Ilustração: Agatha Catunda

Você poderia ler algo melhor hoje

O texto dessa terça-feira não sabe para onde ir.

Pela Metade
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3 min readAug 21, 2018

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Eu poderia ter escrito sobre um livro legal que li, por exemplo, e te mostrar o quanto ele significou pra mim e quantas coisas ele me me ensinou. O que ele mudou aqui dentro e como me fez capaz de melhorar em algum sentido. Livros são, na minha opinião, oportunidades. De crescimento. De mudanças. De amadurecimento. De transformação. De conhecimento. De enfrentamento e também de fuga. De enxergar a vida e nós mesmos por outros ângulos, através de palavras. Eu escrevi sobre algo parecido na minha terceira publicação aqui no Pela Metade. O Sol é Para Todos é um dos livros mais lindos que já li, preciso repetir. Se você ainda não leu e prefere pular esse texto, clica aqui.

Já que você decidiu ficar, eu poderia ter escrito sobre a importância de algumas despedidas, mas eu lembrei que eu já fiz isso. Foi a minha primeira publicação aqui no Medium e no Pela Metade, há mais de um mês. Uau! Vocês já perceberam como começamos a medir o tempo de uma forma diferente quando fazemos alguma coisa desafiadora (ou várias coisas desafiadoras) de forma periódica? Isso daria um texto melhor do que esse que você está lendo agora, sem dúvida.

Eu poderia ter escrito algo mais pessoal também. Um desabafo de como gastei a minha tarde inteira resolvendo as pendências de um condomínio em crise sem ganhar um centavo ou um obrigada ou um tapinha nas costas. Ou pelo menos sem ter escutado que “isso aqui é uma bagunça”, de pessoas que não se importam com nada além de si mesmas. Vocês ficariam chocados com a falta de senso de comunidade de alguns seres humanos e talvez esse fosse um texto mais interessante.

Eu poderia ter escrito sobre outras coisas mais relevantes, com títulos mais elaborados e com o poder de atração muito maior. Eu poderia ter escrito um texto a-vas-sa-la-dor sobre a questão do aborto, que abalaria as estruturas de um pensamento arraigado. Eu poderia ter escrito um texto sobre cultura, outro sobre Design e, quem sabe, um texto sobre X maneiras de como não enlouquecer quando sua vida parece a de um iniciante em League of Legends: o que é ward? Pra que servem as runas? Onde é esse “bot”? Quem está contra mim? Que diabos é barão??

É, a vida não é GG não.

Eu poderia ter escrito um texto melhor. Você poderia ter lido algo melhor. E pensar/escrever sobre isso me fez perceber quantas vezes nós achamos que poderíamos ter feito outras coisas ao invés das que escolhemos fazer, de fato. Quantas vezes você pensou que poderia ter feito algo diferente (e melhor)? Ou quantas vezes você deixou que te dissessem que o que você fez poderia ter sido melhor, sem te dizerem necessariamente o porquê?

As vezes o melhor é, na verdade, só outro ponto de vista. Outra alternativa. Outro jeito de fazer. E nem sempre a gente tem certeza sobre tudo. E quando tem, será que a gente tem mesmo? E assim eu fiz esse texto e você leu esse texto e nós vamos seguindo e pensando no que poderíamos ter feito e no que fizemos. E ponderando as duas coisas. E vivendo. E…seguindo o baile, como dizem por aí.

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