02/02

a garrafa vazia repousa na mesa.

você olha, quer mais.

quer se afundar dentro daquela dose.

a imaginação corre, você pede mais uma.

(é só o começo, criança.)

O menino, o cortinado e o lobisomem.

Tinha acabado de chegar da cidade. Sua casa era mais afastada, dentro de uma floresta escura, pelo menos assim ele via. A casa era grande, 3 salas, 7 quartos, duas cozinhas. Morava só ele e a mãe, uma casa imensa para os dois. Cada um tinha seu espaço, mas ele…

as chaves do gulag

sair muitos saem.

entrar poucos entram.

viver muitos vivem.

sorrir muitos sorriem.

sentir poucos sentem.

non sequitur

tem uma menina, sempre tem uma. nem que ela saiba da minha inexistência, sempre tem alguém. mesmo que ela não possa ser, queria tanto que fosse. mesmo que aquele vazio permaneça cheio há no fundo a esperança de que um olhar possa trazer de volta aquilo que nem existiu. sempre há a esperança de a…

assassino.

Eu posso assassinar a realidade.

Enfiar em seu abdomén a faca da calma.

Deixar vazar o sangue negro da dor.

Arrancar cada músculo que se debate.

Mas de nada isso adianta.

Quando for preso, me julgarem culpado, de novo ela ressurgirá.

E então nada farei, aprenderei a lidar.

vou sempre esquecer e me lembrarei.

Aquele era meu dia, era o dia que eu achei que pudesse ser feliz. E eu fui. Vi que a vida não é um mistério, não tem grandes dúvidas ou grandes sentidos, é algo que passa e você decide se quer vivê-la ou não.

O problema é lembrar disso hoje.

pág. 240

“Sonho que estou correndo.
 Num carro.
 É um sonho bonito, tipo fim de filme americano, onde o protagonista e sua garota saem dirigindo pelo resto do mundo.
 Só tem uma coisa: estou dirigindo sozinho.
 Sem garota nenhuma.
 A tragédia é que, enquanto durmo, eu acredito.”

o gosto do sábado

o abrir dos olhos na manhã de domingo.

o ardor da pele sob o sol da segunda.

o calor que invade a janela na terça.

a má vontade da quarta.

vírgulas

levantei porque precisava, precisava escrever, colocar negras marcas no fundo branco. tá tudo meio trêmulo, incerto. a sensação não passa, eu não sei o que fazer, posso ou não? não tem como responder, nem o tempo sabe dizer. as ideias descem pela cabeça, escorrem no suor, se vão. no toque, a pele, a sensação, o…

hauts et bas

eu posso jurar que nem tudo que sobe desce.

podia jurar que tudo que descia subia.

je t’aime, viens avec moi

donnez-moi votre main et dansons