O que a Nintendo me ensinou sobre ser pai

Kellven Vilhena
Contando e Traduzindo o Melhor
4 min readMay 30, 2013

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Como partindo do proposto, aqui vai outro texto bastante interessante e que recomendo. Por @bgadoci. Publicado originalmente em 15 de abril de 2013.

Cerca de uma semana atrás,um colega de trabalho me enviou um arquivo .zip de ringtones da Nintendo que me trouxe abaixo uma enxurrada de memórias. Eu ri e relembrei enquanto ouvia os antigos, mas familiares, sons de Super Mario Bros., Mike Tyson’s Punch-Out, Excitebike, Donkey Kong, e muitos outros. Sem delongas, meu celular inteiro estava reconfigurado para tocar essas relíquias nostálgicas nas ligações normais do dia-a-dia. E tudo isso me fez pensar…

Imagino se já está na hora de dar ao meu filho um console de videogame.

Enquanto eu refletia sobre esse pensamento, fui levado de volta àquelas tardes com cotovelos ralados e olhos cansados depois de horas jogando Super Mario Bros. com meu irmão no chão do quarto. Aquelas eram memórias incríveis. E eu quero que meu filho as tenha também.

Estou voltando de vez para o mundo dos videogames. Fazia anos desde que havia jogado algo sério. Eu possuo um Playstation 3, mas comprei mais pra ser um Blu-ray do que um videogame. Na verdade, o único jogo que tenho é Tiger Woods Golf. Dito isso, estive em sintonia o bastante pra saber que houve tanto uma evolução na tecnologia dos videogames, quanto nas opiniões sobre.

Meu filho tem um pouco mais de 4 anos de idade e é cercado por tecnologia. Apple TV, iPad, iPod Touch, iPhones. Ele sabe como usar todos. Tenho promovido e moldando seu uso de tecnologia, sabendo que a integração dela nas nossas vidas só vai se aprofundar. Na consideração de introduzir meu filho no mundo dos games, minhas preocupações são mais sobre conteúdo apropriado e balanço de vida - e não sobre introduzi-lo rapidamente aos consoles.

Tudo isso para dizer que estou confortável com a ideia de apresentá-lo aos jogos na sua idade, mas eu quero ser cuidadoso sobre como faço isso. Então, ao invés de comprar um Wii, Playstation ou Xbox, eu comprei um original NES system, o conhecido Nintendinho, primeiro console da Nintendo, com todos os três jogos do Super Mario Bros.

Como mencionei, meu filho cresceu com uma mentalidade de APP Store e iTunes. No seu mundo, se ele quer algo, ele aperta e coloca sua mensagem (como ele chama de senha) e segundos depois faz o download. A medida que essa mentalidade governou seu mundo, não ficou claro pra mim até eu sentar com ele e tentar explicar que havia comprado um NES e que chegaria em alguns dias.

Eu mostrei pra ele o console pela tela do computador e ele me pareceu nada impressionado. Quando comecei a dizer que iria ligar na TV, ele mandou um olhar vazio. Ele não tinha entendido, então peguei uma rota diferente. Tentei explicá-lo que, assim como o iPhone, esse console servia parar jogar games. “De que tipo?” ele rapidamente perguntou. Eu pensei, “Okay, agora estamos chegando lá.” Naveguei pelo Youtube onde pude mostrá-lo um video do Super Mario Bros. Ele assistiu por 2 minutos e disse…

Okay, esse! Eu gostei desse. Vamos pegar esse!

Tentei voltar atrás nesse ponto e explicar que eu já tinha comprado, e que estava a caminho pelos correios. Droga. Correio. Outro conceito que ainda não existia em seu mundo. Tendo a idade de 4 anos, que ele tem, a maioria das coisas que ele precisa pode ser comprado em uma store de celular. Esse conceito ele entendia. Esse ele pegava bem. Eu rapidamente me senti preso. Tentando explicar frustradamente um sistema que ele não entendia, e prometendo a ele que teria um jogo, mas que não o jogaria por dias, até chegar. Droga.

A experiência toda me deu uma oportunidade inesperada para falar sobre alguns conceitos que eu provavelmente não tinha tido tempo o suficiente para mostrá-lo. Os fenômenos relacionados com antecipação e paciência estão presentes em sua vida, até certo ponto, mas não como era quando eu era criança.

No todo, achei interessante que a compra da tecnologia me deu a oportunidade de trabalhar com alguns conceitos novos da qual não havia ainda precisado. Por causa da tecnologia, meu filho estava mais adequado aos padrões do mundo “instantâneo” dado pelos smartphones. Ironicamente, a minha compra de mais tecnologia (por mais velha que seja) me deu a oportunidade de redefinir suas expectativas um pouco. O que eu acho que foi uma coisa boa.

É interessante que nós estamos agora em um mundo em que a tecnologia está começando a nos lembrar a ser mais humanos. Eu, atualmente, vejo essa tendência acontecendo nos dois lados da moeda: tecnologias velhas nos lembra de um tempo em que nada era fácil, e novas tecnologias nos faz ser mais integrado com a vida real. No fim, eu sou a favor dessas mudanças.

Em todo caso, eu estou me divertindo com a vida de ser pai, e estou muito animado que estou na fase em que possa começar a reviver algumas das minhas próprias alegrias da infância com o meu filho. Eu espero que esses simples jogos dê a ele e a mim algumas boas memórias pro futuro, e eu espero que através desse processo eu tenha mais oportunidades para ensiná-lo o que é, e sempre vai ser, importante.

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Kellven Vilhena
Contando e Traduzindo o Melhor

Escritor, ex-futuro biólogo, ex-futuro dentista e enfim um jornalista mais velho do que aparenta.