Receitas da Revista Salsaparrilha — Edição de Agosto 2016

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6 min readAug 30, 2016
Michael Phelps recuperando as energias depois de mais um ouro na Rio 2016. Foto: Salsaparrilha Images.

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Confesse: neste exato momento, suas saudades dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro perdem apenas para a falta que nossa newsletter fez em sua caixa de entrada. Se, no primeiro caso, você ainda precisará esperar quatro anos para ter seus sentimentos aplacados, estamos de volta para resolver o segundo. Neste último bimestre, discutimos a polêmica alteração de pratos tradicionais locais, exploramos (sarcasticamente) alguns paralelos entre fast-food cinematográfico e nossa realidade e, por fim, oferecemos nossa primeira porção de petiscos musicais. Recomendamos acompanhar com vodca pura — remédio ideal para as saudades, você sabe.

2016: O ano em que faremos full contact: Este ano, mantendo o desempenho da última década, os filmes de super-heróis continuam atraindo público aos borbotões. O diferencial de 2016? Se considerarmos o estado dos ânimos ao redor das principais crises político-sociais no Brasil e no mundo, tais longas mais parecem documentários. Descubra o que Batman vs Superman, X-Men: Apocalipse e Capitão América: Guerra Civil têm em comum com as eleições norte-americanas, nosso impeachment e o Brexit. Por Tiago Ramos.

Metamorfoses ambulantes: Entre a produção e a estreia, a equipe da refilmagem de Caça-Fantasmas aguentou um ano de insultos por trocar o quarteto de heróis por heroínas. Para os detratores, isso era inadmissível, mas não há nada de novo (ou errado) na transformação total de personagens populares, como se pode ver neste artigo: uma viagem pela nossa herança cultural de figuras mudando de pele como quem troca de roupa. Por Maurício Sellmann.

Salsaparrilha Mixtape #1 — Nóis É Cool: Do cinema aos quadrinhos, da literatura aos games, as narrativas que marcam a sua vida podem fornecer também a trilha sonora da sua vida. Na estreia da nossa nova seção, uma playlist com temas cheios de atitude. Seja uma versão italiana para Roberto e Erasmo Carlos, um cover para Leonard Cohen ou um tema para jogo de corrida, nossa lista é das mais variadas, porém sempre com uma coisa em comum: ela gruda no ouvido sem jamais perder a elegância. Por André Hernandez, Maurício Sellmann e Tiago Ramos.

Desligue a televisão e vá dormir: Setembro está aí e, com ele, as novas temporadas da maioria das séries de televisão norte-americanas. Aproveite a ocasião para relembrar nosso texto sobre a preferência moderna do público em assistir a diversos episódios de seus programas favoritos de uma só vez. E como esse comportamento nos fez esquecer do quão deliciosa a angustiante espera pelo próximo capítulo pode ser. Por Tiago Ramos.

Abaixo, algumas iguarias que degustamos nestes dois meses. São dicas de lamber os dedos.

Reportagens (Companhia das Letras): Esse é um dos casos clássicos em que bater no peito e dizer “estou lendo um gibi” é sinal de orgulho. Joe Sacco, provavelmente o nome mais proeminente do gênero gibi-documento (reportagens em formato de HQ), apresenta de modo quase didático aquelas confusões sociopolíticas que o telejornal das oito não consegue explicar nem com infográfico animado. Seus personagens são refugiados africanos em Malta (país natal do autor), criminosos de guerra, contrabandistas palestinos, e tipos bem sofridos ao redor do globo. Seu enfoque busca imparcialidade, mas fica clara sua tendência humanista para o lado dos mais fracos. Leitura densa, inteligente, que agarra você pelo pé e aperta até sair lágrimas. O mundo precisa de mais Joes assim. (AH)

Amor & Amizade (Love & Friendship, 2016): Está em cartaz uma engenhosa comédia de costumes, de época, com diálogos afiados, elenco estelar e humor ferino. Não, não é Café Society, de Woody Allen. Baseado em novela epistolar pouco conhecida de Jane Austen (Lady Susan), o novo filme de Whit Stillman (Barcelona) acompanha a visita da maquiavélica Lady Susan Vernon (Kate Beckinsale, divertindo-se à beça) aos seus cunhados durante um fim-de-semana, no qual ela espera abocanhar um bom partido para si e sua filha. Chloë Sevigny, Xavier Samuel e Stephen Fry também comparecem para tornar esta produção forte candidata a melhor adaptação de Austen já feita. (MS)

O Livro das Ilusões (Companhia das Letras): O professor universitário David Zimmer sofre com a perda da esposa e do filho num acidente aéreo quando se depara com o mistério de Hector Mann, dado como morto em 1929. Fascinado pelo comediante de Hollywood, Zimmer pesquisa para escrever sua biografia quando recebe um convite inusitado: assistir aos filmes dirigidos por Mann nas décadas de 1940 e 1950. A trama do astro hollywoodiano desaparecido não é nova, mas Auster a molda com engenho ao seu gosto por quebra-cabeças que iluminam o mundo interior de seus protagonistas e a importância da memória. É um dos livros menos festejados do escritor nova-iorquino — e um de seus mais comoventes. (MS)

Inumanos (1998): Enquanto a Marvel insiste em empurrar sua nova linha de HQs dos Inumanos na goela de um público que não tem dado a mínima, esta ótima minissérie em doze edições por Paul Jenkins e Jae Lee permanece esquecida. Nela, os autores exploram a cultura, estrutura social e psiquê dos residentes de Attilan, cidade onde os alienígenas-título vivem isolados do resto do mundo. Até um cerco militar levá-los às portas da extinção. Os super-poderes dos protagonistas beiram a irrelevância: o foco aqui está na humanidade dos seus sentimentos e na beleza da narrativa — a qual dispensa conhecimento prévio dos personagens para ser apreciada — sobre uma sociedade perfeita tomada pelo caos. (TR)

Terceira Pessoa (Third Person, 2013): Calma! Dispa-se de suas expectativas! O filme de Paul Haggis (do marromenos Crash — No Limite) não vai mudar sua vida, mas se você esperar para tirar suas conclusões só no final, certamente vai se divertir. Ele usa as mesmas fórmulas do vencedor do Oscar: 3 histórias entrelaçadas (ou nem tanto), que contam, aqui, a agonia da gestação de um livro. Tem estereótipo para todo lado, obviedades, participação especial sensacional (Kim Basinger), mas o importante mesmo é o fim que justifica todo o meio. E, se tudo o mais der errado, Olivia Wilde ainda consegue levantar o drama. Não leva o Oscar, mas também não merece todos os tomates atirados nele. (AH)

Nossa newsletter volta em breve. Até lá, não custa nada lembrar: você pode seguir a nossa publicação própria, a Revista Salsaparrilha, aqui mesmo no Medium. Além disso, fique à vontade para bater um papo conosco através do e-mail revistasalsaparrilha@gmail.com, via Twitter ou Facebook. Bon appétit!

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