Bluesky abre inscrições e torna-se refúgio para twitteiros desenraizados

Até então restrita a convidados, rede que segue formato do X e Threads pega carona no fenômeno do Super Bowl para apresentar seus trunfos de personalização anti algoritmos, e vê crescimento de base em 50%. É o suficiente para tornar os servidores descentralizados atraentes para as massas?

Eduardo Mendes
4 min readFeb 15, 2024

Para aqueles que estavam saturados da invasão dos Swifties na NFL, o Bluesky criou feeds independentes para a cobertura pré e pós Super Bowl. Bastava não escolher o Taylor’s Version, abastecido por notícias envolvendo o romance entre Taylor e Travis Kelce, e acessar conteúdos somente sobre o duelo entre 49ers e Kansas City Chiefs.

O concorrente emergente do X/Twitter e do Threads pegou carona no mega evento esportivo do fim de semana e aproveitou-se do efeito Taylor Swift para mostrar seus trunfos de personalização anti algoritmos após abrir a rede, até então restrita a usuários convidados.

Nos últimos dias, foram adicionados 1,3 milhões de entrantes, o que significa que a base total cresceu cerca de 50% em uma semana. Mais uma métrica balizadora para o fenômeno Super Bowl, e que ratificou a aposta na estratégia mirando o mainstream.

A plataforma traz a dinâmica das rivais: um feed no qual as pessoas podem postar mensagens de até 256 caracteres, além de fotos e vídeos. A diferença, por sua vez, está no protocolo descentralizado (Authenticated Transport) responsável por permitir que os usuários optem por uma experiência de microblogging que não seja administrada pela empresa.

Ou seja, eles criam uma conta com um determinado nome de domínio e depois ela pode ser transportada para aplicativos que usam a mesma rede. Assim, você sempre levará seus seguidores e conteúdos, diferentemente de como funcionam as redes sociais tradicionais.

O Bluesky também baseia-se nas preferências dos usuários para recomendações, incluindo ferramentas de moderação customizáveis.

Idealizado pelo ex-CEO do X/Twitter Jack Dorsey, em 2019, o Bluesky funciona como uma empresa independente desde 2021, e está programado para quebrar 4 milhões de inscrições no total.

O frisson das conversas entorno da rede dias antes do Super Bowl a colocaram nas manchetes como uma possível sucessora da plataforma comprada por Elon Musk. Talvez, porém, não seja assim.

Por enquanto, o Bluesky tem sido um local de refúgio para pessoas que prosperaram nos apps sociais mais antigos em declínio e, agora, estão saturadas. Condição que não o colocaria para assumir, neste momento, o posto de mídia social do futuro.

Pelo menos, este é o entendimento de Ryan Broderick. Para justificar seu bom argumento, o insider sobre mídia analisou as contas mais populares na rede: depois do perfil oficial do Bluesky, temos Neil Gaiman, o rosto de fato do Tumblr há anos, e, em seguida, aparecem o Washington Post e o New York Times, representando todos os viciados em notícias que foram abandonados pelo X.

“Para ser claro, posso facilmente imaginar o Bluesky cultivando seu público atual de twitteiros desenraizados e mantendo-se estável por um longo tempo. O que eu não consigo imaginar é que a plataforma seja legal — ou seja, apreciada por pessoas jovens e/ou marginalizadas que a utilizam por causa do que ela realmente faz — sem alienar esse público e mandá-lo embora novamente”, argumentou Broderick.

A frustração e a fúria contra o poder dos algoritmos será suficiente para tornar os servidores descentralizados atraentes para as massas? Por ora, nenhum deles conseguiu manter um equilíbrio sustentável entre a escolha do utilizador, a acessibilidade e a moderação.

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Eduardo Mendes

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