Hejaz, Império Otomano, 1916. O pequeno Theeb acompanha seu irmão, Hussein, que guia um soldado do império britânico em busca de um poço romano no meio do deserto. Quando soldados e rebeldes de diversas facções os cercam no caminho, a jornada se torna luta pela sobrevivência. Este filme tenso, de fotografia espetacular, é uma aventura à moda antiga com uma novidade que faz toda a diferença: em vez do soldado europeu, o herói é o astuto garoto beduíno. Estreia eletrizante em longas do diretor vencedor do Festival de Veneza Naji Abu Nowar. Em cartaz. (MS)

As Aventuras de Tintin: O Tesouro de Rackham, o Terrível (Companhia das Letras): O melhor de descobrir o talento de Hergé, criador do destemido repórter Tintin, apenas depois de adulto é ter a bagagem necessária para apreciar seu talento por completo. O traço econômico porém expressivo, o uso arquitetural das cores, o ataque implacável ao espaço da página. Diante de tanta habilidade, a trama — sobre uma caça ao tesouro, inspiração parcial do longa animado de 2011 — quase deixa de ser importante. Felizmente, como todo o resto, ela também é irretocável. (TR)

Incidente em Antares (Companhia de Bolso): Já escrevemos sobre este romance de Érico Veríssimo antes, mas toda recomendação é pouca para esta obra-prima injustiçada. Especialmente agora que a surreal política nacional torna o livro mais atual do que nunca. Não é à toa que chamam isso de realismo mágico. Conheça a história da cidadezinha de Antares, desde o início da sua dominação pelos clãs Vacariano e Campolargo até o dia em que sete mortos invadiram o coreto da praça para contar os podres de todo mundo. Veríssimo adiciona um tom amargo à sátira, trazendo uma melancolia inusitada a este livro divertido e devastador. (MS)

A Bruxa (The Witch, 2015): Nos Estados Unidos do século 17, uma família de colonizadores é expulsa da comunidade da qual fazia parte e forçada a viver sozinha na floresta. A partir daí, as coisas dão tão errado quanto a combinação das palavras “sozinha” e “floresta” sugere. Com belas composições visuais e ambientação inquietante, o primeiro longa-metragem do diretor e roteirista Robert Eggers deixa o espectador incapaz de decidir se ele quer que o filme termine logo ou não acabe nunca. Não foi à toa que o capeta aprovou. Em cartaz. (TR)

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