Três dias em Londres

Leonardo Pereira
Uma Pera

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No começo de 2013, voltando da minha primeira viagem internacional, criei o Ranking Leo de Cidades e passei a aplicá-la a todos os lugares que eu visitasse. Até agora nenhum lugar alcançou a “posição Nova York” nesse ranking, mas Londres, amigos, chegou bem pertinho.

Fiquei na cidade entre os dias 10 e 12 de outubro e, apesar de ter passado alguns apuros pra chegar e sair de lá (eu conto isso aqui), foi uma das melhores viagens que já fiz. Por recomendação da amiga Rebiscoito, Laís e eu nos hospedamos em Shoreditch, um bairro cheio de points hipsters que até então era completamente desconhecido pra mim. E foi uma puta dica boa.

Dia 1

Não teve perda de tempo: o avião pousou perto das 8h; antes das 10h tomamos café da manhã e corremos para Piccadilly Circus, que é uma versão muitíssimo reduzida da Times Square. De lá, descemos a pé até a Trafalgar Square, onde nos deparamos com um festival africano enorme; paramos um pouco e andamos mais até o rio Tâmisa para encontrar a London Eye e o Parlamento (pra ver o Big Ben, claro).

Paramos? Claro que não. Ainda a pé, passamos por cima do rio e fomos até a Tower Bridge. Esgotados, pegamos o metrô de volta até a área da Trafalgar Square porque quando passamos por lá antes vimos uma placa oferecendo fish & chips por menos de £ 10 — esqueci o nome do lugar, mas fica nesta ruazinha aqui.

Como estávamos quebrados, voltamos pra hospedagem e dormimos até a noite. Quando acordamos, decidimos procurar pubs, mas aí entra em cena uma das coisas que impedem Londres de encostar em NY na minha escala: muitos lugares fecham cedo por lá, e mesmo os que ficam até 1h, 2h encerram a cozinha bem antes. Andamos a Bethnal Green Rd quase inteira, batendo em cada pub e restaurante e em nenhum conseguimos comida, então voltamos o caminho todo pra comer num McDonald’s. Depois fomos para um pub chamado Old George, que tocava música ruim e alta demais, e assim acabou a noite.

Dia 2

No domingo, logo cedo pegamos o metrô em direção à Abbey Road. Por alguma razão misteriosa o Google nos mandou descer na estação Swiss Cottage — não faça isso, ela fica a 1,5 km de distância. O melhor é ir pela St. John’s Wood, que fica a 400 m. O estúdio, em si, não vale a viagem, porque ele fica do outro lado de um portão, mas curiosamente dá uma sensação muito boa ver aquela faixa de pedestre da foto icônica dos Beatles.

Mas esse era o sonho da Laís. Chegara a hora de partir para o meu (risos): a plataforma 9 3/4 em Kings Cross. Um monte de gente fica esperando em fila pra tirar foto com a Edwiges e o carrinho do Harry Potter, mas eu me contentei em estar lá e registrar só o lugar. Depois visitei a loja oficial que está cheia de coisas caras, porém legais, sobre a série — aliás, foi bem quando lançaram A Pedra Filosofal ilustrado e foi muito legal poder ver o livro, que ficou sensacional.

Partimos rumo à Brick Lane e, no meio do caminho, topamos com uma multidão tentando quebrar o recorde de maior quantidade de pessoas dançando Charleston no mundo. Bem na hora estava tocando “Shake a Tail Feather”, uma das músicas do filme Blues Brothers.

Brick Lane… como descrever o que acontece na Brick Lane? Aos fins de semana aquele lugar funciona como uma feira enorme, com vários espaços abertos e fechados, alguns no subsolo, vendendo comida boa, roupas novas e usadas, peças de arte, antiguidades. Tudo isso em meio a shows livres — enquanto caminhávamos paramos pra ver um show do The Thirst, uma banda indie local que manda muito bem. Tudo muito foda, sério.

No mesmo dia ainda deu tempo de caçar obras do Banksy nos arredores de Shoreditch com a ajuda deste mapa. Encontramos duas, sendo que uma delas não só está preservada como ainda foi incorporada por um rolê que parece bem interessante. A outra está meio zoada com parte da proteção destruída — provavelmente por alguém da rua mesmo, porque é bem polêmico esse negócio de emoldurar trampos que, sem a assinatura do Banksy, seriam considerados apenas ilegais. À noite visitamos dois pubs: o Zigfrid von Underbelly (boa pizza) e o Kick, onde achei uma edição da revista Brasil Observer.

Dia 3

Pegamos o metrô rumo a Camdem Town, o bairro de Amy Winehouse. Definitivamente um dos lugares mais charmosos que eu visitei em Londres: tem um canal e um labirinto de mercados que a Laís definiu como uma mistura de Brás com Galeria do Rock. Comemos hambúrguer numa barraca que aceitava bitcoin e até dogecoin como pagamento. Entramos numa loja psicodélica enorme chamada Cyberdog, visitamos a estátua da Amy e tomamos café num lugar lindo chamado Miss Poppy Cakes, onde tudo tem cara de Alice no País das Maravilhas.

À noite revisitamos Piccadilly Circus, Trafalgar Square, o Big Ben e a London Eye para ver tudo isso iluminado (valeu a pena). No caminho entre Piccadilly e Trafalgar caímos sem querer no Inamo St James, um restaurante asiático interativo. Não vou dizer mais nada, só mostrar este vídeo:

Conclusão

Londres é fantástica, faltam superlativos pra elogiar essa cidade e definitivamente me faria muito feliz passar um tempo da vida por lá. O metrô funciona, o lugar é aparentemente seguro (vi gente sacando dinheiro em ATM de rua às 4h) e enorme. Como sou de São Paulo, tenho certo apreço por grandes metrópoles.

Umas dicas para quem quiser visitar: compre o Oyster (o bilhete único), que custa £ 5 reembolsáveis. Caso pretenda ficar apenas entre as zonas 1 e 2, como eu, carregue o cartão com £ 6,40 por dia, porque este é o máximo que o sistema de transporte vai te cobrar; depois disso todas as suas viagens deixam de ser descontadas. E explore as alternativas gratuitas, porque existe uma porção delas pela cidade. Fora isso, evite cagadas como as que eu conto neste texto e divirta-se.

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