De quantos fracassos se faz o sucesso?

É hora de deixar o medo de lado e assustar o fantasma das falhas

Aerochimps
6 min readMay 28, 2015

“Você vai falhar várias vezes. Mas não desista, você consegue.” Poderia ser um conselho do Bill Gates ou do seu melhor amigo, mas a frase foi dita pelo David Braga, um garoto de 14 anos que fatura R$ 100 mil por mês com sua startup. O “empreendedor mirim”, como é chamado, criou um aplicativo para facilitar a venda e a compra de materiais escolares. A solução já tem quase três mil clientes cadastrados.

Deixa de lado a inveja branda e aquela perguntinha cricrilante de “por que não comecei mais cedo?” para as sessões de terapia e dedica um minutinho para pensar melhor sobre o significado do sucesso. O que é sucesso pra você?

DEFINA SUCESSO

A definição de sucesso é tão particular como a escova de dentes. Cada um tem sua. Mas o ponto de interseção entre elas é que todo sucesso precede de um esforço. O sucesso pode estar nas grandes conquistas, como bater a meta de 20 mil usuários em um ano, faturar o primeiro milhão aos 25, trabalhar e ser remunerado como um dos melhores profissionais do mercado.

Mas o sucesso também está presente nos pequenos momentos: em uma entrega bem recebida pelo cliente e pelo usuário, num feedback positivo de um atendimento, de uma nova feature ou de uma experiência. Sucesso pode ser passar dias quebrando a cabeça para resolver um problema e, depois de muito esforço, finalmente conseguir.

E sucesso pode ser querer muito alguma coisa a ponto de errar uma, duas, três, dez vezes e só parar até conseguir. Sucesso pode ser nunca desistir e até mesmo desistir na hora certa. É você quem define isso. E é você quem trabalha para isso.

A história do David chama atenção porque ele atingiu um objetivo que é o sonho de muita “gente grande”, da mesma forma que os bons resultados do Airbnb e do Uber, por exemplo, encheram nossos olhos e nossos sonhos. A solução que o garoto criou representa aquilo que muitos definem como objetivo final: ter um negócio sustentável, que resolve o problema proposto, conquista clientes e gera lucro. This is the dream, right?

Mas por que será que a gente já abriu o texto falando de falhas?

O QUE É FRACASSO PRA VOCÊ?

Tudo bem, às vezes é bem difícil explicar o que é fracasso. Mas vai dizer que você nunca sentiu bem aí, no fundo da sua língua, o sabor que ele tem. Amargo, espesso, difícil de engolir. A gente sabe disso, você sabe disso e aquele seu colega que começou depois de você, mas já lançou uma solução que está sendo bem aceita pelo público, também. A razão para isso é mais clara do que um copo de água filtrada: todo mundo falha, mais cedo ou mais tarde.

A gente acredita que mais cedo é melhor: porque acelera o aprendizado, porque é mais fácil de contornar e porque te prepara para o sucesso. Já defendemos o Fail Fast por aqui. E defendemos agora de novo porque faz sentido.

Mas o fracasso para o desenvolvimento de software pode ter diferentes impactos e percepções. Isso tem muito a ver com a escolha do processo de desenvolvimento.

Para quem não adota metologias ágeis, a possibilidade de erros é muito mais recorrente. Por outro lado, ao trabalhar com o desenvolvimento iterativo, o fracasso passa a ser um recomeço. Porque existem análises constantes em ciclos curtos, que facilitam enxergar as falhas, consertá-las a tempo e aprender com elas sem precisar jogar o software inteiro no lixo.

DE QUANTOS FRACASSOS SE FAZ UM SUCESSO?

Para algumas pessoas, falhas são fantasmas que assombram as ideias, principalmente aquelas que têm tudo para dar certo, mas vem o medo apitar dizendo que qualquer movimento em falso pode botar tudo a perder. Assim como as falhas acontecem com todo mundo, o medo é presença garantida. Meio novela mexicana, mas com um fundo de verdade.

No entanto, isso só revela a necessidade de tirar as correntes dos pés desses fantasmas e deixá-los livres para irem embora. É verdade que eles voltarão de vez enquanto, para espiar o que você está fazendo, mas — segredo nosso — a ação silencia a resistência e espanta os fantasmas.

A falta de comunicação entre o time pode se transformar numa bola de neve e puxar o projeto montanha abaixo? Sim. Mas você vai deixar chegar a esse ponto? Esse problema é um dos grandes responsáveis por atrasos, descontentamento e desânimo generalizado. Ninguém quer trabalhar num ambiente hostil. Por isso, priorizar a qualidade do trabalho, levando em consideração as pessoas que fazem parte dele, às vezes é mais importante do que o resultado em si. Lembra quando a gente disse que pessoas felizes trabalham melhor? Pois é.

Outro possível problema que pode levar a algum nível de fracasso é a dificuldade de comunicação do time com o cliente. Não conseguir alinhar prazos, expectativas, explicar o processo de trabalho. Mas, assim como o problema anterior, é remediável. E, se não for, sempre existe a possibilidade de chegar ao sucesso acertando o timing da mudança de rota.

Times unidos chegam ao sucesso juntos, normalmente depois de terem travado pequenas batalhas ao longo do caminho.

DE QUANTOS SUCESSOS SE FAZ UM FRACASSO?

Projetos falham, deixam de fazer sentido, tornam-se obsoletos. Mas para cada falha, fica um aprendizado. Sem falar que, antes do fracasso, tiveram várias vitórias. O Orkut foi encerrado, mas ninguém lembra dele como um fracasso (lembra pelas comunidades engraçadas, pelos “só add com scrap”). O Grooveshark foi descontinuado, mas ninguém sai por aí dizendo que a ferramenta “era inútil e já vai tarde”.

Foi errando que a gente aprendeu a alinhar melhor as entregas, a moldar a expectativa de clientes, a ouvir feedbacks. Foi errando que aprendemos a aceitar que, por mais que haja pesquisa, muitas vezes a experiência projetada não vai sair exatamente como o esperado e, por isso, será preciso, sim, recomeçar do zero — e ninguém vai morrer por isso. Foi errando que aprendemos que errar é normal, que faz parte do processo, que educa.

Mas, por mais que as pessoas nos ensinem, algumas coisas a gente só aprende na prática. Então, fica a nossa torcida para que você falhe rápido, aprenda muito e dê a volta por cima.

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