TdV APRESENTA: 0S 65 MELHORES ÁLBUNS DE 2023 (+ 10 de outros anos)
Passou voando, moçada. A seguir, relaciono os melhores álbuns que ouvi em 2023. O esquema é o mesmo seguido em 2020, 2021e 2022: comentários breves sobre os maiores destaques, listão sem qualquer rankeamento, playlist lá embaixo.
Mas tem uma bossinha diferente este ano. Incluí, como pós-escrito, os 10 melhores discos de outros anos que descolei nos últimos 12 meses. Afinal, como em todos os anos, em 2023 “descobri” muito mais música antiga do que novidades. O próprio “disco do ano” traz gravações feitas há décadas.
[Aproveito para vender meu peixe. O sexto álbum do Borealis, meu projeto-de-um-homem-só de música eletrônica ruidosa, saiu em 2023. A modéstia — e não a ética, foda-se a ética — me impede de indicar o LP entre os melhores do ano. Mas, modéstia à parte, ficou bonitão. Ouça gratuitamente no Bandcamp (também tá em todas as plataformas pagas) e leia tudo sobre o trabalho clicando aqui.]
O DISCO DO ANO: ‘Schëhërazade que Se Cuide!’, SAARA SAARA
Escrevi sobre o meu álbum favorito de 2023 lá no Scream & Yell. Clique no trecho abaixo para ler o texto na íntegra: “São 20 faixas, sintetizando (rá!) a criatividade desorientante e o pioneirismo inigualável do duo Saara Saara. Gravadas em condições precárias há quase 40 anos, essas músicas hoje soam estranhamente futuristas; o pop brasileiro de 2023 ainda não alcançou o tecnopop niteroiense de 1988.”
O DISCO DE ROCK DO ANO: ‘Some Kinda Love: Performing the Music of The Velvet Underground’, THE FEELIES
Covardia: uma cult band irrepreensível tocando clássicos do VU ao vivo, o que poderia dar errado? Ainda assim, o disco surpreende pelo vigor e pela fidelidade; os timbres de guitarra são idênticos aos de Reed & Morrison.
Outros discos legais de rock em 2023:
- everything is alive, Slowdive
- Música do Esquecimento, Sophia Chablau & Uma Enorme Perda de Tempo
- O Disco, Banda Del Rey
- Tempo Elástico, gheersh
- Cat Power Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert, Cat Power
- Live at BBC Echo Beach, Khruangbin
- One Day, Fucked Up
- Dogsbody, Model/Actriz
- Live at Bush Hall, Black Country, New Road
- olhar pra trás, terraplana
- Different Game, The Zombies
- Heaven Vol.1, MONO
- Shadow Kingdom, Bob Dylan
- Paralysed Genius Brain, Acid Mothers Temple & The Melting Paradise U.F.O.
- Tracy Denim, bar italia
- Good Living Is Coming For You, Sweeping Promises
- the record, boygenius
- How to Replace It, dEUS
O DISCO DE BRASILIDADES DO ANO: ‘Relicário: João Gilberto (Ao Vivo no Sesc 1998)’, JOÃO GILBERTO
Outra covardia. Inacreditável registro ao vivo d’O MITO (o verdadeiro), desencavado pelo Sesc 25 anos depois da gravação. Duas horas de voz & violão (A VOZ e O VIOLÃO), com direito a uma real raridade (“Rei Sem Coroa”, de Herivelto Martins, nunca gravada em estúdio por João).
Outros discos legais de brasilidades em 2023:
O DISCO POP DO ANO: ‘GUTS’, OLIVIA RODRIGO
O disco de rock do ano? Com influências descaradas de power pop e sonoridades indie, o segundo álbum da cantora americana é uma delícia ordinária, mas bonitinha.
Outros discos pop legais de 2023:
O DISCO DE GROOVEZÊRA DE 2023: ‘Erotic Probiotic 2’, NOURISHED BY TIME
O produtor/cantor/multi-instrumentista Marcus Brown surpreendeu geral aqui, alternando balanços manemolentes e convites explícitos para mexer o esqueleto.
Outros discos legais de groovezêra em 2023:
O DISCO ELETRÔNICO/EXPERIMENTAL DE 2023: ‘Reset In Dub’, SONIC BOOM, PANDA BEAR & ADRIAN SHERWOOD
O álbum conjunto de SB & PB, lançado em 2022, ganha o mesmo tratamento dub aplicado por Sherwood a Primal Scream, Massive Attack e mais um monte de gente.
Outros discos eletrônicos/experimentais legais em 2023:
- Live at Alexandra Palace, London, 24th May 2023, Four Tet
- Zero, Nuven
- Dangerous Nights, Gustavo Jobim
- Everyone Else Is a Stranger, Lindstrom
- Playing Robots into Heaven, James Blake
- Alone, Oneothrix Point Never
- Changing Channels, Pangaea
- No Highs, Tim Hecker
- Nuc, Ligeti Quartet
- For That Beautiful Feeling, Chemical Brothers
O DISCO DE JAZZ/IMPROV/ERUDITO DO ANO: ‘Nothing Is as Real as Nothing’, JOHN ZORN
Zorn mostra aqui um lado inesperadamente delicado: são seis peças compostas para violão e tocadas por um trio liderado pelo fera Bill Frisell.
Menção honrosa: ‘You’ve Got to Learn (Live)’, NINA SIMONE
Outros discos de jazz/improv/erudito legais em 2023:
- J.S.Bach: Goldberg Variations, Víkingur Ólafsson
- Fly or Die Fly or Die Fly or Die ((World War)), Jaimie Branch
- When We Were that What Wept for the Sea, Colin Stetson
- Your Mother Should Know: Brad Mehldau Plays The Beatles, Brad Mehldau
- Guarnieri: Piano Music, Vol.2, Max Barros
- Canto Ostinato, Simeon ten Holt
- And the Stars Were Shining, Jon de Lucia
- Since Time Is Gravity, Natural Information Society
- Zodiac Suite, Aaron Diehl
- Come with Fierce Grace, Alabaster DePlume
- Mythologies, Thomas Bangalter
E olha a playlist-resumão aê:
TOP 10 BÔNUS: os melhores álbuns (de outros anos) descobertos em 2023
Os destaques entre os LPs & CDs garimpados em lojas mundo afora em 2023.
- New Tijuana Moods, Charles Mingus, 1963/1986 (reedição de um clássico do baixista de jazz, CD com faixas extras)
- Midnight Marauders, A Tribe Called Quest, 1993 (terceiro álbum dos gigantes do hip hop, recentemente relançado em vinil)
- Circo Beat, Fito Paez, 1994 (descobrindo tardiamente o astro pop argentino)
- Gonna Take a Miracle, Laura Nyro, 1971 (a singer-songwriter cantando apenas clássicos do r’n’b. Foi um dos três LPs dela que comprei em 2023)
- Technicolour, Disco Inferno, 1994 (terceiro e mais acessível álbum dos pioneiros do post-rock, LP relançado há pouco)
- João Gilberto, João Gilberto, 1970 (o disco com ele deitado no matagal na capa, também conhecido como Mexico 70)
- Peng!, Stereolab, 1992 (primeiro e mais barulhento disco dos franco-britânicos)
- Wade in the Water, Ramsey Lewis, 1966 (minha coleção do pianista só cresce)
- Pastel Blues + Let it All Out, Nina Simone, 1965/1966 (Pastel Blues é provavelmente o melhor álbum de estúdio da cantora, peguei uma edição em CD estilo 2-em-1)
- Box Frenzy, Pop Will Eat Itself, 1987 (cacei por anos o primeiro LP do grupo inglês)