Quando falamos de criatividade, a primeira coisa que nos vem à mente são os lados positivos. Afinal, pessoas criativas tendem a ser mais valorizadas, ao menos, é o que parece…
Vire e mexe, encontro uma vaga cujo um dos requisitos é “ser criativo” ou “criar pautas e conteúdos criativos”.
Mas, pouquíssimas pessoas falam dos lados ruins da criatividade.Estou falando de algo além do bem conhecido: o temido bloqueio criativo. Se você é uma pessoa criativa e que trabalha com isso, irá se identificar com esse texto. Caso não seja, mas conheça alguém assim, leia esse texto para entender melhor essa pessoa.
Da explosão ao esgotamento
Para pessoas criativas, às vezes acontece um BOOM de criatividade.
Esses momentos bons de ócio criativo em que o tédio acaba sendo um solo fértil as ideias faz com que tudo flua de maneira prazerosa. As ideias se encaixam harmoniosamente, como um lindo quebra-cabeça.
Esses momentos são incríveis, mas o problema é o depois.
Após essa explosão de ideias, acabamos nos sentindo os gênios da criatividade, mas isso não dura muito tempo. Aquela tempestade de criatividade acaba, e você se vê no beco sem saída.
Quando isso ocorre, é normal tentar dá um tempo dos pensamentos, deixar a cabeça descansar para que ela fique pronta para a próxima explosão. Mas vivemos em um mundo capitalista — sim, eu sei, isso pode ser um choque para algumas pessoas — a produtividade extrema é valorizada até demais.
Sem mais explosões, ficamos forçando nossa mente a trabalhar, gerando esgotamento ou, como os empresários chiques gostam de chamar, burn out.
Quando acontece um esgotamento o ideal seria parar tudo. Um descanso é mais do que bem-vindo nessa hora. No entanto, as contas não param, ninguém pode ligar para companhia de luz e falar “não estou conseguindo ser criative nesta semana, será que dá pra deixar o boleto pra mês que vem, beijo!”.
Então ficamos estagnados, sem vontade de criar, apenas seguindo o fluxo e torcendo para que as coisas melhorem.
Quando você tem A ideia, mas a execução…
É satisfatório quando após dias sem nenhuma novidade aparece “A ideia”. Ela é tão incrível, tão perfeita, que traz um novo fôlego para o trabalho.
Se passam horas de planejamento, preparando cada milímetro dela, lapidando como um diamante raro. Mas aí, a realidade bate na sua cara.
A execução não chega aos pés da sua ideia original, essa ideia que tinha te deixado tão animade, acaba virando sua maior chateação. Suas próprias expectativas eram muito altas e foi por isso que você se decepcionou.
O motivo para isso ter acontecido são vários. Às vezes, a sua ideia precisava de mais amadurecimento ou ela não recebeu o apoio que necessitava — seja financeiro ou moral — ou você mesme se agarrou demais aos planos das ideias e esqueceu de uma das principais regras dos criatives.
A ideia sempre vai ser melhor do que a prática.
Depois desse tombo, é normal querer desistir de ter outro projeto, mas respire fundo, uma ideia fracassar não é o fim do mundo.
Quebrar a cara por causa disso pode ser bom, assim você prepara terreno para a próxima ideia, suas expectativas serão mais realistas no futuro.
Uma dica minha é controlar suas expectativas e ter noção do seu tamanho.
Por exemplo, quando escrevo um texto para o Medium, meu perfeccionismo ataca. Eu quero deixar o texto perfeito e estou sempre achando que esse vai ser “O” texto. Mesmo depois de publicado, eu fico caçando erros sabendo que eu poderia ter feito melhor.
É nesses momentos que meu lado racional me ajuda: “cara, é só um texto para a internet, não é um livro do Tolkien”, penso.
Obviamente, é preciso se dedicar a qualquer projeto, mesmo sendo pequeno. Contudo, se você enxergar esse projeto maior do que realmente é, só irá criar decepção.
Ninguém entra no mundo criativo já arrebentando a boca do balão, isso leva tempo e muitas ideias fracassadas.
Apoio moral é legal,mas não basta
Para que as ideias saiam do papel, é preciso apoio.
O apoio moral é importante, ter alguém para ouvir suas ideias para apontar falhas e acertos é essencial. No entanto, ideias para criarem vida, precisam de dinheiro.
Com auxílio financeiro, se tem mais segurança para criar, fica muito mais fácil escrever um livro, por exemplo, sabendo que todas as contas estarão pagas no final do mês.
Claro que existem aquelas pérolas de grandes artistas criando obras incríveis com pouco. Mas esses casos são exceção e não a regra. Eles deveriam ser entendidos como sinal de alerta e indignação e não como um ato de superação.
Afinal, se essas pessoas conseguem fazer grandes projetos sem nenhum apoio, imagina se tivessem financiamento adequado.
Sonhos não viram realidade
Artistas, escritores, diretores, atores, entre outros, são carreiras muito romantizadas.
Quem nunca sonhou em seguir uma dessas carreiras quando era criança?
Parece ser o emprego ideal, encantar as pessoas com sua arte, mudar a vida delas mesmo que em micro escala e, de quebra, ganhar uma boa grana. Já que com a fama vem o dinheiro…certo né?
Pena que a realidade sempre é o completo oposto disso. Na verdade, se você tenta seguir seu coração acaba levando mais tapa na cara do que abraços, principalmente se for um criative no Brasil.
Por vezes, parece que ninguém quer te dar oportunidade, não importa quantos elogios você receba, pouquíssimas pessoas vão querer investir no seu trabalho.
É irônico e hipócrita, valorizamos os artistas que já estão no topo, mas quem olha para quem tá começando?
As pessoas querem consumir produtos criativos, desde que sejam de grandes empresas, isso acontece por diversos fatores que renderiam outro texto, então não vou me aprofundar muito.
Vendo esse lado tão pessimista, talvez surja uma pergunta.
Por que pessoas criativas continuam criando?
Simples, nós não temos escolha, quando se tem uma mente criativa, você não consegue parar de criar, podemos ter hiatos, mas nunca paramos completamente.
Essa é a pior parte de ser criative.
A gente só não consegue parar.
E essa é a melhor parte de ser criative.
A gente só não consegue parar.
Escrito por: Alex Gaeta
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