Taqtalkies #15: Leandro Blanc

Viviane Ducarme
TaqtileBR

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Leandro está sempre perambulando por ai com seu fone de ouvido wireless que ou está no pescoço descansando ou no ouvido mesmo. Leandro também é um dos poucos que traz marmita para a Taqtile, sempre utilizando a mesma marmiteira característica super sofisticada, nunca vi uma tão sofisticada na vida.

Das conversas compartilhadas no almoço dos marmiteiros, já ouvi muito sobre vinho, futebol, viagens e comida. Esse episódio do Taqtalkie com certeza vai tocar nesses pontos e em mais alguns que eu não saberia nem se soubesse.

Olá! Me conta o que você faz aqui na Taqtile

Hoje divido as funções administrativas e financeiras com a Erica Urushibata. Além disso, sou responsável pelo jurídico, compliance, dou suporte à Erica no RH e à diretoria no Planejamento Estratégico.

Quais foram suas outras experiências de trabalho?

Comecei a trabalhar bastante cedo logo aos 15 anos, após resolver refazer a oitava série (hoje equivale à nona) por puro perfeccionismo. Os invejosos vão dizer que eu repeti de ano, mas peço por favor para que não atrapalhem a minha entrevista. Na época meu pai tinha uma gráfica expressa e eu fazia um pouco de tudo por lá. Design (calma, isso em 97, hein gente?!), digitação, entregas, panfletagem, o que fosse preciso. Depois cheguei a dar umas aulas de informática para crianças e idosos e também fiz uns “bicos” no Brás em uma empresa de embalagens, que precisava de alguém para um trabalho temporário de digitação, eles estavam atualizando a contagem de estoque deles.

Em 98, minha família mudou-se pra Vinhedo/SP, onde moro até hoje. Sim, eu venho para São Paulo todos os dias. Lá voltei a trabalhar com o meu pai, no adminstrativo de uma empresa dele, que fabricava iluminação de emergência entre outros equipamentos de segurança, até que resolvi começar a trabalhar de casa, com serviços semelhantes aos do tempo de gráfica expressa.

Entre 2000 e 2001, trabalhei no Hopi Hari, como monitor. Trabalhava no estacionamento, recebendo ônibus de excursões. Saí de lá com 20 anos e o sonho de ficar rico. Junto com 2 grandes amigos, montei uma micro-empresa e conseguimos uma autorização da Sony para revenda de produtos de home-theater no Brasil. Era um mercado bastante novo e muito promissor. Desenhávamos o projeto e depois vendíamos e instalávamos todos os equipamentos: projetores, TV’s de plasma (quem lembra disso?), telas, kit de caixas, etc. Pouco tempo depois, as grandes empresas do varejo passaram a vender isso tudo, só que em 24x. Passamos a viver de pequenos projetos e o nosso plano perfeito de riqueza virou uma mesada que mal pagava o nosso lazer de final de semana.

Em 2006, o Danilo Toledo (hoje Diretor Comercial, da Taqtile) me convidou para tentar uma vaga de estágio na empresa onde ele trabalhava (Gesto Saúde). Era uma empresa parceira da Compass, que deu origem à Indigo, hoje Taqtile. Eu estava no meu último ano de faculdade de Administração e como era pra ser só um período de estágio, pois eu tinha acabado de passar em um concurso público na Câmara Municipal de Vinhedo, me pareceu uma boa ideia. Nesta eu fui ficando, fui ficando…desisti da vaga pública, vi a Indigo nascer, transformar-se em Taqtile e aqui estou…

O que a maioria das pessoas não sabe sobre você?

Talvez há algum tempo alguns por aqui pudessem não saber que sou pai. Até que um dia trouxe meu filho (que tem quase 5 anos) pra “trabalhar” comigo e ele fez questão de não passar despercebido (Risos).

Outra coisa é que toco teclado, violão, guitarra e recentemente fiz aula de canto. No início dos anos 2000 tive uma banda de hardcore, com músicas próprias, demos gravadas, etc. A banda chamava PLISNOU, procura aí no Google que talvez você encontre algo. Isso durou por uns 4 ou 5 anos e pude viver algumas experiências memoráveis, como tocar para 400 pessoas em um barzinho com capacidade máxima para umas 200. Importante salientar que todas essas pessoas estavam lá para assistir a banda que tocaria depois (Risos).

Hoje tenho uma banda que toca músicas um pouco melhor recebidas por pessoas normais. Ensaiamos todas as segundas e tem sido uma boa opção para continuar na ativa e aliviar o estresse do dia a dia. Só tocamos onde nos aceitam, ou seja, quase nunca tocamos (Risos).

Mas atenção, nada do que foi dito aqui garante que eu seja um bom músico e eu posso provar isso!

Como você explicaria sua filosofia de vida básica?

Gosto de me colocar no lugar dos outros antes de falar ou fazer qualquer coisa. Isso ajuda bastante na hora de tomar qualquer decisão.

Também adoro aquelas frases prontas do tipo de livros de auto-ajuda. Uma vez ouvi alguém dizer também que temos dois olhos, dois ouvidos e somente uma boca pois precisamos observar e ouvir muito mais do que falar. Não é fácil, tenho muito a aprender, mas sempre tento me lembrar disso também para me guiar no dia a dia.

Com relação aos relacionamentos em geral, até mesmo no trabalho, gosto sempre de prezar pela manutenção do respeito. Posso discordar, debater, argumentar, expor meu ponto de vista, mas é preciso sempre ter limites. Aquela noção de que precisamos seguir em frente juntos, então nunca “chutar o balde” pra que no dia seguinte seja possível reverter qualquer situação e retomar a “caminhada”.

Leandro por Gregory Milani

O que no seu cotidiano você é melhor do que qualquer outra pessoa? Qual seu segredo?

Acho que no bom humor, aquelas “tiradas” rápidas e que (quase) sempre são engraçadas. Não tenho um segredo pra isso, inclusive é até muito difícil me controlar dependendo do ambiente. Às vezes me preocupo, em não extrapolar naquelas quebradas de gelo numa reunião, por exemplo. São inúmeras às vezes em situações como essa em que as piadinhas vem na minha cabeça e eu rio sozinho, internamente, com medo de passar dos limites, ou de não passar a seriedade necessária em alguns momentos.

Também sou bastante otimista. O mundo está caindo e eu consigo elencar milhões de motivos para que o otimismo seja mantido. No fundo, muitas vezes eu estou morrendo de medo, possivelmente até já fiz uma lista paralela de possíveis soluções ou consequências negativas, mas não perco a pose e tento manter uma vibração positiva.

Qual qualidade você julga ser a mais imprescindível para ser um bom profissional?

Comprometimento. Acho que isso possibilita que qualquer coisa positiva tenha alguma chance de sair do papel.

O que você gosta de fazer no seu tempo livre?

De curtir a família, minha esposa e meu filho. Bater um papo, tomando um vinho. Acho que é por aí.

Qual história que sua família sempre conta sobre você?

Eu e meu irmão mais velho fazemos aniversário no mesmo mês. O dele é um pouco antes do meu. Certa vez saímos em família pra comprar o presente dele e minha mãe resolveu comprar uma cueca nova pra mim. O presente do meu irmão certamente era muito melhor, mas eu fiz uma festa tão grande com a cueca inesperada, que no fim ele estava decepcionado por não ter ganho uma cueca. Dizem por aí que o ápice da festa foi quando eu subi na mesa da professora da escola pra mostrar a minha cueca nova pra classe toda, eu devia ter uns 6 anos. (risos)

O que é verdade sobre você hoje que faria seu eu de 8 anos chorar?

Que eu não sou um rockstar. Ou que não me tornei um jogador de futebol profissional.

O que te faz esquecer de fazer cocô ou comer?

Nada! (Risos). Mas tentando adaptar a pergunta, sobre coisas que perco a noção do tempo quando faço: jogos do Corinthians, Copa do Mundo, Olimpíadas, estar em família, ou com amigos fazendo qualquer coisa. Cresci numa família que realmente gosta de fazer tudo acabar em festa, receber as pessoas em casa e fazer o possível para tornar isso algo muito legal pra todos. A família de minha esposa tem um perfil semelhante, então hoje em casa a gente sempre procura juntar a família, os amigos. Isso envolve quase sempre muito trabalho antes e depois, mas sempre vale muito a pena.

Se você soubesse que iria morrer daqui um ano, o que você faria e como gostaria de ser lembrado?

Imagino que não seja muito fácil controlar o psicológico com uma informação dessas. Então antes de tudo acho que procuraria ajuda neste sentido, pra me ajudar a segurar a onda. Depois, eu gostaria de buscar informações sobre o que eu precisaria fazer, dietas ou qualquer outro tipo de restrição, pra que pudesse aproveitar e prolongar ao máximo esse tempo. Só que isso tudo bem rápido, pra não perder tempo! Feito isso, como sou meio desorganizado, acho que faria uma lista com as principais coisas que gostaria de fazer, pra não me perder. Mas certamente, estaria o máximo do tempo possível junto da família e amigos.

Acho que, mais do que “como gostaria de ser lembrado”, eu gostaria de deixar boas lembranças, bons momentos vividos e compartilhados, boas risadas, bons exemplos deixados para os filhos. Acho que isso já seria suficiente.

Uma palavra que melhor descreve como você trabalha.

Malabarismo. Precisa explicar? (Risos)

Além do seu computador e telefone, que gadget você não consegue viver sem?

Qualquer aparelho que reproduza músicas. Isso vale? Acho que dá pra dizer que 90% do tempo em que estou acordado eu estou escutando músicas. No trabalho, no carro, no ônibus, em casa…Minha esposa também gosta e posso garantir que chegar em casa e ouvir ainda do carro que tem uma música rolando, é algo impagável. Aquela sensação quase que instantânea de bem estar, uma energia positiva. Realmente não vivo sem música.

Quais são seus filmes favoritos?

Olha, talvez meu gosto seja um pouco discutível para a maioria. Gosto muito de Chaves, por exemplo. Daí você já consegue ter uma ideia de qual o tipo de filme que eu mais gosto. “Débi & Lóide”, “Se Beber não Case”, por aí vai. Mas, se for pra dar uma resposta bonitinha, eu mencionaria alguns filmes que me inspiraram de alguma forma. “Intocáveis (Intouchables)”, o filme francês, certamente é um bom exemplo. Outros nessa linha: “Invencível (Unbroken)”, “Na Natureza Selvagem (Into the Wild)”, “Corações de Ferro (Fury)” e um que me marcou muito quando era criança, foi o “La Bamba”, muito por ter música na história. Acho que é isso.

O que você está lendo atualmente? Um romance, história em quadrinho, website, revista? Ou algo que você recomendaria?

Olha, não sou muito de livro, confesso! Uso muito pra consultas e estudos. Mas parar pra ler um livro realmente não está no meu cotidiano. Por outro lado, leio muita coisa de economia, negócios, política e esportes (principalmente futebol). O que gosto de fazer é ouvir alguma rádio de notícias pela manhã (CBN ou Jovem Pan) e dali já consigo extrair diversas informações relevantes e variadas. Se algo ali me interessou acima do normal, geralmente vou atrás de mais informações nos grandes portais mesmo, ou em alguns mais específicos, como Administradores.com.br e Mundo do Marketing. Há uns 3 anos, por ter começado a estudar Business English, passei a acompanhar muita coisa de fora do país também, os que mais gosto são Business Insider, Fast Company e Harvard Business Review.

Uma boa estratégia pra ganhar tempo é seguir os jornalistas que você mais gosto no Twitter. Dessa forma as notícias acabam caindo no seu colo.

Quais são os três livros que mais te inspiraram? Por quê?

Eita, pergunta difícil! Como disse, não sou muito de ler livros, mas vou tentar. Um que certamente me ajudou muito, principalmente na época de meu casamento há 9 anos, foi “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos” do Gustavo Cerbasi. Dá pra dizer que esse livro colocou os meus pés no chão, financeiramente falando. Meio que caí na real e passei a conseguir alcançar alguns objetivos, embora ainda tenha muito por conseguir.

Religiosa e filosoficamente falando, acho que “O Evangelho Segundo o Espiritismo” é sempre bom e não precisa ser lido necessariamente na ordem, podendo ser consultado quando necessário.

Um que estou curtindo no momento é o “1001 Discos para ouvir antes de Morrer” do Robert Dimery. Gosto de pegar um disco por semana, ouvir, ler a história dele, como foi composto, produzido, essas coisas.

O que você ouve enquanto trabalha? Tem uma playlist preferida? Talvez rádio? Ou você prefere silêncio?

Dificilmente ouço músicas em rádio. E também não me adaptei às plataformas de streaming, embora às vezes até use o Spotify. Gosto mesmo é de montar as minhas playlists do meu jeito. Descobrir aquela música, versão ou artista que ninguém conhece.

Ouço música sempre com algum intuito, geralmente organizando minhas músicas ou montando alguma nova playlist para alguma ocasião especial. Quando sei de algum evento bem legal e com bastante antecedência, por exemplo, aproveito para montar uma listagem específica para as pessoas que estarão lá, numa ordem que faça sentido. Na hora, faço parecer que aquela sequência foi pura coincidência e discretamente dou uma de DJ, pulando ou adicionando músicas na hora, de acordo com a reação das pessoas.

Este ano comecei a revisão mais legal de todas que já fiz. Estou ouvindo as mais de 14 mil músicas que tenho em ordem alfabética pelo nome da música. Ainda estou na letra “B” (pouco mais de 1000 músicas). Demora bastante mesmo, pois enquanto ouço separo artigos sobre a banda, novas versões para ouvir e eventualmente adicionar à minha lista, curiosidades sobre a composição e a produção e como não dá tempo de fazer tudo isso, chego na “incrível” média de ouvir entre e 6 e 7 músicas por dia. Nesta acabo absorvendo muita informação de um assunto que realmente me agrada muito. Já pensei em compartilhar isso tudo em algum canal, Medium por exemplo, mas como essa média cairia pra menos de 6 músicas por dia e falta tempo, tenho adiado isso. Acho que gosto um pouco de música.

Como você recarrega as energias? O que você faz para esquecer do trabalho?

Dificilmente me desligo completamente do trabalho. Às vezes até sonho com possíveis soluções de problemas (Risos). Mas, com certeza o que mais gosto de fazer para me recompor é estar em família, com amigos, um bom vinho. Viagens também sempre são bem vindas. E pode ser pra qualquer lugar. Ano passado começamos a acampar e descobrimos uma ótima opção para entreter o nosso filho, além do que isso meio que resgata um pouco as coisas simples da vida e acabamos nos curtindo muito mais nesse tipo de viagem.

Qual o melhor conselho que já recebeu?

“Viver é a arte de engolir sapos”. Vou tentar explicar (risos). Nem sempre estar com a razão lhe dá o direito de a impor aos demais, algo do tipo.

Quais seus maiores medos?

De morrer cedo ou de alguma forma decepcionar meu filho, minha esposa, minha família.

Quais são seus pequenos objetivos na vida?

Cada dia ser uma pessoa um pouco melhor e poder ser cada vez mais um bom exemplo para os meus filhos.

Se você pudesse tentar qualquer outro emprego por um dia, qual seria?

Certamente algo relacionado à música. Acho que ia ser bacana ser produtor musical por um dia. Aquela coisa de “sei que a ideia é boa, que vai ficar bom, mas eu não sei reproduzir”.

Ia ser legal também ser um daqueles comentaristas de futebol de rádio ou TV. 4 horas seguida falando de futebol e ainda receber por isso. Sem desmerecer o trabalho deles, claro.

Quais coisas te deixam bastante triste?

Injustiça, corrupção, intolerância, mau humor, indiferença…

Quais coisas te fazem realmente feliz?

Diálogo, respeito, companheirismo, companhias agradáveis, música, minha esposa, meu filho, família, bom humor, gol do Corinthians, gargalhadas e vinho. Saúde!

Pelo que você se sente mais grato?

Pelas oportunidades recebidas.

O que você gosta menos sobre você?

Ao mesmo tempo que sou bastante otimista, às vezes sou meio acomodado e acabo adiando alguns planos simplesmente por não correr atrás. Tenho trabalhado bastante nisso mas ainda tenha muito a caminhar.

No trabalho, às vezes tenho um pouco de dificuldade em manter o foco no que estou fazendo e quando percebo estou trabalhando em 2, 3 coisas diferentes com a produção bastante abaixo do que eu sei que poderia alcançar. Este ano, até por algumas iniciativas que surgiram aqui na Taqtile, comecei a trabalhar melhor isso e rolou aquela coisa da “água bater na bunda”, o que historicamente funciona muito bem pra mim. (risos)

O que você pensa que as pessoas pensam sobre você?

Uma coisa que minha esposa já me avisou é que fico com a cara fechada quando estou concentrado, e por mais que eu tente me policiar, certamente muita gente já me viu assim. Cheguei à conclusão que talvez seja eu fazendo força pra não perder o foco. (risos)

Então se alguém me vir assim é só me alertar de que preciso manter o foco que tudo voltará ao normal. (risos)

O que você gostaria que todo mundo soubesse sobre você?

Que eu realmente me importo com elas.

Qual foi uma das coisas mais assustadoras que você já fez?

Talvez não seja nada demais para algumas pessoas, mas foi nadar com tubarões. Foi na minha viagem de lua de mel, na República Dominicana. Minha esposa queria muito ir, por outro lado o Google me mostrava uma série de acidentes em excursões desse tipo. Em tom de brincadeira eu mostrava isso pra ela, mas ela não mudou de ideia. Resolvi acompanhá-la no passeio, mas fui decidido a somente assistir esta parte de longe e eu tinha certeza que não seria o único. Tinha umas 20 pessoas no barco, inclusive crianças e idosos. Quando olhei para os lados, todo mundo estava na água e só eu bonitão do lado de fora. No impulso, pulei. E até hoje eu não sei explicar o motivo de eu ter feito isso. (Risos)

Que conquista você está mais orgulhoso de ter realizado?

Caramba, essa é difícil! Acho que pode ser a educação do meu filho. É muito difícil educar, muito mesmo. E é uma luta diária, qualquer deslize pode te fazer dar alguns passos atrás. Sempre existe o que melhorar, mas é muito gratificante quando seu filho se sai bem alguma situação, mesmo que simplesmente ao dizer “por favor” e “obrigado” a alguém. Não há como não se sentir um pouco responsável e orgulhoso por algo do tipo.

Qual a melhor decisão que já fez?

Meu casamento. Foi o início da família incrível que começamos a formar.

Qual a coisa mais estranha que você já fez?

Não só fiz, como sigo fazendo. Eu tenho a estranha mania de gostar de ir a supermercados e quitandas. Reservo cerca de 4 horas por semana para compras. Comecei com isso para ajudar a fazer a conta fechar em casa e como passei a entender os preços e as promoções de cada um dos mercados (os nossos apps ajudam muito!), acabei me tornando um pouco compulsivo por descontos. Às vezes chego a passar por 4 supermercados em um só dia, mas é estimulante descobrir o quanto consegui economizar no final do mês por esta dedicação.

Qual a maior mudança pessoal que você já fez?

Acho que foram duas, em fases diferentes. Quando adolescente, acho que eu estava no 2º ano do ensino médio e meu pai ficou um bom tempo desempregado, foi quando comecei a trabalhar no Hopi Hari. Até ali, eu não tinha muita noção do dinheiro que era preciso pra se tocar uma casa, embora tivesse trabalhado desde muito cedo. A gente viveu um bom tempo somente com a ajuda de amigos e alguns bicos que meu pai fazia e eu passei a repensar muita coisa e a me dedicar muito mais aos estudos e à casa desde então.

Outra grande mudança foi ter me tornado pai. Outro dia minha esposa me mostrou algo em que alguém dizia que para poder educar, antes é preciso se reeducar. E é bem por aí, pois nos tornamos um exemplo a ser seguido. E ser um bom exemplo, sem cair em contradição entre o que se fala e o que se faz, não é uma tarefa muito fácil.

Qual a coisa mais estúpida que você fez?

Não sei se foi a mais estúpida, mas com certeza a mais recente, acho que há uns 4 ou 5 meses. Estava atrasado, correndo para pegar o meu fretado. Fui atravessar a rua (na faixa, bom que se diga), em uma rua com pouco movimento, próxima à Taqtile. Tinha uma moça vindo em direção à faixa, era uma rua de mão única e os carros só cruzariam com ela vindos da direção oposta à minha, portanto a motorista estava olhando para o lado de lá. Chegando próximo à faixa, ela reduziu a velocidade e eu, acreditando que ela tinha me visto, continuei correndo. Só que ela não tinha me visto. E acelerou! Eu realmente tive uns 3 segundos de pânico, pois vi o carro muito perto. Só que pra piorar eu tropecei e, com medo de “virar lombada”, me atirei longe! Resumo: não fui atropelado e quando olhei tinha umas 30 pessoas ao meu redor com a certeza absoluta de que isso tinha acontecido. E eu lá, esparramado no chão. Nesse dia me senti um super-herói, pois eu levantei e simplesmente saí correndo. Depois ri sozinho, imaginando o que todas as pessoas tinham pensado, sendo que tudo que eu queria naquele momento era não perder o ônibus.

Qual a melhor viagem que você já fez? Por quê?

Cada viagem foi especial por algum motivo. Acho que a lua de mel na República Dominicana foi a que consegui mais me desligar do mundo, foi perfeita para o que queríamos na época. Depois, conhecer a Itália foi a realização de um sonho e a Austrália foi a mais surpreendente.

O que você considera o melhor investimento que você já fez — pode ser financeiro, emocional, educacional, qualquer um — para chegar onde você está hoje? E por “chegar onde você está hoje” não é necessariamente como um profissional, mas como um humano.

Profissionalmente, o MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Foi numa fase crucial da minha vida e lá vivi um clima completamente diferente do vivido na faculdade. Eu dividia a sala com pessoas mais velhas, diretores de grandes empresas, a coisa fluía de uma maneira realmente produtiva e me abriu bastante a cabeça.

Pessoalmente, o casamento sem dúvida nenhuma. Inclusive porque à partir dele, tive meu filho.

Quem na sua vida mais te influenciou? Como ela(e) fez isso?

Com toda certeza, meus pais. Fizeram isso dando bons exemplos. Provavelmente erraram algumas vezes, mas sempre tentando acertar e pensando no melhor pra todos nós.

Qual é a “coisa” que você acreditou por um longo tempo que hoje concluiu que é errada ou mudou de opinião?

De me preocupar com o que as pessoas iam pensar sobre os meus gostos ou atitudes, por exemplo. Se eu tenho a minha consciência tranquila e não faço mal a ninguém, não tenho motivos pra esconder qualquer coisa.

Se você tivesse uma máquina do tempo/espaço e pudesse viajar para qualquer lugar e tempo, para onde e porque você iria para esse lugar?

Pro dia do nascimento de meu filho. Foi bastante emocionante e minha mãe ainda estava por aqui…

Qual é a coisa que você gastou muito dinheiro, porém não se arrepende?

Qualquer instrumento musical ou viagem.

Qual seu maior fracasso? Como você lidou com ele?

A empresa que tive no começo da carreira. Estava difícil de tomar a decisão de me desligar dela e a oportunidade de estágio aqui em São Paulo surgiu na hora certa e acabou tornando tudo mais fácil.

O que você acha ser muito óbvio para você que não é tão óbvio para as outras pessoas?

Finanças Pessoais. Vejo pessoas gastando mais do que recebem, não conseguindo atingir os seus objetivos, na maioria das vezes por pura desorganização. Se você gasta mais do que ganha, certamente é porque você tem insistido num padrão de vida que você não pode pagar e isso precisa ser revisto o mais rápido possível. Eu tive que rever isso quando me casei e depois mais umas 3 vezes, inclusive quando tive filhos. Isso não quer dizer que sua vida deverá ser 100% de sacrifícios. Às vezes é apenas uma questão de estabelecer algumas prioridades, mas sempre estar preparado para cortar alguma coisa.

Algumas pessoas já me pediram ajuda com isso e eu já pude ajudar informalmente, mas ultimamente tenho pensado em formalizar algo do tipo. Se alguém aqui na Taqtile tiver interesse, pode me procurar, de repente podemos prototipar algo juntos. Ia ser um desafio bem legal.

Falta realizar algum sonho? Qual?

Um outro filho, quem sabe? Morar fora do país também sempre foi um sonho, mas não é uma decisão muito fácil, ainda mais com filhos.

Se alguém te pedisse um conselho aleatório, o que você diria?

Viva sua vida como se ela fosse um filme que pudesse ser assistido por todos. Não no sentido de perder a naturalidade das suas ações, mas no sentido de corrigi-las, de pensar mais no próximo. Qual o roteiro que você gostaria de escrever para o seu filme?

Escolha um animal para ler o próximo Taqtalkie: 🦁, 🐛,🐷.

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