Como se tornar um viajante do tempo

Gustavo Nogueira de Menezes (Gust)
swarm creativity
Published in
8 min readFeb 18, 2015

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3 importantes lições que aprendi nas minhas viagens pelo tempo até aqui.

Viagem no tempo. O nerd que nunca se interessou pela possibilidade de romper as barreiras do relógio que atire a primeira ampulheta. Se você sonhava em ter o poder de Hiro Nakamura e conquistar essa habilidade para a sua vida, então esta pode ser a tão aguardada oportunidade. Sem a necessidade de um Vira-Tempo, uma Tardis, um DeLorean ou de um Tessaract.

Eu sou Gustavo Nogueira e sempre tive um grande fascínio pela ideia de viajar no tempo. De preferência em uma velocidade superior à que, diariamente, nos movemos rumo ao futuro.

Paradox Comic Book Logic

Já devorei — verbo mais apropriado ao contexto que o estéril “consumir” — um bocado de informação sobre o tema, na forma de filmes, documentários, séries, livros, jogos, quadrinhos, RPGs, cursos, podcasts e, por que não, teorias conspiratórias, escondidas nos mais obscuros redutos da internet, mas que ainda assim amamos acreditar. Acumulei as mais variadas referências sobre como ser um time traveler e por meio dessa série de artigos quero colocar em prática outra das minhas atividades preferidas: compartilhar.

Se você já for um viajante no tempo experiente, fique à vontade para começar por algum dos meus artigos futuros, ou partir direto para debater os mais variados paradoxos do tempo a sua escolha em qualquer um dos meus canais sociais ;)

Mas, na ordem natural das coisas, vamos começar pelo mais essencial com 3 importantes lições que aprendi nas minhas viagens pelo tempo até aqui.

1. ”Para vislumbrar o futuro é preciso se voltar duas vezes mais longe ao passado e primeiro compreender como chegamos até o momento presente.”

Aos interessados em vislumbrar o futuro de todas as coisas, a primeira lição que aprendi com outros viajantes e compartilho é que, antes de qualquer viagem ao futuro, é preciso se voltar duas vezes mais longe ao passado. Sim, esse esforço é necessário. E isso significa avaliar amplamente o contexto e conhecer em profundidade as raízes do destino a ser visitado: pelo que ele foi influenciado, o que ele influenciou, o que o torna único no universo e o que o diferencia de todo o contexto ao seu redor.

O quanto você conhece sobre o seu ponto de partida, viajante?

Acredito que os motivos ficarão mais claros em conjunto com a segunda e terceira lição, mas o importante neste ponto é que somente ao se aprofundar em todo o caminho percorrido até aqui é que alcançamos a real compreensão do onde estamos hoje. Transformamos o momento presente em nosso ponto de partida. E assim nossa viagem ao futuro poderá começar.

2. “Quando se está em modo 'Fast Forward’, as vezes é preciso abdicar de pormenores e manter o foco no fluxo.”

Para que o futuro se torne claro aos olhos despreparados de um novo viajante, a segunda lição é que o destino a ser visitado precisa necessariamente de um referencial muito bem definido. Para um viajante experiente, esse referencial pode ser qualquer coisa. As regras sociais de determinada época, o comportamento de determinado grupo de pessoas, as condições climáticas de uma coordenada no mapa, os registros de determinada sociedade sobre seu entendimento de o que/quem é Deus ou mesmo a versão mais ampla desses referenciais como cultura, economia, gestão de recursos naturais ou religião.

Mas, importante dizer: quanto mais amplo for o seu referencial, mais demorado vai ser se desligar do tempo convencional e entrar em “velocidade de cruzeiro” para alcançar o futuro. Os viajantes do tempo chamam esse modo de voo de Fast Forward.

Ao entrar em Fast Forward, é tempo de deixar de lado o olhar minucioso aos detalhes do passado e presente, e se concentrar no fluxo que liga um fato ao próximo e então ao seguinte. Você vai perceber quando atingir esse modo. Navegadores e exploradores de diversas áreas chamam esse momento de “fluxo”. Aproveite-o para ir o mais longe possível. Viajantes iniciantes que escolhem prestar atenção demais aos detalhes pontuais de determinado momento do percurso, correm o risco de ficar presos alguns anos por lá.

O quão longe rumo ao futuro você consegue viajar?

Cada viajante conhece bem seus motivos para a viagem e aprende a reconhecer as horas certas para realizar uma parada e se manter no atual tempo presente. Mas, em contraste, essa também é uma das partes mais divertidas de se viajar no tempo. Passado, presente e futuro podem alternar entre os papeis de figurante ou protagonista. Basta prática.

E, chegada a hora de voltar para casa, precisamos falar sobre a terceira e talvez mais importante lição.

3. “Máquinas do tempo são conceitos teóricos inventados para possibilitar a viagem pelo tecido espaço-temporal. Invente a sua.”

Vira-Tempo. Tardis. DeLorean. Tessaract… São muitas as representações que aproximam ficção e nossa realidade, mas a melhor comparação que você pode fazer agora vem da série clássica Cosmos, onde Carl Sagan explora o espaço-tempo em sua nave, The Ship of Imagination. No mundo real, máquinas do tempo são conceitos que passam a existir a partir do momento em que nós os imaginamos. Você pode não ter percebido, mas foi o que fizemos na primeira lição, ao tornar o momento presente nosso ponto de partida: encontramos uma forma de embarcar em direção ao futuro. E, ao viajar no tempo, se não encontrar o futuro que esperava, você pode criar novos.

Não se preocupe, eu não transformarei esse guia em um texto de autoajuda. Nem quero quebrar a magia da real possibilidade de ser um viajante que estou te oferecendo. Para você entender melhor o poder de recorrer à imaginação como instrumento de navegação no tempo-espaço, Neil deGrasse Tyson, — renomado físico, responsável também pelo remake à nossa época da série do gênio Carl Sagan — foi questionado por uma criança de 6 anos sobre qual é o sentido da vida. Neil, em resposta, afirmou de forma espontânea que o sentido da vida não é um objeto, passível de tropeçarmos por ele ao longo da nossa caminhada vida a fora. O sentido da vida é algo mais complexo, justamente por ser mais simples de ser encontrado: nós o criamos.

Encontre uma forma de embarcar em direção ao seu futuro. E se não encontrar o que esperava, crie um futuro novo.

Assim como Neil, eu digo a você, meu novo amigo viajante: defina o que dá sentido à sua viagem, aproveite-a ao máximo, invente a sua máquina do tempo, e então crie o futuro que você almeja alcançar.

Isso é o essencial. Agora você está preparado para começar.

Boa viagem.

Gustavo Nogueira

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A cada mês, publicamos um novo conjunto de artigos, que se integram em uma experiência coletiva e são complementados por você. Leia os demais dessa edição: Quem quer ser real? (Ou como deixar de ser um holograma) e #SextoSentido: quando a gente sabe antes de saber.

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QUE GOSTO SERÁ QUE TEM O FUTURO?

Há uma série de plataformas que você pode utilizar como ferramentas para olhar para o passado e para entrar em Fast Forward rumo ao futuro: uma boa forma de começar é lendo artigos como os do UOL Tab, do Ponto Eletrônico, blog da Box1824, explorar as perguntas e respostas do meu fórum preferido, o Quora, assistir aos diversos TED Talks sobre o tema, ficar ligado no lançamento de serviço como o Mappa… Você também pode acompanhar algumas notícias de hoje que nos auxiliam na tarefa de vislumbrar para onde o futuro do nosso tempo se direciona, no tumblr #FutureofThings, com conteúdo em inglês e curadoria assinada por mim.

Para Marty McFly e Doc Brown, a parada mais próxima De Volta Para o Futuro ocorrerá em Outubro de 2015. Em 2011 o protótipo do tênis que será a sensação do futuro foi à leilão no E-Bay, custando pequenas fortunas. Mas a Nike já anunciou que os tênis estarão disponíveis em larga escala em 2015 (e, como viajante, espero que a um preço acessível para eu poder ter meu par).

Você sabia que Stephen Hawking organizou em 2012 uma festa para viajantes no tempo? No momento estou escrevendo esta série e ainda não consegui comparecer... O tempo, aliás, foi o tema ao qual Stephen Hawking dedicou sua vida e obra. E o filme “A Teoria de Tudo” nos faz viajar pelo assunto de maneira adorável, seja você um curioso da cosmologia ou um amante da poesia medieval. ;)

A imagem principal que ilustra este post é conhecida como "The Time Travelling Hipster", um estiloso time traveler estudando o passado. Na Internet, há diversos compilados de possíveis momentos semelhantes na história da humanidade em que viajantes do tempo foram possivelmente registrados, como este e este.

// Digital Detox

PARA APROVEITAR (OFFLINE) O TEMPO PRESENTE

“O tempo é fluido por aqui": a citação, define o aterrorizante conto "Os outros”, presente no livro Coisas Frágeis, de Neil Gaiman, que é a minha dica para quem quiser exercitar a imaginação (e talvez ser um pouco aterrorizado…).

O movimento dos astros é uma das formas mais tradicionais da humanidade observar a passagem do tempo. As fases da lua — e a influência da mesma na natureza ao nosso redor — são um excelente exemplo. Fui apresentado a este calendário lunar pelo amigo André Pollux e fiquei absolutamente fascinado com a construção visual. Que tal ter um em casa?

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Gustavo Nogueira de Menezes (Gust)
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Artist, researcher and entrepreneur questioning our relationship with time as individuals and as a society.