Mahmundi — Amor Fati

Amor Fati, quarto álbum de estúdio da Mahmundi, mostra a cantora e compositora mais livre, leve, solta e apaixonada

Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!
3 min readMay 24, 2023

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Amor Fati

Mahmundi

Ouça: “Brisa 22”, “Diamante”, “Sem Necessidade” e “Meu Amor Reprise”
Nota: 7.3
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Em preto e branco e de frente pro mar. Essa é a capa de Amor Fati, novo álbum da Mahmundi. De certa forma, a estética da capa mescla a sonoridade do disco: a Mahmundi de antes e a Mahmundi de hoje. A Mahmundi jovial e solar do homônimo (2017), e a reflexiva de Mundo Novo (2020). Em entrevista pra Revista NOIZE, Marcela Vale pontuou sobre o disco e a nova turnê:

“Pra mim é mais o que eu sempre quis ver, eu saio desse processo também falando: mano, o que que eu queria ouvir com 36 anos?”

Amor Fati, segundo a própria cantora, compositora e produtora, é um álbum indie. Embora eu prefira ainda dizer que é pop, como a Mahmundi sempre se mostrou ser. O trabalho flerta com elementos do soul, do funk, do R&B e do reggaeton, e mostra uma Marcela mais livre, leve, solta e apaixonada: “Ela é ‘mó’ gata / Ligo pra nada / Quando tô com ela esse tempo não passa / Ela me amassa, ela me abraça / Toda essa vida antes tava sem graça”, canta ela em “Brisa 22”.

O CD começa com a suingada “Amanhã”, uma parceria de Marcela e do potiguar Filipe Toca, que também colabora na seguinte, “Fugitivos”, juntamente com Bibi, Felippe Lau e Mido; “Versos Não”, de Mahmundi, Qinhones e Rodrigo Cascardo, evoca uma MPB meio Adriana Calcanhotto, Marina Lima; a já citada “Brisa 22” é a faixa que mais conversa com a música pop atual: “Eu tô contigo, bebê / Tô tranquilão com você / Parou o meu trem / Botou pra fuder”; “Diamante” segue o mesmo diálogo, porém com influência de outro gênero: o funk; em “Sem Necessidade”, single de divulgação do disco, Mahmundi une forças a Tagua Tagua num neo-soul-psicodélico, a melhor, sem dúvidas — vale lembrar que o Tagua Tagua também tem trabalho novo na praça, Tanto; “Noites Tropicais”, por sua vez, meio que resume a sonoridade dos 3 álbuns anteriores da carioca recém mudada pra São Paulo; “Pera Aí” traz sintetizadores pulsantes, Lux Ferreira (Duda Beat e rememora o Para Dias Ruins (2018); em “Meu Amor Reprise” a gente lembra da Mahmundi no começo da carreira, porém um pouco mais macdemarquiana — uma boa surpresa, confesso; e, por fim, uma reprise mais rapper de “Sem Necessidade”.

A carioca comentou, ainda na entrevista pra NOIZE, da importância de Felipe Puperi (Tagua Tagua) pra faixa “Sem Necessidade” e, consequentemente, pra sonoridade do álbum como um todo:

“Depois que a gente fez “Sem Necessidade”, percebi que o disco poderia variar entre digital e orgânico, mas que elas se colassem na mix e na master, então o som é meio global. Foi um processo de misturar o orgânico e o digital sem que o público sinta a diferença, sabe?”

E é nessa balança entre orgânico e digital, Rio e São Paulo, velho e novo, amor e desamores (porém mais amor, com certeza), que Mahmundi vai levando a vida e fazendo música. Se entendendo, traçando seus destinos. Amor Fati é um pedaço gostoso desse caminho.

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Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!

Letras/Audiovisual (UFRN); Bolsista na Rádio Universitária de Natal (88.9 FM); Escritora em @youmedancing;