Como é trabalhar como UX Designer, por Leandro Lima
Esse post é parte de uma série de entrevistas para o Training Center sobre o que um profissional pode dizer sobre sua área de atuação visando mostrar para outras pessoas como é trabalhar no que fazem, esclarecendo para algumas pessoas se elas se dariam bem trabalhando na área ou mesmo só para mostrar para outras pessoas como é trabalhar com isso.
Quem é você na fila do pão (introdução)?
Meu nome é Leandro Lima, trabalho com internet desde os meus 19 anos, tenho um blog com textos sobre UX, UI, Design, Front-End, inspirações e coisas relacionadas. Atualmente trabalho como UX Designer na Booking.com.
Além disso, sou fanático por automobilismo e simuladores, gosto de futebol e de balançar a cabeça escutando boas bandas de hardcore. Sou um goleiro mediano, um péssimo piadista e faço um cafézinho de dar inveja! =)
Como você conheceu a área de Design?
Eu gosto de desenhar, criar e inventar coisas desde que me conheço por gente. Quando criança uma das coisas que eu mais gostava de fazer no computador era brincar com softwares gráficos, além de instalar milhares de joguinhos que eventualmente deixavam o computador com o HD lotado e extremamente lento.
Lembro que quando eu tinha mais ou menos 10 anos meus pais colocaram internet em casa e eu fiquei maravilhado! Decidi que era na internet que eu queria morar quando fosse adulto.
Anos mais tarde, comecei a fazer um curso de informática para entender melhor a máquina que eu estava usando para explorar o mundo. No curso eu tive uma aula de HTML usando o maravilhoso Front-Page. Dois anos mais tarde, fiz o meu primeiro site que nunca foi para o ar: uma página sobre as equipes de Fórmula 1.
Sinceramente, eu nunca pensei que isso poderia ser minha profissão. Como todo moleque viciado em esportes, eu treinava futebol e achava que iria ser jogador profissional!
Apesar de estudar como fazer sites por puro hobby, meu foco estava nos treinos para ser atleta. Com uns 18 anos, eu entrei em um outro curso de Webdesign e acredito que foi a primeira vez que eu comecei a enxergar uma profissão em tudo isso.
Comecei a fazer faculdade de Educação Física, mas já meio desanimado com o curso, passei a focar muito mais em trabalhos com internet. Nesta época eu também conheci a Dani, minha noiva. Ela também não estava muito empolgada com a faculdade dela e também queria estudar sobre design e internet. Juntos, começamos a ler livros e artigos e tentávamos reproduzir tudo o que aprendemos. Acabei aprendendo muito sobre proporção, simetria, cores, layout. Como meu foco estava em trabalhar com internet, comecei a entender como usar todas essas teorias para criar um projeto online e neste ponto passei a encarar novos desafios: entender como funciona o fluxo de navegação e pensar a hierarquia de informação.
Como foi o seu primeiro trampo?
Meu primeiro trabalho como designer foi com uns 19 anos em uma empresa de São Paulo que trabalhava com segurança da informação. Eu fiz o site desta empresa e trabalhei com eles por menos de 1 ano. Saí de lá quando tive uma oportunidade em uma agência que, apesar de pequena, atendia clientes grandes. Como era uma agência com poucas pessoas, eu tinha contato direto com os donos. Acabei aprendendo muito não apenas sobre design, mas como lidar com projetos para terceiros, prazos, reuniões… Nesta época, eu e a Dani viramos sócios e começamos a fazer freelas juntos. Com o tempo, os freelas cresceram e começaram a tomar mais tempo do que eu tinha no dia.
Depois de um tempo, devido a quantidade de trabalho, tivemos que decidir entre nos dedicar 100% a nossa agência ou desistir completamente dos freelas. Escolhemos dar uma chance ao que estávamos construindo. Nasceu ali a PopUp Design. Foi um período excelente lidando com clientes de todos os tipos! Desde startups bem no início até multinacionais. Foram 6 anos incríveis até recebermos uma proposta para trabalhar em uma empresa em que poderíamos expandir ainda mais nossos horizontes profissionais.
Por que você escolheu ser UX?
Eu gosto de ajudar pessoas. Como UX Designer estou fazendo isso constantemente. De um lado escuto todos os inputs e feedbacks de usuários. Entendo suas frustrações e tento criar uma solução para os problemas. De outro lado, mergulho para entender as necessidades de uma empresa e crio estratégias para que elas alcancem seus objetivos. É divertido e gratificante. Além disso, é um bom quebra cabeça achar o balanço entre todas as partes envolvidas em um produto para que todos saiam felizes no final do dia.
Quais são as skills de quem trabalha nesta área?
É comum ouvir que a principal skill de um UX Designer é empatia. E empatia é fundamental sim! Saber que você está lidando com anseios e frustrações das pessoas é fundamental para fazer um bom trabalho. Mas, existem outras habilidades que são tão importantes quanto.
Uma das coisas que eu diria que é mais importante para quem quer trabalhar como UX Designer é saber reconhecer que você está errado na maior parte do tempo! Como é um trabalho que envolve muita experimentação, pesquisa e criação de hipóteses, é fundamental deixar completamente de lado o que você acredita que é o certo e passar a ouvir o que os usuários acreditam que trarão os melhores resultados. Muitas vezes tive certeza que algumas mudanças de design iriam ser benéficas para o usuário mas, quando coloquei o projeto online, notei que a conversão caiu drasticamente. O mais importante quando se trabalha com UX é ter uma boa base de dados de testes passados, quais métricas foram utilizadas para medir o sucesso e qual foi o resultados que você teve. Isso vai te ajudar muito no futuro a planejar novos testes. Errar muitas vezes é o caminho para os melhores acertos que você vai ter na sua vida profissional.
Também é importante questionar o tempo todo. Por que algo funciona? Por que não funciona? Qual é o contexto? Qual é a chance dele estar errado? Qual o problema que estou resolvendo? Para se ter a resposta ideal você precisa ter certeza que está fazendo a pergunta certo.
Sobre habilidades mais técnicas, eu recomendo muito que os UX Designers tenham domínio de HTML e CSS. Isso ajuda a colocar suas ideias em prática ou ao menos a entender o que é possível ou não fazer. Conhecimento de ferramentas para prototipação e teorias de Design também são importantes. Ainda é bem comum empresas que mesclam a função do UX com a do UI. E, mesmo em lugares em que essas funções são separadas, é importante ter conhecimento de Design de Interfaces para criar um bom canal de comunicação entre todos os designers envolvidos em um projeto. E, claro, conhecimentos sobre metodologias de pesquisa.
Quais são os principais desafios da área?
Saber priorizar é extremamente desafiador. Existirão muitos momentos em que vai ser necessário medir o impacto do que você está fazendo para criar uma lista do que vai vir primeiro, do que vai ser feito mas não é urgente e do que só vai ser feito se sobrar tempo. Todo produto pode ser otimizado para sempre! Mas, tempo é um recurso limitado e o designer precisa saber como utilizar bem.
Também é importante saber separar o que o usuário diz, o que ele quer dizer de verdade e o que ele faz. Tem uma frase que muita gente atribui ao Henry Ford que diz “Se eu perguntasse aos meus compradores o que eles queriam, eles iriam dizer ‘Cavalos mais rápidos’”. Eu já vi gente usando esta frase como exemplo de porque você deve se focar no que acredita que é certo e não perguntar aos clientes o que eles acreditam que é certo. Eu vejo nesta frase um motivo extremamente forte para ouvirmos sempre o cliente! As pessoas que interagem com os nossos produtos são criativas e cheias de ideias de como tornar algo melhor. Porém, muitas vezes, este usuário não tem conhecimento técnico para resolver um problema. A ideia dele é baseada apenas nas ferramentas e experiências que ele tem no dia-a-dia. Só alguém com o conhecimento técnico acima da média diría para o Henry Ford “faça um carro”. No entanto, a resposta “Cavalos mais rápidos” mostra que o comprador sente que o problema é que a ferramenta que ele tem disponível no dia-a-dia não é veloz o suficiente. Em entrevistas com o usuário é bem comum o cliente dizer “este botão poderia ser vermelho” ou “essa fonte poderia ser maior”. Cabe a mim interpretar o que ele realmente quer dizer com esta frase. Talvez o contraste não está bom, ou a posição a chamada para ação não está clara o suficiente. Saber ouvir é um desafio e saber interpretar o que está ouvindo é um desafio maior ainda!
Quais são as principais recompensas da área?
Acredito que a maior recompensa é ver pessoas usando um produto em que participei do planejamento. Ver o usuário interagindo e tendo uma boa experiência é extremamente gratificante! Mas, eu não espero elogios do usuário. O bom design é invisível. Isso significa que, quando a pessoa usar um produto e tiver uma boa experiência, ela irá embora satisfeita sem falar nada.
Eu também conheci muita gente boa na minha jornada! Uma galera que me apresentou outras maneiras e outros pontos de vista de fazer o que eu já fazia. A pluralidade de visões sobre um mesmo problema abriu minha cabeça para enxergar o mundo! Aprendi que nem sempre a minha solução é a melhor.
Você pensa em mudar de área?
Sim e não. Não acredito que da pra parar de ser UX. Uma vez que você começa a trabalhar com isso, você começa a prestar atenção em todas as interações que você tem.
Acredito que o conhecimento que tenho como UX Designer irá me ajudar a trabalhar em qualquer outra área. Por conta disso eu digo que, não importa onde eu trabalhe eu serei UX Designer toda a minha vida.
Hoje eu me sinto satisfeito e realizado profissionalmente. Por isso hoje, não penso em mudar de área. Mas, gostaria de conseguir conciliar algumas atividades. Gosto muito de ensinar, dar palestras e aulas. Se conseguir um bom equilíbrio entre o que eu faço hoje e em ajudar novas pessoas a se desenvolverem como UX Designer, estarei ainda mais feliz.
Por que alguém deveria se tornar um(a) UX Designer?
Se você gosta de trabalhar de maneira criativa resolvendo problemas de outras pessoas, trabalhar como UX vai te deixar muito realizado profissionalmente! Além disso, saber lidar com a experiência do usuário não é algo que vai te ajudar apenas se você quer trabalhar como Designer, mas em qualquer área que envolva um produto e pessoas usando este produto! =)
Este foi um post sobre como é trabalhar como UX Designer, porém temos também sobre como é trabalhar como Consultor de TI, por André Baltieri, Coordenador de Sistemas, por Jhonathan Souza Soares, Quality Analyst Engineer, por Úrsula Junque, Full-Stack Developer, por Ana Eliza, Front-End Developer, por Fernando Daciuk e muitos outros. Confere lá!
Continue acompanhando nossos posts sobre como é trabalhar nas áreas relacionadas a desenvolvimento de software.
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