TODAS AS 177 MÚSICAS DOS PARALAMAS DO SUCESSO, DA PIOR À MELHOR

Marco Antonio Barbosa
Telhado de Vidro
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24 min readApr 3, 2018

Eu uso óculos desde os 8 anos. Antes mesmo de eu começar a me interessar por música a sério, já simpatizava com os Paralamas do Sucesso justamente por conta de um de seus hits iniciais, “Óculos”, lançado quando eu tinha 9. Catei a cópia de O Passo do Lui na coleção de um dos meus tios e nunca mais devolvi (tenho o LP ainda hoje; o tio já até morreu). Cresci e os PDS cresceram junto comigo. De uma banda despretensiosa, que temperava seu pop new wave com generosas doses de reggae e ska — fórmula aperfeiçoada nos dois primeiros álbuns — o trio deu um salto evolutivo com Selvagem?, o terceiro trabalho. Não apenas expandiram sua polirritmia além do reggae, trazendo outras influências caribenhas e africanas ao mix; também se assumiram como parte da linha evolutiva da MPB, uma opção que andava fora de moda em 1986. Dali em diante, Herbert Vianna tornou-se um compositor cada vez mais sofisticado, apoiado pela melhor seção rítmica daquela e de outras gerações: Bi Ribeiro e João Barone.

O acidente de ultraleve que quase matou o vocalista, em 2001, dividiu efetivamente a carreira da banda em duas partes. Pós-2002, ano do retorno com o disco Longo Caminho, os PDS tornaram-se cada vez mais acomodados, repetitivos. Ainda assim, dada sua extensão, a discografia do trio é a mais sólida e coerente — plena de grandes canções, experimentações e ousadias — em toda a produção daquela turma dos anos 80. Nenhum outro nome daquela geração conseguiu acumular por tanto tempo o sucesso popular e o respeito da crítica (a não ser por um breve momento no começo da década de 1990…) Sem contar que, se não houvesse Paralamas, provavelmente não teríamos Skank, Cidade Negra, O Rappa e sei lá quantos outros influenciados/subprodutos/cópias por aí. (OK, pode-se ponderar que isso não seja necessariamente uma vantagem.) A conexão pioneira com a tradição da música brasileira também representa um precedente histórico para as misturebas da década de 1990, como o manguebeat recifense e o forrócore dos Raimundos.

A ideia de reouvir todos os álbuns e propor um ranking com todas as canções veio, claro, do experimento similar que fiz com a Legião Urbana. Mas o desafio com o repertório de Herbert, Bi & Barone foi maior. Não apenas pelo tamanho da obra, mas também pela maior sofisticação musical que os Paralamas exibem em comparação à Legião. Precisei reouvir com atenção os dois últimos álbuns, os quais, confesso, haviam passado batidões. Algumas conclusões se impuseram no processo:

  • Os Grãos é um disco chato mesmo.
  • Big Bang é sensacional. Nove Luas idem.
  • Cinema Mudo tem umas faixas obscuras que mereciam ficar obscuras pra sempre.
  • Bora Bora parece um disco festeiro, mas na verdade é o mais triste da carreira da banda.
  • Herbert sempre foi um vocalista limitado. Mas, por diversas vezes, conseguiu usar essa fragilidade a seu favor, de modo que suas escorregadelas e sua falta de alcance se tornassem um dos charmes da banda. Sua voz mudou sensivelmente nas últimas duas décadas, e não foi pra melhor. A coisa se complica mais no último disco, Sinais do Sim, no qual, em determinados momentos, ele soa irreconhecível.
  • Com um estilo dividido, grosso modo, em três subgêneros (as músicas dançantes, os rocks e as baladas), a banda por vezes parece engatar um piloto automático. Especialmente nos discos mais recentes, há várias canções parecidas com umas com as outras (ou com outras mais antigas), algo mais explícito ainda no caso das baladas.

DISCLAIMER: este é um ranking 100% pessoal e não pretende ser, de modo algum, uma classificação oficial e definitiva das músicas dos Paralamas. Representa tão somente minha opinião pessoal (vale ressaltar que acompanhei praticamente toda a carreira da banda, primeiro como fã, depois como jornalista). Foram consideradas apenas as canções constantes nos lançamentos oficiais do grupo, incluindo bônus-tracks e afins. Os dois discos gravados ao vivo com os Titãs e o outro registrado com a Legião Urbana ficaram de fora. A relação de faixas inclui canções lançadas apenas na coletânea Paralamas em Espanhol. Versões ao vivo/em espanhol só foram consideradas se a canção não foi registrada em estúdio/em português.

177. “Vovó Ondina É Gente Fina” — Anomalia na sonoridade tradicional da banda, este blues-rock (!) tem letra bem-humorada. Certamente tem valor afetivo para o trio. E… só para eles.

176. “Tempos Modernos” — Cover do hit de Lulu Santos gravado para a coletânea Rock in Rio 30 Anos. Contém uma das piores performances vocais já gravadas pelo grupo.

175. “Ah! Maria” — Um dos momentos mais bregas do trio. Está perdida na metade final de Os Grãos, um disco do qual quase ninguém se lembra mais mesmo.

174. “Não Adianta” — Menos ruim que “Ah! Maria”, do mesmo álbum, mas igualmente breguinha.

173. “Encruzilhada” — Reggae-rock com letra hilária sugerindo um desastre gastrointestinal (“Havíamos saído com uma turma legal / Comemos feijoada, couve e pernil / Já na saída ela passava mal”) que felizmente não é narrado de forma explícita. Bobeira típica do início de carreira.

172. “Go Back” — Alguém lembrava que os Paralamas tinham gravado uma versão em espanhol da música dos Titãs? Pois é, eu também não. Dispensável.

171. “Volúpia” — Outra faixa com sonoridade “alienígena” no primeiro disco, mostrava influência da black music e o uso pioneiro de um naipe de metais.

170. “Três” — Das mais fracas de Bora Bora, tem menos de três minutos. Parece durar mais tempo.

169. “Impressão” — Meio reggae, meio rock, é uma das faixas que preenchem o segundo lado de Bora Bora. Não causa boa impressão.

168. “Trinta Anos” — Quando Os Grãos foi lançado, em 1991, uma resenha na revista Bizz (escrita pelo André Forastieri, se não me falha a memória) afirmava que o disco “não era rock, era MPB da pior qualidade”. Provavelmente o resenhista tinha esta música em mente quando formulou a frase.

167. “É Papo Firme” — Regravação do hit jovemguardista de Roberto Carlos. O grupo demonstra empolgação ao recriar a sonoridade iê-iê-iê. Divertida.

166. “Teerã Dub” — Versão dub de “Teerã” incluída para complementar Selvagem? Faria mais sentido como um lado B de single.

165. “Marujo Dub” — Idem a “Teerã Dub”, mas nesta aqui eles botaram um esforço a mais, com vocoders e umas guitarrinhas havaianas espertas.

164. “Dai-nos” — Pop genérico, assemelhado a vários outros que a banda fez na década de 1990.

163. “Que Me Pisen” — Canção lançada originalmente em 1986 pela banda argentina Sumo. Gravada pelos PDS em 2014, ganhou uma sonoridade que remete aos tempos de Bora Bora.

162. “Açaí” — Homenagem a Djavan registrada no Songbook dedicado ao compositor (1997). Tem um clima meio de “bandinha-couvert-artístico”; o que salva é o esforço de Herbert no slide.

161. “Quase um Segundo” — Esta balada arrastada e sofrida, incluída em Bora Bora, fez sucesso nas FMs. Interrompe de forma impertinente o clima animado do disco.

160. “Lá em Algum Lugar” — Lentinha, de levada latina, esta canção enterrada no lado B de Big Bang pode ser dispensada sem traumas.

159. “Fora de Lugar” — Não diz a que veio nem em poesia, nem em música.

158. “Hablando a Tu Corazón” — Cover de Charly Garcia, transformado em bossa nova.

157. “Não Posso Mais” — Tem uma cadência intrigante, mas a letra é clichê demais (“Não posso mais / Não posso mais / Não posso mais / Viver / Sem você”).

156. “Quanto ao Tempo” — O único traço marcante desta faixa de Brasil Afora é uma citação marota à letra de “Detalhes”, de Roberto Carlos.

155. “Teu Olhar” — Como em outras canções de Sinais do Sim, o vocal errático (com direito a ao menos uma desafinada feia) depõe contra.

154. “There’s a Party” — Com letra em inglês, é o momento mais roqueiro (ou menos reggaeiro) de Selvagem?, mas não chega a ser uma das melhores do disco. Herbert canta de forma propositalmente esculhambada.

153. “Brasil Afora” — Rock pesado com melodia um tanto familiar. A voz soa cansada no refrão.

152. “O Rouxinol e a Rosa” — Um riff ao estilo dos Stones (!) e um vocal em falsete são os diferenciais desta canção obscura de 1991.

151. “Tão Bela” — Outro dos rocks de Brasil Afora. Herbert sola com gosto.

150. “A Outra Rota” — O arranjo de cordas salva esta balada confessional da mediocridade.

149. “Fingido” — Balada-reggae com letra doída (consta que o fim do romance com Paula Toller, em 1987/8, influenciou bastante a poesia de Herbert). Genérica.

148. “Ao Acaso” — Entre o reggae e o rock, esta música tem participação de Marcelinho da Lua. Fazendo o quê? Não fica muito claro.

147. “Sempre Assim” — Solitário reggaezinho incluído no mais recente disco do grupo. Letra assim-assim, melodia idem.

146. “Contraste” — Vale pelas guitarras e pela precisão de Barone.

145. “Olha a Gente Aí” — Rock de gingado funky e um refrão que, provavelmente, almejava ser catártico, mas ficou uns furos abaixo da intenção.

144. “Ao Acaso Dub” — A versão dub faz mais sentido que a original.

143. “220 Desencapado” — Com um vocal quase falado, este rock soa um tanto formulaico.

142. “Corredor” — Um rock de alma blueseira, no qual Herbert arrisca uma performance vocal mais audaciosa. Quase dá certo.

141. “Sinais do Sim” — Um vocal meio esquisito atrapalha este rock da safra mais recente dos PDS.

140. “Cuando Pase El Temblor” — Cover do Soda Stereo que ganha alguns versos em português e uma pegada pós-punk. Sem dispensar os metais, que ninguém é de ferro.

139. “El Vampiro Bajo ao Sol” — Balada composta em parceria com Fito Paez. Herbert canta (em espanhol) como se tivesse uma batata quente na goela. Gravada na Inglaterra, a faixa tem participação de Brian May, que toca guitarra base e faz um solinho.

138. “Tempero Zen” — A sonoridade, carregada por um orgãozinho a la Ray Manzarek, é mais interessante que a canção em si.

137. “Medo do Medo” — Retorno tardio a um estilo pós-punk. É boa amostra de como a voz de Herbert mudou entre Brasil Afora (2009) e Sinais do Sim (2017).

136. “Itaquaquecetuba” — Batida dançante, letra meio besteirol e um interplay massa entre o baixo e os metais empurram a música pra frente.

135. “Blow the Wind” — Pop-rock com letra em inglês e melodia vocal contagiante.

134. “Taubaté ou Santos” — Tem ares (e timbres) de soft-rock setentista e um refrão meio desajeitado: “Quero te pedir perdão / Por viver assim aos prantos / Quem sabe eu ainda te encontro / Lá em Taubaté ou Santos”.

133. “Hoje” — A performance instrumental é esforçada. Entretanto, tanto em letra quanto em melodia esta faixa se limita à “zona de conforto” da banda.

132. “Navegar Impreciso” — Reggae genérico com versos declamados de Linton Kwesi Johnson e Tom Zé. Permanece como uma curiosidade na carreira da banda.

131. “Réquiem do Pequeno” — De sonoridade climática, é uma das canções medianas de Severino.

130. “Ponto de Vista” — O grande destaque é a presença de Andreas Kisser (Sepultura). Barone embarca na onda metal e tira o segundo bumbo do armário. Tirante isso, não chega a sobressair no repertório de Hoje.

129. “Charles Anjo 45” — Quando os Paralamas gravaram essa música, em 1987, não era comum entre os roqueiros locais reconhecer a importância de Jorge Ben. Problema é que a versão, gravada ao vivo, achata a harmonia original ao transforma-la num reggae reto.

128. “O Palhaço” — Esta era pra ter entrado em Brasil Afora, mas foi lançada apenas como bônus-track para download. Má jogada: com sua guitarrinha em staccato e uma melodia convincente, é melhor que boa parte do repertório do álbum.

127. “Mormaço” — Delicado aceno às referências nordestinas da banda, traz Zé Ramalho em participação vocal.

126. “Um Pequeno Imprevisto” — Popzinho bacana de Nove Luas.

125. “Viernes 3 A.M.” — Pop-rock medião, versão de uma canção de Charly Garcia.

124. “Musico” — Uma guitarrinha meio surf music e o refrão cadenciado são os destaques.

123. “Aposte em Mim” — Despretensioso e simpático pop-rock de letra otimista, lançado em 2009.

122. “País Tropical” — O clássico de Jorge Ben foi regravado para uma campanha publicitária na década de 1990, numa versão saltitante.

121. “Um Dia em Provença” — Baladinha delicada, primeira parceria de Herbert com Thedy Corrêa (Nenhum de Nós). Tem um solinho de flauta bonito no meio.

120. “Santorini Blues” — Não é um blues, e sim um balada de acento meio folk. Pesquisei aqui e concluí que a “Isabel” citada na letra é a filha de Herbert, Hope Isabel, que tinha 2 anos quando a canção foi lançada.

119. “Não me Estrague o Dia” — A canção de abertura de Severino (1994) coloca os PDS numa encruzilhada entre a Jamaica e o Nordeste.

118. “Sempre te Quis” — Uma das várias baladas genéricas dos anos 1990.

117. “Por Sempre Andar” — Com percussão pesada e um vocal em estilo metralhadora, este número expõe a influência do manguebeat sobre o disco Hey Na Na, de 1998.

116. “De Perto” — Parecida com tantas outras. Não é ruim, apenas não se distingue (a não ser pelo solinho de Herbert).

115. “Na Pista” — Música de trabalho de Hoje, é uma tentativa clara de retomar a linha seguida em Big Bang. Só que falta a energia de antanho.

114. “Que Maravilha” — Esta versão vale pela reunião histórica em estúdio com o autor da música, Jorge Ben Jor. A canção é recriada com um balancinho gostoso; o problema é Ben, que canta com uma língua presa de dar inveja ao Romário.

113. “Nada Será Como Antes” — Versão bem diferente para o sucesso de Milton Nascimento, pendendo mais para o funk dançante. Herbert não tem medo de mudar bastante a melodia vocal original.

112. “Que País é Este” — O cover da música da Legião amaina a fúria punk original e coloca a metaleira pra reproduzir os acordes roubados de “I Don’t Care”, dos Ramones.

111. “Passo Lento” — Guitarras distorcidas e um baixão poderoso carregam essa canção de “passo” assimétrico.

110. “O Fundo do Coração” — Dando um desconto ao sax meio brega, é possível curtir essa balada com levada & melodia bacanas.

109. “Soledad Cidadão” — Tem um groove funkeado ma non troppo, de leve. Lá pelo meio, Manu Chao aparece e acentua o (até então) sutil tom de latinidade.

108. “I Feel Good/Sossego” — Paralamas tirando onda de banda de baile. Este medley unindo James Brown e Tim Maia foi gravado no Acústico MTV.

107. “Refazenda” — Minimal e essencialmente eletrônica, a regravação do clássico de Gilberto Gil reflete a sonoridade que o grupo perseguia na época (1992, na fase Os Grãos).

106. “Sem Mais Adeus” — Reggae-rock que conta com canja de Carlinhos Brown.

105. “Mustang Cor de Sangue” — A canção de Marcos Valle, gravada ao vivo, está no álbum Raridades, incluído na caixa Os Paralamas do Sucesso 1983 / 2015. Versão fiel e energética.

104. “El Amor” — Simpática versão nacional para uma canção de Fito Páez.

103. “Life During Wartime” — Os Talking Heads anteciparam alguns dos passos que os Paralamas viriam a dar anos depois: vindos de um background punk/new wave, engrossaram seu som com incursões por influências africanas. A homenagem à banda de David Byrne veio no Acústico MTV, que traz uma versão empolgada para a música lançada em Fear of Music.

102. “A Lhe Esperar” — De sotaque caribenho, essa foi a primeira faixa de trabalho de Brasil Afora. Eles já tinham feito coisas melhores no mesmo estilo.

101. “Feira Moderna” — Versão fiel — acrescida de metais, claro — do hit de Beto Guedes. Bi copia a famosa linha de baixo original à perfeição.

100. “Manguetown” — Gravada no Acústico MTV que os PDS lançaram em 1999, essa versão da canção de Chico Science amplifica a pegada da original. Herbert enfia o refrão de outro clássico, “Tukka Yoot’s Riddim”, no meio da batucada.

99. “Deus Lhe Pague” — A composição de Chico Buarque é recriada de forma tensa, com levada de reggae e metais subsônicos surgindo aqui e ali.

98. “Sincero Breu” — Um mambo (!) composto em parceria com Celso Fonseca e Sidon Silva. Encaixa direitinho na farra de ritmos que foi a fase do Acústico MTV.

97. “Cinema Mudo” — A faixa-título do disco de estreia teve boa rotação nas rádios, em 1982. É um ska divertido e bem formulaico, completo com “ou-ou-ou-ous” e “ai-ai-ai-ai-ais”.

96. “Me Liga” — Uma das primeiras baladas da banda, prenunciando a evolução de Herbert no estilo nos anos seguintes. De acordo com Lobão, seria uma chupação de “Me Chama”.

95. “Dois Elefantes” — Outra música de Bora Bora que fala sobre fim de romance. Exorcizando a fossa, a banda investe numa levada enérgica, completada com um bom solo de Herbert para fechar.

94. “O Homem” — Reggaezão roots convincente, enfeitado com efeitinhos de dub. Mais uma vez, a cozinha faz a diferença.

93. “O Que Eu Não Disse” — Parceria de Barone, Herbert & Renato Russo. Melodia simpática e um solo de guitarra com slide são os diferenciais.

92. “Química” — Gravação original da canção de Renato Russo, refeita (com muito mais punch) pela Legião Urbana cinco anos depois. Mesmo com Herbert se esgoelando, ouvida hoje a versão soa esquálida.

91. “Um Amor, Um Lugar” — Convincente versão para uma canção de Herbert originalmente gravada por Fernanda Abreu.

90. “A Dama e o Vagabundo” — Faixa lentinha de Selvagem? com arranjo esparso e letra bacana sobre convivência matrimonial.

89. “Sanfona” — Típica faixa de inspiração afro-caribenha de Bora Bora. Não é uma das melhores performances vocais da discografia do trio.

88. “Jubiabá (Give me the Things)” — A referência à Bahia é dupla, na letra inspirada no romance homônimo de Jorge Amado e no animado ritmo de influência afro. Não ficaria deslocada no repertório de Luiz Caldas.

87. “O Passo do Lui” — “Semi-instrumental” (tem uns “ôôô-ôôô à guisa de vocais) bem decalcada do estilo two-tone.

86. “Sábado” — Popzinho esquecível de Os Grãos. O arranjo tem timbres “moderníssimos” (para o começo dos anos 1990, claro) que hoje soam paleozoicos.

85. “O Amor Dorme” — Baladinha bobinha. Cantando em tom mais baixo que o normal, Herbert enfrenta dificuldades.

84. “Flores e Espinhos” — Momento menor de Longo Caminho.

83. “Pétalas” — Apesar do arranjo interessante, essa canção tem melodia indecisa e uma letra qualquer-nota.

82. “La Estación” — Longo Caminho, o disco que marcou a volta pós-acidente, em 2002, era majoritariamente um trabalho de pouco suingue, dividido entre rocks e baladas. Essa canção em espanhol era a única que recuperava o requebrado tradicional da banda.

81. “Menino e Menina” — Outra música bem à la The Beat. Um gaiato lick de guitarra prenunciava os avanços de Herbert sobre os sons da África, concretizados em Selvagem?

80. “Seja Você” — Um bom riff funkeado, cheio de flanger, conduz esse reggae despretensioso.

79. “O Caminho Pisado” — Rock balançado de Nove Luas. Bons solos de guitarra em segundo plano e um refrão meio chato.

78. “Hinchley Pond” — Cantada em inglês, essa doce balada de inspiração beatlesca faz referência a um lago que fica na cidade natal da falecida mulher de Herbert, a inglesa Lucy.

77. “Brasília 5:31” — Como em várias faixas de Hey Na Na, a percussão aqui também ganha destaque, alternando-se entre ritmos nordestinos e influências orientais. Uma citação a “Here Comes the Sun” ajuda a contextualizar a letra, que enfoca o cotidiano de quem acorda cedo pra ir trabalhar.

76. “Esta Tarde” — Um dos raros momentos em que os PDS perseguem uma sonoridade pós-punk mais ortodoxa, sem misturebas rítmicas. Lembra um pouco a Plebe Rude.

75. “Depois da Queda, o Coice” — Rock suingado com refrão contagiante (“Hey na, na na…”). Barone surpreende no finalzinho ao atacar de bumbo duplo.

74. “Amor em Vão (Tudo Passará)” — Sofrida balada acústica lançada em 2002. Não, não é uma versão do clássico de Robert Johnson.

73. “Flores no Deserto” — Outro exemplar da safra de baladas imediatamente posterior ao acidente de Herbert, destaca-se pelas guitarras pesadas.

72. “Assaltaram a Gramática” — Sobressai pela intervenção engraçada de Lulu Santos, co-autor da faixa. Um verdadeiro reggae de almanaque, completo com uns “uô-ooou” gaiatos.

71. “The Can” — Prima-irmã de “Don’t Give me That”, usa (quase) a mesma base para um vocal diferente de Peter Metro. Na letra, ele louva “as coisas boas que vêm da lata” e explana geral ao bradar “The good sensimilla even comes from the can”.

70. “Shopstake” — Faixa instrumental do primeiro disco. Herbert brilha em um arranjo ambicioso; infelizmente, a produção anêmica (bateria quase inaudível, timbres chumbregas) prejudica o resultado final.

69. “Os Grãos” — Com vocal declamado, synths em destaque e metais em surdina, é um exemplo da veia experimental do disco homônimo.

68. “2A” — Groovezão de baixo e bateria à frente, metaleira em staccato, levada dançante, esta canção repunha os PDS em terreno mais familiar depois de um disco mais roqueiro (Longo Caminho).

67. “Scream Poetry” — O clima nordestino-caribenho da canção se justifica por ser uma composição de Chico Science (musicada por Herbert e Bi). Outra conexão com o manguebeat, ainda que oblíqua, é a presença de Jorge Mautner nos vocais & violino — remetendo a “Maracatu Atômico”, gravada no segundo disco de Chico & Nação Zumbi.

66. “Tribunal de Bar” — O trio troca a sonoridade roots por um reggae eletrônico mais próximo do dancehall. Nem melodia nem letra, entretanto, chegam a grudar na memória.

65. “Meu Sonho” — Fofinha faixa escolhida para abrir Brasil Afora, o 12º disco de estúdio, lançado em 2009.

64. “Patrulha Noturna” — Uma das três (de quatro) canções da primeira demo da banda que acabaram aproveitadas em Cinema Mudo. Exemplar característico do som desencanado do comecinho de carreira e uma das canções definidoras do “rock de bermudas”, expressão pejorativa cunhada p̶o̶r̶ ̶c̶r̶í̶t̶i̶c̶o̶s̶ ̶p̶a̶u̶l̶i̶s̶t̶a̶s̶ por Marcelo Nova* para compartimentar a cena carioca da época.

*: correção feita pelo grande Jamari França, no Facebook.

63. “Teerã” — Uma grande linha de baixo valoriza a canção, que tem letra politizada sobre os eternos conflitos no Oriente Médio (rolava a Guerra Irã-Iraque quando o disco foi lançado).

62. “O Amor Não Sabe Esperar” — Agradável reggae-pop, de composição bem construída. Marisa Monte faz uma participação vocal.

61. “Trem da Juventude” — Melodia refinada e surpreendente e um bom trabalho de percussão. Ironicamente, poderia passar por uma música do Skank.

60. “Dos Restos” — Nesta faixa de Big Bang, a banda soa bem roqueira sem perder o gingado característico do resto do álbum.

59. “Esqueça o que Te Disseram Sobre o Amor” — Animada canção sobre um dos temas favoritos de Herbert (a vida conjugal) em ritmo afrocaribenho. Proeminentes intervenções eletrônicas engrossam o conjunto formado pelo trio + naipe de metais.

58. “Bunda Lê Lê” — Com um pé na África e outro na América Central, essa instrumental mostra mais uma vez a habilidade de Herbert nas guitarrinhas de highlife.

57. “Bang Bang” — Mistura de reggae e funk que inspirou, ou foi inspirada, no título do quinto álbum do grupo. Outra vez, na letra surge a preocupação com a violência urbana e a vida dura nas favelas. Deve ser uma das favoritas de Marcelo Yuka & Falcão.

56. “Vulcão Dub” — Uma daquelas faixas que Samuel Rosa & a turma do Skank devem ter ouvido até rachar enquanto formavam sua própria banda. Como em boa parte de Big Bang, a metaleira é o elemento dominante.

55. “Cagaço” — De levada sutilmente suingada, representa a porção mais groovy de Severino.

54. “O Caroço da Cabeça” — Apesar de não ser um dos grandes momentos de Nove Luas, traz versos que, analisados hoje, soam tristemente proféticos depois do acidente de Herbert (“As pernas estão no automóvel / Sem andar”)

53. “Longo Caminho” — Na faixa-título do primeiro disco após a recuperação de Herbert, a letra reflete a saga do músico rumo à retomada (‘’Há dias de prazer e dias ruins / Já não sou mais quem era antes”).

52. “Soldado da Paz” — Outro dos rocks de Longo Caminho, resgatado do repertório do Cidade Negra (a banda lançou a canção em 2000, numa versão mais lenta).

51. “Tendo a Lua” — A música de trabalho de Os Grãos tem sonoridade agradável. Herbert fez várias canções com este mesmo clima, mas esta não é uma das mais memoráveis.

50. “O Rio Severino” — Tem rock, tem viola sertaneja e tem groove funkeado na faixa que (quase) batiza o sexto álbum do grupo. O incrível é que a mistureba dá liga.

49. “De Música Ligeira” — Versão em português de uma música do Soda Stereo, é o momento mais rock de Nove Luas. O Capital Inicial gravou a mesma canção (com outra letra!) e, injustamente, fez mais sucesso.

48. “Seguindo Estrelas” — Boa balada na qual Herbert mostra não ter perdido o “jeito pra coisa”, após o acidente.

47. “Varal” — Bela melodia. Recria com delicadeza sonoridades tipicamente nordestinas.

46. “Vai Valer” — Um arranjo rico, com cordas, violão de influência caipira e percussão discreta, emoldura a bonita melodia.

45. “Luis Inácio (300 Picaretas)” — Os Paralamas não são explicitamente associados à canção de protesto. Nesse quesito, a contemporânea Legião Urbana os eclipsou. Entretanto, nunca deixaram de fazer comentários sociais e políticos aqui e ali. Este é apenas o mais visceral deles. Herbert solta um quase-rap inspirado pela famosa frase de Lula e desce o sarrafo nos caras de pau que comandam o Congresso. Mas isso foi muito antes de mensalão, Lava-Jato, tríplex, pedalinho, power point…

44. “Na Nossa Casa” — Uma letra com temática recorrente (fim de relacionamento) recebe sonoridade rica, com cordas, violões e bateria pesada à frente.

43. “Vital e Sua Moto” — Primeiro sucesso da banda, começou a tocar na rádio Fluminense FM ainda em versão demo. A gravação de Cinema Mudo buscava referências no Police fase Ghost in the Machine, guardadas as devidas diferenças de infraestrutura/material humano disponíveis. O homenageado Vital Dias, primeiro baterista do grupo, faleceu em 2015.

42. “Carro Velho” — Entre a latinidade e o trio elétrico, este é o momento mais dançante de Os Grãos, trabalho no geral introspectivo. O contraste entre a exuberância rítmica e o sofrimento caricatural da letra (“Carro velho pra quê? / Pra ver os vizinhos todos rindo de mim / Carro velho pra quê? / Eu tenho raiva do mundo / Eu tenho raiva de mim / Eu tenho raiva de tudo”) é engraçado. Não confunda com o hit homônimo de Ivete Sangalo.

41. “Trac Trac” — O maior sucesso de Os Grãos é uma versão em português de uma música de Fito Paez. É um marco na identificação dos Paralamas com o pop sul-americano contemporâneo, que se expandiria nos anos seguintes.

40. “Cuide Bem do Seu Amor” — Baladona de refrão antêmico (se me perdoam o anglicismo), com performance vocal segura.

39. “Lanterna dos Afogados” — Herbert seguia se aprimorando como compositor de baladas e esta aqui já era uma boa evolução, tendo feito sucesso radiofônico. Ele canta bem, ainda que seja daquelas músicas que poderiam se beneficiar de uma voz mais potente. Inclui um bom solo de guitarra.

38. “Foi o Mordomo” — Faixa do primeiro disco que pega os Paralamas numa transição entre o pop brasileiro pré-Blitz, tingido de MPB, e a new wave. No refrão, o reggaezinho maroto de sempre.

37. “O Calibre” — Rockão dos mais pesados já feitos pela banda, marcava o retorno de Herbert quase dois anos depois do acidente de ultraleve que vitimou sua mulher, Lucy, e o deixou paraplégico. A contundente letra fala de violência urbana, mas também pode ser lida como um desafio ao destino vindo de um cara que praticamente nasceu de novo (“Eu vivo sem saber / até quando ainda estou vivo”).

36. “Vamo Batê Lata” — De cadência animada, mostra a banda se aproximando da black music (a americana, não a africana).

35. “Um a Um” — Sucesso com Jackson do Pandeiro, essa composição de Edgar Ferreira vira um simpático híbrido de reggae e guitarrada.

34. “Cachorro na Feira” — Versão roots da canção que vem logo aí embaixo.

33. “Rabicho do Cachorro Rabugento” — Um dos momentos mais divertidos da discografia do trio, este dancehall zoado traz Barone e Bi dividindo os vocais.

32. “Bora Bora” — A faixa-título do quarto álbum, batizada com o nome de um arquipélago da Polinésia Francesa, dava a dica: as próximas “viagens” rítmicas e sonoras iriam levar a banda ainda mais longe. Funky, africana e caribenha a um só tempo.

31. “Dos Margaritas” — Groove dos bons e um refrão bacana seguram o maior (único?) hit extraído de Severino.

30. “Saber Amar” — Inspiradíssima balada que fez grande sucesso, mesmo “escondida” no disco-bônus do álbum ao vivo Vamo Batê Lata.

29. “Lourinha Bombril” — Depois de dois trabalhos (Os Grãos e Severino) meio, digamos, estranhos — meio experimentais, meio nordestinos, meio eletrônicos — o trio recuou e fez Nove Luas, um disco mais com “cara de Paralamas”. Esta animada canção, versão de um hit do grupo Los Pericos, era o cartão de visitas do álbum. E um cartão de responsa.

28. “Uma Brasileira” — Uma das canções-assinatura da banda. Combina com felicidade a influência do reggae roots sessentista às referências emepebísticas, cada vez mais presentes e personificadas na participação de Djavan.

27. “Você” — Cover esperto de Tim Maia, que dispensa a intro (“De repente, a dor” etc.) e reduz o melodrama da versão original a uma declaração de amor mais singelinha.

26. “Será que Vai Chover?” — Apresentada ao mundo no disco ao vivo D (1987), a versão de estúdio (que não chegou a tocar em rádio) desta canção é mais parruda. Dá maior ênfase ao trabalho instrumental; o destaque vai para os synths e o órgão pilotados por João Fera.

25. “Aonde Quer que Eu Vá” — Talvez seja a balada arquetípica escrita por Herbert. Tanto é assim, que se assemelha a várias outras gravadas pela banda. Parceria com Paulo Sergio Valle, ainda é uma das canções mais populares da carreira do trio.

24. “Romance Ideal” — Pop-rock romanticão, safra 1983. Hoje, os timbres do arranjo soam meio envelhecidos; pra compensar, tem um solão de guitarra dos bons.

23. “Fui Eu” — Hit menor de O Passo do Lui, com refrão marcante e levadinha entre o reggae e a new wave.

22. “A Novidade” — Importante ponto de contato entre a banda e o establishment da MPB, representado pela parceria com Gilberto Gil. Reggae quase ortodoxo mas com inegável sabor brasileiro, bastante representativo da fase inaugurada com Selvagem?

21. “Running on the Spot” — Empolgante e fiel versão da música do The Jam.

20. “Caleidoscópio” — Em dia de guitar hero, Herbert transforma a canção gravada antes por Dulce Quental em um rhythm’n’blues dos mais convincentes.

19. “Se Você Me Quer” — Talvez o primeiro samba explícito composto pela banda, no qual a batucada em primeiro plano ganha o surpreendente reforço de uma viola que faz a ponte entre a moda caipira e o highlife. Refrão daqueles inesquecíveis.

18. “Mensagem de Amor” — Rock dos melhores do início de carreira, decerto inspirado no Police. Instrumental econômico (com microfonias de guitarra bem controladas), amarradinho como poucos. Léo Jaime transformou o rock em balada, três anos depois.

17. “Pólvora” — Outro dos grandes momentos de Big Bang, com os metais em papel proeminente. Tem até solo de trombone! Letra e vocal bem bons.

16. “Uns Dias” — Uma das melhores performances instrumentais do trio, aumentado com os teclados de João Fera, embala este merecido sucesso de Bora Bora.

15. “O Beco” — A porção mais hard e engajada de Bora Bora. Grande presença do metais e excelente atuação de Bi & Barone. As semelhanças com a versão de Peter Tosh para “Johnny B.Goode” já foram apontadas mais de uma vez.

14. “Nebulosa do Amor” — Uma bossa nova de 1989 que assinala a evolução de Herbert como compositor e cantor. Arranjo sutil, cheio de detalhes delicados (metais em surdina, uma cuíca ao longe).

13. “Melô do Marinheiro” — Mostra a banda em seu modo mais gaiato e descontraído, brincando com as sonoridades recém-capturadas em Selvagem? Perfeita para cantorias em volta da fogueira. Numa nota pessoal, lembro que lá pelos idos de 1986 a turma inteira da sétima série cantava a música em plena sala de aula. Bastava alguém começar.

12. “Óculos” — Popice típica dos primeiros anos de carreira, despretensiosa e inesquecível. Seja lá quem tenha pensado no arranjo, a pessoa certamente ouviu muito esta música aqui, do The Beat (em especial o trecho que começa em 1:09).

11. “Ela Disse Adeus” — O tema da letra é familiar (fim de relacionamento), a sonoridade também. Ou seja, apenas os Paralamas fazendo muito bem o que sempre souberam fazer. O videoclipe é um clássico, dos melhores já feitos por aqui.

10. “Capitão de Indústria” — Deliciosa regravação da canção de Marcos Valle. Nem o vocal vacilante atrapalha.

9. “Outra Beleza” — Parceria com Lulu Santos que repunha a banda em território caribenho. Há um toque nordestino dado pelos backing vocals femininos. Ponto alto de Nove Luas.

8. “Don’t Give Me That” — Reggaezão dos melhores no repertório da banda, tornado ainda mais genuíno pelo vocal do toaster jamaicano Peter Metro. A letra é um libelo contra as mazelas do vício em cocaína. Bi & Barone mostram tudo o que aprenderam com Sly & Robbie e a metaleira arrepia.

7. “Busca Vida” — Das melhores criações pop de Herbert, contém uma (bem-sucedida!) tentativa de arranjo vocal claramente inspirado nos Beach Boys. Excelente exemplo da capacidade do grupo de soar ao mesmo tempo brasileiro e universal.

6. “La Bella Luna” — Praticamente um rocksteady bem brasileiro, essa canção de 1996 reúne balanço dançante e delicadeza pop como só os Paralamas conseguem (conseguiam?) fazer.

5. “Selvagem?” — A faixa-título do terceiro álbum é um momento de especial contundência na trajetória da banda. Sobre um riff de guitarra dos mais ganchudos e uma levada paquidérmica de baixo & bateria, Herbert canta uma letra extremamente politizada, e que — em nossos dias de intervenção federal no Rio de Janeiro e polêmicas sobre arte degenerada (sic) — soa 100% atual, mais de 30 anos depois de composta.

4. “Ska” — De título autoexplicativo, é uma das melhores músicas dos Paralamas pra se dançar, e isso já diz muito. Conduzida por um sax anfetaminado, representa o contato mais estreito do grupo com o estilo two-tone, e não faz feio diante dos exemplares originais.

3. “Perplexo” — Séria candidata ao posto de “melhor faixa de abertura” da carreira dos PDS. Batida irresistível, levadinha de guitarra + metais + baixo na medida, Herbert cantando com convicção. A letra inteligente, malandramente politizada, preconizava o fim da fossa curtida em Bora Bora (“Eu vou lutar, eu vou lutar / Eu sou Maguila, não sou Tyson”).

2. “Alagados” — Não… a melhor faixa de abertura da carreira da banda é esta aqui. Mais que uma canção, é uma verdadeira carta de intenções que mostrava os Paralamas chegando à maturidade. Brasil + Jamaica + África irmanados no som e uma letra que expunha um agudo senso crítico em relação às mazelas nacionais e transnacionais. Marco na trajetória da banda e também na trajetória do nosso rock.

  1. “Meu Erro” — Eis a minha predileta, a música que me fisgou nos Paralamas pra sempre. Canção pop daquelas irretocáveis, com pique new wave e estrutura herdada dos anos 60. A linha de baixo é pura Motown, serpenteando em torno da batida reta; uma estratégia similar à usada, por exemplo, pelos contemporâneos Smiths e por Elvis Costello. Herbert escreveria canções mais formalmente refinadas no futuro, mas aqui o trio exibia sua capacidade de usar poucos elementos para chegar a um resultado surpreendentemente sofisticado — uma lição herdada do Police. O acerto é deles.

E segue a playlist com 176 músicas desta lista, na ordem em que eu as classifiquei. A exceção é “Soledad Cidadão” (#107), que não está disponível na plataforma de streaming.

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Marco Antonio Barbosa
Telhado de Vidro

Dono do medium.com/telhado-de-vidro. Escrevo coisas que ninguém lê, desde 1996 (Jornal do Brasil, Extra, Rock Press, Cliquemusic, Gula, Scream & Yell, Veja Rio)