Marketing para Artistas: um guia inicial

Vale.jo
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8 min readMar 7, 2022

Quais são as melhores estratégias para divulgar trabalhos artísticos?

Arte: Magui

Um dos maiores desafios de empreender de forma independente é que você tem que dar conta de vários papéis ao mesmo tempo. E o Marketing é uma das áreas que necessita de atenção, especialmente em um mercado tão competitivo quanto o artístico.

Afinal, as pessoas precisam conhecer o seu trabalho, se identificar com ele e criar uma conexão — é essa conexão que fará com que elas optem pelo seu produto e não qualquer outro.

Você sente aquele arrepio só de pensar em fazer um planejamento de Marketing ou não sabe por onde começar com tantas alternativas disponíveis?

Continue por aqui!

Preparei um guia inicial com algumas das principais informações e ideias relevantes para te introduzir aos temas que merecem ser aprofundados e analisados no seu planejamento e talvez te inspirar a investir mais nessa área do seu negócio.

Se você está começando a empreender artisticamente agora, leia esse texto para dicas de como iniciar sua carreira criativa.

Falando de Conceitos: Os 4 Ps do Marketing

Uma das primeiras coisas que aprendemos no Marketing é o chamado Mix de Marketing ou os 4 Ps. Criado em 1960, consiste em elementos estratégicos essenciais para pensar o seu negócio.

O Produto é aquilo que você vende. Pode ser físico (como um vaso de cerâmica) ou intangível (como os serviços — uma apresentação de dança, por exemplo).

Nesse elemento, entra a definição do design, da embalagem, do que constitui aquilo que você quer oferecer ao mercado.

Para definir essas características, é importante pensar no público para o qual se pretende atingir e as expectativas dele.

O Preço é o valor que representa o seu produto. Ao falarmos de valor, não nos referimos apenas aos custos de produção, venda e distribuição com adicional de uma margem de lucro.

Dentro da categoria “valor” também se insere pontos subjetivos.

Através do preço, você se posiciona no mercado e na consciência do consumidor. Produtos de luxo, por exemplo, não têm o valor que têm apenas pelo material e desenvolvimento, mas por todo um imaginário acerca da marca e o ganho simbólico que os consumidores sentem que recebem.

Não é apenas um produto, é um estilo de vida que está em jogo. E isso não vale apenas para as grifes.

Você sempre compra o produto mais barato ou o mais bonito da loja? Existem muitos fatores a se considerar quando falamos de preço e do valor agregado ao produto.

As pessoas compram o produto que satisfaz as necessidades delas, seja quais forem, e que estão dentro de seu poder aquisitivo.

Já a Praça, refere-se aos lugares onde seu produto será disponibilizado para a compra: e-commerce, marketplace, Instagram, WhatsApp ou em pontos de venda físicos.

Qual a melhor maneira de chegar até possíveis clientes, que esteja de acordo com minha realidade e objetivos de negócio? Onde o meu público está? Essas são as perguntas principais que compõem esse pilar.

Não escolha um ou mais métodos apenas porque todo mundo está fazendo. Reflita sobre as necessidades e possibilidades de gerenciamento desses canais de venda.

Pontos de venda físicos (seja loja própria, em um varejista ou em participação em eventos e feiras) costumam ter um custo maior, mas não os descarte de pronto.

Considere suas opções e invista nas que façam sentido para o momento atual do seu negócio.

E por último, mas definitivamente não menos importante, temos a Promoção. São as formas que você irá comunicar e divulgar o seu produto. Quais canais (digitais ou analógicos)? Qual linguagem? Que tipo de ações?

Agora que entendemos os conceitos principais, vamos falar de questões importantes que precisam ser definidas na sua estratégia — todas relacionadas ao Mix de Marketing.

Para quem você quer vender?

(E quem realmente compra?)

É, infelizmente não dá para vender para todo mundo.

Se seu público é “qualquer pessoa” fica complicado desenvolver estratégias direcionadas e com bom desempenho.

Mesmo que você tenha um público amplo e variado, é sempre bom ter um norte de quem você deseja vender, para quem você pensa seu trabalho e analisar quem de fato está comprando.

Isso pode ser feito prestando atenção na faixa etária, gênero, localização, interesses e comportamentos que se repetem nas pessoas que seguem seu negócio, interagem e efetivam compras. Você pode organizar essas informações em uma planilha.

Sim, é trabalhoso. Mas vale a pena.

Se você está começando agora e não tem essa base para análise, fique de olho em concorrentes que seguem um estilo parecido.

Depois de um tempo em funcionamento, teste se sua hipótese de público está correta ou se você acabou atingindo um nicho esperado.

Um stalker do bem

A análise de concorrência é uma das etapas importantes do planejamento de Marketing e deve ser feita com alguma regularidade.

O primeiro passo é montar uma lista com os principais concorrentes do seu nicho de mercado.

No ramo criativo, pode ser difícil selecionar quais marcas se enquadram — já que é muito amplo e negócios muito diferentes podem se dirigir ao mesmo público.

Arte: Magui

Dê prioridade para artistas do mesmo ramo, com linguagem e estilo parecidos. Se for um empreendimento regional, prefira — em um primeiro momento — analisar profissionais dessa região.

Depois da lista pronta, o próximo passo é definir seu objetivo ou objetivos com a análise: precificação, opções de produtos/serviços oferecidos, atendimento ao cliente, ações de divulgação (se anuncia no Instagram ou manda press kit para influenciadores, por exemplo), se produz conteúdo e qual conteúdo produz…

Enfim, o leque de possibilidades é grande. Escolha um ou poucos objetivos para tornar a tarefa mais dinâmica e específica.

Lembrando que você sempre pode realizar outras análises, com novos objetivos em mente.

O terceiro passo é definir o método de análise. O mais famoso deles é a Matriz SWOT.

Nela, você define as suas Forças (Strengths) e Fraquezas (Weaknesses), que se referem à análise interna do seu negócio, e também as Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats), ligadas à análise externa ao seu negócio: nesse caso, concorrentes.

Mas também pode ser usada para analisar o mercado e o ambiente político, econômico e social em que a marca está inserida.

Se você está começando a se aventurar na pesquisa de mercado e não se sente pronto para usar um método específico, sempre pode recorrer a boa e velha planilha.

Uma sugestão é categorizar seus concorrentes, suas descobertas em cada objetivo escolhido, se a descoberta foi positiva ou negativa e o que você pode tirar disso para o seu negócio.

Você pode se atentar para os comentários nos posts, menções aos concorrentes nas redes sociais (o Social Mention pode te ajudar nessa missão e é gratuito) e até mesmo para as ocorrências no Reclame Aqui.

Não tenha receio de pesquisar seus concorrentes. Há grandes chances de eles já estarem pesquisando você.

A análise da concorrência não só te dará ferramentas para melhorar o seu negócio (reconhecimento de pontos fracos) e te mostrará caminhos de oportunidades ainda não explorados, mas também te ajudará a definir um dos pontos chave de quem empreende:

Qual é o seu diferencial?

O que você faz melhor que a maioria no mercado criativo? Por que alguém deve comprar de você e não de outra pessoa?

Essas perguntas só poderão ser respondidas após entender o que já está sendo feito, como está sendo feito e as consequências (positivas ou não) dessas ações.

Nesse caso, a aparência importa

A primeira impressão que o público tem da sua marca é muito importante.

Arte: Magui

Comunicar seus valores, criar uma relação com a audiência, estabelecer uma identidade autêntica que converse com seu público-alvo são alguns dos pilares para que essa impressão seja positiva.

Branding é uma estratégia de gestão de marca que visa torná-la única e reconhecível.

Nome, logotipo, embalagem, posicionamento, identidade visual dos canais de comunicação e pontos de venda: tudo isso precisa estar em harmonia para um branding de sucesso.

Além disso, você precisa definir a sua linguagem.

Agora que já definimos um público, qual a maneira mais adequada de se comunicar com ele?

A linguagem é muito mais do que falar de maneira formal ou informal.

Envolve também o tipo de conteúdo que você pode produzir (formatos e temas), os memes e referências que você pode usar, as palavras para se dirigir à audiência, a estrutura das respostas aos comentários (e às reclamações, se houver).

Marketing pago versus Marketing orgânico

Existem dois grandes campos do planejamento de marketing: o pago e o orgânico. O ideal é que você tenha estratégias que abarquem os dois, já que um complementa o outro.

O Marketing Pago consiste nas ações em que há investimento de capital direto para obter algum tipo de retorno: reconhecimento de marca, engajamento nas redes sociais, vendas, entre outras possibilidades.

Inclui os anúncios em redes sociais; parcerias com influenciadores; e até ações mais tradicionais, como comerciais de rádio e TV, banners, outdoors, panfletos, etc.

Para quem pensa que é muito difícil anunciar nas redes sociais, fica o conselho: com R$ 6 por dia você já consegue anunciar no Instagram.

Claro que quando o investimento é maior, a tendência é o resultado acompanhá-lo. Mas não é uma regra.

Incentivo você, artista, a dar uma chance e testar algumas campanhas nas redes sociais.

Tenha paciência: no primeiro momento, você precisa realmente testar para descobrir o que funciona.

Todas as dicas dadas anteriormente serão chave aqui — um público bem definido, uma estética única para o design e uma linguagem adequada para a construção dos textos.

A Resultados Digitais tem conteúdos bem detalhados para quem deseja aprender a criar anúncios no Instagram.

O Marketing Orgânico, por outro lado, não tem capital envolvido diretamente e funciona especialmente no mundo digital.

Seu público irá conhecer seu trabalho de uma maneira mais sutil e com mais chances de uma conexão duradoura.

O objetivo é oferecer material rico para sua audiência, seja informação, diversão, estética, interação…

Ela precisa sentir que vale a pena acompanhar seu trabalho, que você é uma autoridade e domina o assunto, e que existe uma comunidade engajada em formação.

Manter um blog, produzir vídeos, participar de conteúdos de outros profissionais, produção de conteúdo nas redes sociais: tudo isso pode estar incluído na sua estratégia orgânica.

Apesar de ser uma iniciativa que dará resultados a longo prazo, é muito importante para o fortalecimento de um relacionamento forte com seu público e para legitimar todos os aspectos que tornam a sua marca autêntica.

Empreender não pode ser um ato solitário, mesmo se apenas você cuida do seu negócio.

Participe das conversas que se relacionam com sua área de atuação, comente em outros perfis, crie laços e interaja com outros profissionais do ramo criativo.

A Valejo oferece uma rede conectada de pessoas criativas, educação empreendedora por meio de workshops e outras iniciativas. É um espaço rico para construir networking, parcerias e amizades na área. Venha ser criative!

Vamos juntes!

Escrito por: Natacha Moreira

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