Chances para todos os lados: Brasil pode igualar dia olímpico com mais medalhas na história

Bolha Olímpica
10 min readAug 3, 2021

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Martine e Kahena, na vela; Alison, no 400m com barreiras do atletismo; Isaquias e Jacky, na canoagem; Thiago, no salto com vara; Flavinha, na ginástica; e Abner, no boxe (Fotos: Divulgação, Julio Cesar Guimarães, idem, Wander Roberto/COB, Ricardo Bufolim/CBG e Rafael Bello/COB)

Brasileiros com chance de medalha hoje (de 2 para 3/8)*

CANOAGEM — VELOCIDADE
21h52 Isaquias Queiroz/Jacky Godmann — C2 1000m (semifinal)
23h53 Isaquias Queiroz/Jacky Godmann — C2 1000m (final)**

ATLETISMO
0h20 Alison dos Santos — 400m com barreiras masculino (final)
7h20 Thiago Braz — salto com vara masculino (final)

LUTA LIVRE
0h30 Laís Nunes — categoria até 62kg feminino (oitavas e quartas-de-final)
6h45 Laís Nunes — categoria até 62kg feminino (semifinal)*

VELA
0h33 Martine Grael e Kahena Kkunze — classe 49er FX (regata da medalha)

FUTEBOL
5h Brasil x México — semifinal masculina***

BOXE
5h Beatriz Ferreira x Raykhona Kodirova (UZB) — até 60kg feminino (quartas-de-final)***
6h18 Wanderson de Oliveira x Andry Cruz (CUB) — até 63kg masculino (quartas-de-final)***
6h50 Abner Teixeira x Julio La Cruz (CUB) — até 91kg masculino (semifinal)***

GINÁSTICA ARTÍSTICA
5h50 Flávia Saraiva — trave (final)

*Veja outras participações do Brasil hoje ao fim deste post.
** Caso se classifiquem.
*** Vitórias nas semifinais do futebol, do boxe e da luta livre garantem, ao menos, medalha de prata. Derrota na semifinal do boxe define o bronze. Triunfos nas quartas-de-final do boxe também asseguram, ao menos, o bronze.

Até hoje, na história da participação olímpica do Brasil, o dia com mais medalhas conquistadas é 22 de agosto de 2008, nos Jogos de Pequim. Naquele dia, nada menos que seis pódios foram alcançados pelos atletas brasileiros, com uma particularidade: duas das conquistas só puderam ser comemoradas anos depois, quando os revezamentos 4x100m masculino e feminino no atletismo — que haviam terminado em 4º lugar na pista — receberam medalhas de bronze devido aos casos de doping envolvendo os times jamaicano e russo, respectivamente. As outras conquistas daquele dia foram o ouro de Maurren Maggi, no salto em distância; a prata de Márcio e Fábio Luiz e o bronze de Emanuel e Ricardo, no vôlei de praia; e o bronze do futebol masculino.

Treze anos depois, entre a noite desta segunda-feira, 2, e a manhã de terça-feira, 3 (de Brasília), o País pode repetir aquela façanha. Quatro atletas e duas duplas de brasileiros são cotados para subir ao pódio neste 11º dia de disputa de medalhas na Olimpíada de Tóquio/2020, porém com diferentes níveis de favoritismo e aspirações. A rigor, as únicas favoritas ao ouro são Martine Grael e Kahena Kunze, na classe 49er FX da vela, porém com nível de chances dividido igualmente com a dupla holandesa campeã mundial Annemiek Bekkering/Annette Duetz. Ambos os barcos chegam à regata da medalha com o mesmo número de pontos perdidos (-70) e, caso uma delas vença hoje, será campeã. Outras combinações de resultado também podem garantir o ouro a elas e a duplas de outros três países, em regata que deveria ter acontecido nas primeiras horas de hoje, mas foi adiada por falta de ventos na ilha de Enoshima. Confira a análise das chances das brasileiras chegarem ao bicampeonato olímpico no nosso preview de ontem.

Os outros brasileiros cotados para medalhar hoje são Alison dos Santos, na final dos 400m com barreiras (favorito ao pódio, mas não ao ouro); Isaquias Queiroz e Jacky Godmann, na canoagem de velocidade, e Thiago Braz, na final do salto com vara (candidatos à medalha, mas não necessariamente favoritos); Abner Teixeira, no boxe (com pódio garantido e que pode definir o bronze hoje em caso de derrota — obviamente, a torcida é para que ele passe à final e a cor da medalha siga indefinida 😁); e Flávia Saraiva, na final da trave da ginástica artística. Abaixo, uma análise rápida das chances de cada um deles.

Alison passou à final com o 2º melhor tempo das semifinais. Foto: Wander Roberto/COB

Alison em grande fase

Desde que ganhou o ouro pan-americano em Lima 2019, Alison dos Santos vem detonando o recorde sul-americano seguidamente. A última ocasião foi na semifinal olímpica dos 400m com barreiras em Tóquio, quando marcou 47seg31 e passou à final com a 2ª melhor marca entre todos os competidores e, claramente, se poupando.

O brasileiro foi o campeão da etapa de Estocolmo da Diamond League em 2021 e seu crescimento constante o coloca como favorito ao pódio em Tóquio, mas não ao ouro. Isso porque o norueguês Karsten Warholm é o grande favorito da prova, tendo batido o recorde mundial no mês passado (46.70), além de acumular o bicampeonato mundial dela. O norte-americano Rai Benjamin (melhor marca pessoal e do ano 46.83) e o catariano Abderrahman Samba (melhor marca pessoal 46.98, em 2018) devem ser os principais rivais de Alison pela prata — isso se o “Piu”, como é conhecido, não desbancar o recordista mundial e chegar ao ouro, o que não deve ser descartado.

Isaquias e Jacky tentam superar pouco tempo juntos

Jacky e Isaquias foram bronze em etapa da Copa do Mundo em 2021. Foto: Julio César Guimarães/COB

Isaquias Queiroz formou, ao lado de Érlon Silva, a primeira dupla vitoriosa da canoagem brasileira. Juntos, eles ganharam no C2 1000m, o titulo mundial em Milão 2015, a prata nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e o bronze no Mundial de Szeged 2019, além de medalhas em várias etapas da Copa do Mundo. Contudo, uma lesão no fêmur tirou Érlon da Olimpíada de Tóquio e, desde este ano, o tri-medalhista cinco anos atrás no Brasil compete ao lado do novato Jacky Godmann, de 22 anos.

Mesmo com o pouco tempo juntos, os brasileiros conseguiram o bronze na etapa da Copa do Mundo da Hungria disputada neste ano. Ontem, nas eliminatórias, Isaquias e Jacky não conseguiram vaga direta para a semifinal e tiveram de disputar uma bateria extra — de quartas-de-final — para se classificar àquela etapa da competição. Em entrevista, o “baiano voador” disse que a dupla preferiu se poupar a tentar alcançar os chineses Hao Liu e Pengfei Zheng e os cubanos Serguey Madrigal e Jorge Enriquez, que dominaram a bateria.

Apesar do susto de ontem, Isaquias e Jacky são favoritos a passar das semifinais, às 21h52, e chegar à final olímpica, duas horas depois. Além dos chineses e dos cubanos, os grandes rivais dos brasileiros são os alemães Sebastian Brendel e Tim Hecker, campeões europeus e da etapa da Hungria da Copa do Mundo em 2021 — o primeiro deles venceu Isaquias e Erlon na Rio 2016 com outro parceiro, Jan Vandrey, e também no C1 1000m.

Thiago Braz é dono do recorde olímpico que deu a ele o ouro na Rio 2016. Foto: Divulgação/COB

Quem duvida de Thiago?

Thiago Braz nunca havia saltado acima de 6m, quando ultrapassou o sarrafo na marca de 6m03 na final do salto com vara na Rio 2016 e voou para ganhar o ouro olímpico. Desde então, o brasileiro teve um ciclo olímpico discreto, com marcas baixas e/ou poucos resultados expressivos — a exceção de uma prata na Diamond League em 2019 e títulos de meetings menores entre 2016 e 2018.

Porém, às vésperas da Olimpíada de Tóquio, Thiago conseguiu saltar uma marca competitiva (5m82), no Continental Tour da Polônia, e se colocou de volta como candidato à segunda medalha olímpica. Na classificatória do salto com vara, três dias atrás, 5m75 foi o bastante para o brasileiro se garantir na final, que ocorre na manhã desta terça-feira. A falta de regularidade não o coloca com favorito, tampouco os bons resultados de seus principais rivais neste ciclo olímpico: Armand Duplantis/SUE, recordista mundial (6m18 no Meeting de Glasgow 2020), Renaud Lavillenie/FRA (6m06 neste ano), e KC Lightfoot/EUA (6m cravados também em 2021).

Abner já desbancou dois pugilistas top 7 do ranking mundial em Tóquio. Foto: Gaspar Nóbrega/COB

No mínimo bronze, Abner tenta surpreender cubano

Boa surpresa para o boxe brasileiro em Tóquio, Abner Teixeira, 24, já garantiu, ao menos, o bronze na categoria pesado (até 91kg). Às 6h50, ele encara o favorito cubano Julio La Cruz para seguir fazendo história e ter o direito de disputar o ouro.

O pugilista de Osasco só tinha como resultado de destaque no ciclo olímpico o título do Grand Prix de Usti/RTH, em 2019, por isso, não era cotado para medalha olímpica. Em Tóquio, já superou o britânico Cheavon Clarke, 5º do ranking mundial, e o jordaniano Hussein Iashaish, 7º. Para tentar o ouro, terá de superar ninguém menos que o atual campeão olímpico e tetracampeão mundial dos meio-pesados entre 2011 e 2017 e que subiu de categoria para a disputa em Tóquio. Parada dura para o brasileiro, que já mostrou que não tem medo dos favoritos no ringue olímpico.

Flavinha tenta superar lesão e Biles na final da trave

Flávia Saraiva será a última brasileira a disputar medalha na ginástica artística em Tóquio. Classificada para a final da trave de equilíbrio com a 8ª melhor marca (13.966 pontos), a brasileira sofreu uma lesão no tornozelo nas classificatórias dos demais aparelhos e teve de abandonar a disputa, no domingo, 25. A lesão põe em dúvida o que ela poderá fazer nesta terça-feira, mesmo já tendo sido finalista na Rio 2016 (5º lugar, com 15.133 pontos), no Mundial de Stuttgart (6ª) e na etapa de Cottbus da Copa do Mundo de 2019 (prata).

Além da própria condição física, a brasileira terá com principal adversária ninguém menos que a norte-americana Simone Biles, que desistiu de disputar as finais individual geral, da trave, do solo e das barras paralelas em Tóquio, alegando que o excesso de pressão estava prejudicando a sua condição emocional de competir. Para a última final feminina olímpica, porém, a tricampeã mundial da trave em 2014, 2015 e 2019 confirmou que irá disputar e, se estiver bem, é a grande favorita.

Flávia Saraiva já foi finalista olímpica e mundial na trave. Foto: Ricardo Bufolin/CBG

A existência de outras ginastas, além de Biles, com melhores pontuações em Tóquio e mais frequentes no pódio das principais competições da trave durante o ciclo olímpico — como as chinesas Chenchen Guan (14.933 na classificatória) e Xijing Tang (14.333), a norte-americana Sunisa Lee (14.200 e campeã do individual geral) e a russa Vladislava Urazova (14.200 na apresentação do individual geral e campeã por equipes) — , colocam Flavinha correndo por fora na briga por medalhas.

Mais medalhas podem ser garantidas no futebol, no boxe e na luta

Além das competições que definem medalhas hoje, o Brasil também pode assegurar lugares no pódio no futebol e na luta livre, além de mais dois no boxe, porém não será possível ainda saber a cor dessas medalhas.

No futebol masculino, o time capitaneado por Richarlison e Daniel Alves encara o México na semifinal, às 5h. O Brasil fez uma primeira fase de altos e baixos, incluindo um 1º tempo excelente na vitória por 4x2 contra a Alemanha, um empate frustrante contra a Costa do Marfim por 0x0 e vitórias sem sustos contra Arábia Saudita por 3x1 na 1ª fase, e Egito por 1x0 nas quartas-de-final.

Os mexicanos trazem a campo o retrospecto de terem ganho o ouro olímpico em cima do Brasil em Londres 2012, além da boa campanha em Tóquio, com direito a 4x1 na 1ª fase contra uma França pouco inspirada. Confira mais análises sobre as chances do futebol no nosso preview da modalidade publicado no blog antes da 1ª rodada.

Além do futebol, Beatriz Ferreira, atual campeã mundial de boxe na categoria até 60kg, pode garantir, ao menos, o bronze se vencer a usbeque Raykhona Kodirova pelas quartas-de-final. A brasileira é favorita ao ouro, como analisamos na nossa projeção de medalhas do Brasil em Tóquio. A rival não teve resultados de destaque no ciclo olímpico — seu melhor desempenho foi o 9º lugar no Mundial de Ulan-Ude 2017.

Na categoria leve masculino, Wanderson de Oliveira tentará surpreender o favorito cubano Andry Cruz, nas quartas-de-final para lutadores de até 63kg. O “Sugar”, como é conhecido, teve como melhores resultados do ciclo olímpico o 5º lugar no Mundial de Ecaterimburgo 2019 e o título do Grand Prix de Usti, no mesmo ano. Já o rival é o atual bicampeão mundial entre os meio-médios e baixou de categoria para competir em Tóquio.

Por fim, Laís Nunes tenta surpreender na categoria até 62kg da luta livre. A brasileira, que foi 5ª no Mundial de Budapeste 2018 e bronze nas etapas de Roma e Sassari do circuito Ranking Series 2021, terá um duelo duríssimo na primeira luta: a búlgara Taybe Yusein, campeã mundial três anos atrás. Se vencer mais duas lutas e chegar à final, garante, no mínimo, a prata — para isso, terá de superar, provavelmente, a japonesa Yukako Kawai, cabeça-de-chave número 3 do torneio. Mesmo que perca antes, Laís terá chance de bronze na repescagem no dia seguinte caso sua algoz seja finalista, o que é bem possível.

Outras participações de brasileiros hoje (de 2 para 3/8)

ATLETISMO
21h Alexsandro Melo, Almir dos Santos e Mateus de Sá — salto triplo masculino (eliminatórias)
21h16 Thiago André — 1500m masculino (eliminatórias)
21h20 Jucilene Silva e Laila Férrer — lançamento do dardo feminino (eliminatórias)
22h01 Tiffani Marinho — 400m feminino (eliminatórias)
22h05 Jorge Vides, Aldemir Junior e Lucas Vilar — 200m masculino (eliminatórias)
7h10 Gabriel Constantino, Rafael Pereira e Eduardo Rodrigues — 110m com barreiras masculino (eliminatórias)
7h15 Darlan Romani — arremesso de peso masculino (eliminatórias)
8h50 Jorge Vides, Aldemir Junior e Lucas Vilar — 200m masculino (semifinais)*
* Caso se classifiquem.

VÔLEI DE PRAIA
22h Ana Patrícia/Rebecca x Verge-Depre/Heidrich (SUI) (quartas-de-final)

VELA
0h05 Fernanda Oliveira/Ana Luiza Barbachan — 470 feminina (9ª e 10ª regatas)
0h15 Henrique Haddad/Bruno Benthlem — 470 masculina (9ª e 10ª regatas)
3h33 Samuel Albrecht/Gabriela Nicolino — Nacra 17 misto (regata da medalha)

VÔLEI
1h Brasil x Japão — masculino (quartas-de-final)

HIPISMO — SALTOS
7h Yuri Mansur e Marlon Zanotelli — individual (eliminatórias)

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Blog especializado em projeções e informações sobre o desempenho dos atletas brasileiros no ciclo olímpico e paralímpico de Paris 2024. Editor: Ícaro Joathan