Às vezes simplesmente não vai dar — e tá tudo bem

Ontem à tarde, em um período de particular procrastinação — cada vez mais comuns nessa quarentena, aliás — decidi que já tinha passado tempo demais encarado meu teto estrelado (literalmente, como é tema de texto inacabado que algum dia na vida…

Adolescência

este é de um domingo, dia 29 de abril de 2018.

Luna estava fervilhando. Aliás, até mesmo isso pode ter sido nada mais que um eufemismo — como ela própria descrevia, berrando no microfone do celular, ela estava puta. Puta da cara, com vontade de socar a parede. O motivo era dos…

Silêncio

nada disso é real (de verdade), mas o silêncio é.
este é de uma tarde, meio ensolarada, meio vagarosa, num 13 de dezembro.

Meu pai era um cantor péssimo.

Sempre foi, na verdade.

Minha amada Marianne…

este é de uma quinta feira, dia 15 de março de 2018.

Minha amada Marianne,

Peço encarecidamente que não disponhas desta carta assim que perceber quem a escreveu, assim como peço ao Senhor que Ele lhe guie a me dar ouvidos uma última vez…

A Máquina e o velho

este é de hoje, dia 18 de fevereiro de 2020, uma terça quente demais por fora.
baseado em uma história que há muito me surge, mas que ainda não agi.
irei.

duas da manhã…

este é de uma tarde em que o teto do meu quarto refletia a luz rosa do pôr-do-sol

Você tem uma mensagem de voz.

O-oi…

Sabe, hoje eu tava lembrando… Faz tempo, né? Que a gente não se fala. É, eu tava querendo ligar, mas… sei…

O forasteiro na Praça Central

Este é do final do ano passado (2019), não me recordo exatamente de quando. Escrevi aos poucos.

A Praça Central da cidade era, como o nome bem dizia, central. Não logo de vista, isto é, já que a cidade, tal como a cidade grande que era, crescera…

Concreto

este é de novembro de 2018.

O chão de concreto rachado raspava asperamente contra a sola descalça do pé do menino. Já não sentia mais dor, ou pelo menos se acostumara a ela;. Também sua pele emulava a pedra na qual se esfregava, tão erodida quanto os desertos nos quais vivia.

Abutres

este é de um domingo, dia 27 de maio de 2018.

Era uma manhã gélida de inverno quando avistamos o primeiro abutre, performando, para plateia até então inexistente, manobras circulares ao sobrevoar a cidade. Parecia, como qualquer rapina, buscar carniça, carcaça qualquer que satisfizesse…

A menina sob a touca

este data de um natal sem forças nem alegria, em que eu só precisava deste sopro que foi de esperança.

Era uma tarde pálida, sem graça, daquelas em que uma vó sequer recomendaria um casaco e um guarda-chuva, mas que o netinho repousasse em casa sob o calor de um…